Movimentos urbanos, serviços sociais e incentivo aos esportes são algumas das iniciativas de religiões que não se importam apenas com a crença e promovem projetos que beneficiam os mais diversos públicos. São ações desenvolvidas dentro ou fora dos templos e que contemplam pessoas que pertençam ou não a eles.

As iniciativas são disponibilizadas por católicos, protestantes, espíritas, mórmons, entre outros. A Igreja Católica, por exemplo, possui várias pastorais que oferecem serviços à população, incluindo crianças, presidiários, moradores de rua, idosos e deficientes físicos ou mentais, além da Pastoral Afro-Brasileira, da Saúde e dos Migrantes.

Um dos trabalhos dessas pastorais é o Instituto Monsenhor Antunes, na Vila Assunção, em Santo André. Ligado à Paróquia Santa Rita, acolhe moradores de rua. A intenção é proporcionar vida mais digna, com alimento, abrigo e afeto.

O diretor técnico administrativo do local, Roberto Rodrigues, afirma que a instituição abriga atualmente 23 pessoas, sendo que já foram recolhidos pelas famílias mais de 140 indivíduos que passaram pela casa.

Ele ressalta que entre os desafios enfrentados constantemente com trabalho tão delicado, um dos mais complicados é tirar o documento de identificação daqueles que não têm, algo que, devido à burocracia do processo, muitas vezes não é concluído. No entanto, considera a missão gratificante a ponto de superar qualquer obstáculo. “Aqui eles têm dignidade e muitos dos que estão conosco permanecerão até o último dia de vida.”

Rodrigues destaca também que recentemente recebeu doação de computadores e existe projeto de criar uma sala de computação para inserir os internos no meio digital. Segundo a coordenadora do instituto, Rosi Neves, atividades recreativas como artesanato, aulas de culinária, exercícios físicos e eventos motivadores são realizados com frequência. “A cada estação ou data comemorativa fazemos festas e isso os deixa cada vez mais entusiasmados.”

Para Lucimara Barbosa, que mora no local, o espaço é agradável e a faz feliz. “Gosto muito daqui porque é sossegado e tranquilo.” A energia da casa agrada a todos de tal maneira que a idosa residente do local há quatro anos Teresa Machado também deixa claro a satisfação que sente por fazer parte do instituto. “Eu vim para ficar dois meses e acabei morando. É um ambiente muito gostoso e respeitador.”

Mórmons investigam origem familiar e dão aulas de inglês

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecida frequentemente como mórmon, possui uma série de trabalhos voluntários como aulas de inglês, serviços sociais com crianças e idosos, entre outras atividades que beneficiam não apenas os adeptos da religião.

O FamilySearch, por exemplo, é uma iniciativa que possibilita que as pessoas façam pesquisas sobre seus antepassados por meio de site aberto ao público. Basta acessar o site www.familysearch.org e criar uma conta, sem precisar ter qualquer vínculo com a igreja.

“Conhecer os antepassados ajuda a fortalecer os elos familiares”, afirma o presidente do templo, Paulo Toffanelli, além de destacar também que o objetivo da iniciativa é a valorização da família.

Outra ação do grupo é o centro de autossuficiência profissional, também disponibilizado ao público e que está sediado em São Bernardo.

Lá os interessados têm acesso a vagas de empregos e cursos preparatórios. O serviço está disponível também por meio do site www.ldsjobs.org. “O objetivo é que com isso as pessoas fiquem independentes e conquistem o próprio espaço na sociedade”, ressalta a diretora de relações públicas do templo, Claudia Cerda.

Bola de Neve tem skate no templo

A Igreja Bola de Neve possui várias subdivisões denominadas ministérios, com diferentes objetivos e que incentivam diversas atividades. Uma delas é o InTime Skate Culture, que reúne esportes, artes e música. Em agosto, uma competição de skate ocorreu dentro da igreja, localizada na Avenida dos Estados, em Santo André.

De acordo com o pastor Gilberto Aguiar, o Giba, o evento foi gratuito, durou um dia, distribuiu R$ 35 mil em prêmios e reuniu mais de 10 mil pessoas. “Nenhum skatista imaginava que a igreja poderia realizar um campeonato com organização tão perfeita como foi feito. Por trás de nós existe uma estrutura de profissionais que estimularam a competição”, afirmou.

“Eu e meus amigos não víamos a hora de correr na pista. Cheguei lá às 4h”. Contou o colombiano John Alvarez, 19 anos, vencedor do campeonato amador, que levou para casa uma moto. Para Felipe Aguiar, 19, que pratica a modalidade skate caveboard, o evento evolui a cada edição. “Participo de todos os InTimes e esse último subiu muito o nível com toda a batalha e dedicação da galera.”

O evento tem propósito maior que a simples disputa. “Muitos jovens usuários de drogas ficam tão entusiasmados com nossas iniciativas que até mudam de vida”, destacou a coordenadora da ação, Daniela Zamboni.