Economia Titulo Negociação
Sindicatos negociam jornada menor

Entidades entregaram documento à Fiesp e não descartam realização de uma greve caso negociação não avance

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13/03/2010 | 07:00
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Sindicalistas liderados pela Força Sindical iniciaram ontem negociação com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) para reduzir a jornada de trabalho para 40 horas semanais sem corte de salários. Depois de protesto em frente à sede da entidade, os trabalhadores entregaram documento, assinado por 50 sindicatos de metalúrgicos, químicos, indústria de alimentos, construção civil e vestuário, entre outros, segundo o qual a diminuição da jornada poderia gerar até 2,5 milhões de empregos.

O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, não descartou a possibilidade de greve caso as negociações com os empresários não avancem. "O Brasil vai crescer 6%, a indústria está operando com capacidade acima de 80%. Ou tem negociação ou teremos greve. Vai ficar mais barato para o empresariado negociar", afirmou. De acordo com os sindicatos, a mão de obra na produção da indústria representa 22% do custo final dos itens, de forma que a diminuição da jornada sem redução salarial teria impacto de 1,99% sobre a fabricação.

Representando a indústria de estamparia, lâmpadas, equipamentos odontológicos, material bélico, móveis de metal e tratamento de superfície, o coordenador da Fiesp Jaime Borges Gamboa contestou os dados do estudo. Segundo ele, a redução da jornada não criará empregos e, se aprovada, representaria aumento de 9,09% nos salários dos trabalhadores, custo que seria repassado ao consumidor.

"A redução de jornada não cria nenhum emprego. Se a economia não estiver crescendo de forma sustentável, não há criação de postos de trabalho. A proposta não é manter, mas aumentar os salários", afirmou. "Muitos países que reduziram a jornada de trabalho estão voltando atrás. Não é o momento adequado para se fazer isso." Há 15 anos no Congresso, a Proposta de Emenda Constitucional 231/95, que reduz a jornada, foi aprovada por comissão especial da Câmara e precisa ser votada em dois turnos pelo plenário. As centrais vêm aumentando a pressão para aprovar a proposta.

Paulinho reclamou que os líderes dos partidos estão evitando colocar a PEC para votação. "Infelizmente a Casa não tem atendido os trabalhadores", afirmou. Já Gamboa mostrou preocupação com o andamento da PEC. "No próprio Congresso não está havendo consenso, mas temos um presidente que é sindicalista e pode ser que ele queira atender esse pleito. Ele tem força para fazer as coisas andarem no Congresso", admitiu.

O gerente do departamento sindical da Fiesp, Marcio Antonio D'Angiolella, recebeu os trabalhadores mas não quis fazer comentários sobre o projeto.




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