As exportações do Grande ABC voltaram a cair, em abril na comparação com março, depois de registrarem crescimento por dois meses seguidos, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Para representantes do setor industrial, a retração, de 9,89% (para o total de US$ 458 milhões no mês passado), mostra que há incertezas em relação ao processo de melhora nas vendas ao Exterior, depois do baque no comércio internacional no fim de 2008.
Apesar da queda em março, nos quatro primeiros meses do ano, o valor de US$ 1,712 bilhão de faturamento obtido pelos sete municípios com o mercado externo ainda é muito melhor (33% mais alto) que o observado em igual período de 2009.
No entanto, essa base de comparação é fraca. Durante os meses iniciais de 2009, fabricantes de veículos, por exemplo, viram o nível de vendas a outros países cair drasticamente, devido à crise de crédito e à recessão em importantes mercados consumidores.
Por sua vez, neste ano, a dificuldade em ampliar as encomendas pode ter relação com a taxa cambial, segundo o diretor titular da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Caetano, William Pesinato. O País tem mantido o real valorizado frente ao dólar. "O câmbio continua sendo empecilho para os exportadores e se o real se valoriza, pode haver queda em valores, mesmo que os negócios se mantenham", afirma.
O empresário e vice-diretor do Ciesp de Diadema, Donizete Duarte da Silva, cita que sua indústria fez exportações, no ano passado, com o dólar a R$ 2,40, e depois perdeu contratos com a moeda a R$ 1,70.
Silva acrescenta que a emissão de certificados de origem (documento obrigatório para os produtos serem exportados e que são emitidos pelo Ciesp) neste ano é bem maior do que a média do ano passado, mas em abril houve queda frente a março, o que pode ter relação com a lenta reação das economias da Europa.
"O movimento (cheio de oscilações) indica que os clientes no Exterior compram para repor estoques, mas a demanda continua baixa. Se voltarem a cair (as exportações), pode se configurar um problema", afirma. Ele ressalta, no entanto, que o volume de encomendas em abril, apesar de ter caído, foi superior ao de fevereiro.
SALDO NEGATIVO - Para o economista do Iedi (Instituto para Estudos do Desenvolvimento Industrial), Rogério César de Souza, os números da região - que é um tradicional polo exportador de veículos - mostram que o Brasil está perdendo terreno no mercado internacional.
Dados coletados pelo Iedi junto ao Ministério do Desenvolvimento mostram que a indústria de transformação (que inclui o setor automotivo) tem reduzido sua competitividade e acumula déficit na balança comercial (exportações menos importações) de US$ 7,1 bilhões no primeiro trimestre.
Números da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), por sua vez, mostram que só em março, as exportações de carros voltaram ao nível pré-crise, de setembro de 2008, depois de caírem quase 50%.
"A expansão das vendas ao Exterior (nesse segmento) vai demorar a ocorrer porque as economias lá fora estão fracas", afirma Souza.
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