O escritor tcheco-francês Milan Kundera manifestou seu apoio a Roman Polanski em uma nota publicada no jornal Le Monde, onde denuncia o "absurdo" da situação do cineasta em prisão domiciliar na Suíça desde 4 de dezembro de 2009.
Negando-se a comentar o aspecto jurídico do caso Polanski, o escritor afirma que a "arte europeia, sua literatura, seu
teatro, nos ensinou a rasgar a cortina das regras jurídicas, religiosas, ideológicas e a ver a existência humana em toda sua
realidade concreta".
"Fiel a esta cultura", acrescenta Kundera, "me nego a ficar cego ante o absurdo da situação de Polanski, perseguido por um ato que ocorreu há 33 anos, que foi há muito tempo perdoado por todos os atores do drama e cujo julgamento prolongado até o
infinito não proporcionará nada de bom a ninguém, a ninguém".
"Se a Europa continua sendo a Europa, se continua sendo herdeira de sua própria cultura, não poderá suportar o silêncio absurdo desta cruel pantomima representada em um chalé suíço", escreve o autor de "A Insustentável Leveza do Ser", que afirmou não conhecer Polanski pessoalmente.
O CASO - Perseguido pela Justiça nos Estados Unidos em 1977 por ter mantido relações sexuais com uma menor, o cineasta chegou na ocasião, depois de 42 dias de prisão, a um acordo com as autoridades, mas precisou fugir para se exilar na França depois de mudança de opinião do juiz.
Polanski foi detido em cumprimento de ordem de captura internacional norte-americana em 26 de setembro, ao chegar a Zurique para receber prêmio por sua carreira no festival de cinema da cidade. Foi libertado em 4 de dezembro sob fiança e se encontra desde então sob prisão domiciliar em seu chalé de Gstaad. O diretor é vencedor do Oscar pelo filme O Pianista.
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