Economia Titulo Combustível
Imposto menor não evita alta da gasolina na região

Apesar da medida do governo federal em reduzir o imposto que incide sobre a gasolina, o preço do combustível subiu

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
24/02/2010 | 07:01
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Apesar da medida do governo federal em reduzir o imposto que incide sobre a gasolina, a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), em R$ 0,08, no último dia 5, o preço do combustível registrou elevação.

De acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo), a média do custo da gasolina no Grande ABC na semana passada, compreendida entre os dias 14 e 20, estava saindo por R$ 2,48. E antes de a determinação da diminuição do tributo entrar em vigor, na semana entre 31 de janeiro e 6 de fevereiro, era vendida, em média, a R$ 2,44, em média. Ou seja, houve aumento de R$ 0,04, em vez da redução de R$ 0,08.

Para não dizer que o preço do combustível não caiu, na semana entre os dias 7 e 13 de fevereiro, ele subiu para R$ 2,51, e, nos últimos dias, baixou para R$ 2,48, em média.

O fato é que o consumidor está se deparando com alto preço da gasolina e custo desvantajoso do álcool. Para Toninho Gonzalez, presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMRR), será preciso ter paciência para esperar pelo menos 20 dias, quando o preço do etanol deverá começar a baixar, por conta da safra antecipada.

"Logo quando o governo baixou a determinação, recebemos a gasolina com R$ 0,08 a menos, mas esperávamos R$ 0,12, pois R$ 0,08 para a distribuidora é muita coisa, já que ela vende milhares de litros. Mas para os postos revendedores, é pouco", conta Gonzalez, que também é proprietário do Auto Posto Don Pepe, em Santo André.

O consumidor tem que pesquisar, já que em alguns casos é possível encontrar redução no valor. O Don Pepe, por exemplo, baixou R$ 0,10 e o combustível passou a ser vendido a R$ 2,59 - preço atual. "Mas já começou a chegar gasolina R$ 0,03 mais cara desde a semana passada. Isso significa que teremos de repassar ao consumidor", avisa.

Na avaliação de Gonzalez, a culpa não é do governo, mas das distribuidoras, "que põem a mão no bolo primeiro". O Sindicom (Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis), entretanto, informou que não falaria sobre o repasse do desconto da Cide, sob a justificativa de que não comenta a política de preços das distribuidoras.

O Diário contatou três grandes empresas do segmento: a BR Distribuidora, a Shell e a Ipiranga. As duas primeiras afirmaram que repassaram integralmente a redução de R$ 0,08 aos postos. A Ipiranga não retornou ao contato.

No Rimawi Auto Posto, de São Caetano, logo que a medida do governo começou a vigorar, foi repassado desconto de R$ 0,05, baixando o combustível a R$ 2,55. Porém, com o movimento fraco, eles reduziram mais R$ 0,06 e hoje a gasolina sai por R$ 2,49.

"Ainda não nos foi passado nada sobre alteração no preço de nenhum dos dois combustíveis. Enquanto isso, a maior parte das pessoas segue abastecendo com a gasolina", diz o gerente Luis Gonçalo.

No Auto Posto Portal, de São Bernardo, assim como nos outros dois do mesmo cruzamento, conhecido como Três Postos, o custo da gasolina não sofreu alteração. Manteve o mesmo preço de antes da determinação: R$ 2,45. "Não temos nenhuma informação quanto à gasolina, mas o álcool deve baixar pelo menos R$ 0,10 nos próximos dias", avisa o gerente Franklin Santos. Lá, o etanol custa R$ 1,79. (Colaborou Leone Farias)


Sem opção, consumidor abastece com gasolina

Mesmo sem opção, com combustíveis sendo vendidos a preço de ouro, a gasolina ainda é a alternativa mais viável para o bolso do consumidor. A diferença entre ela e o álcool está em 74%. Na relação para descobrir o que é mais vantajoso, a variação entre os custos de ambos não deve passar de 70%.

Segundo os dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo), na região, a média da gasolina está R$ 2,48 e a do álcool, R$ 1,83. Multiplicando R$ 2,48 por 70%, tem-se R$ 1,73. Ou seja, até este valor o etanol valeria a pena.

Para a bancária Karen Teixeira, 40 anos, para o consumidor não houve diferença alguma com a medida do governo em reduzir a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) na gasolina. "Você compra um veículo para economizar e acaba gastando muito mais", desabafa. "Por isso, mesmo com a gasolina mais cara, eu continuo abastecendo com ela porque, pelo menos, o carro rende mais", afirma.

Pelo mesmo motivo, o marmorista Hermes Carvalho, de 28 anos, opta pela gasolina. "Embora eu pague R$ 110 para encher o tanque, o combustível dura uma semana. Com o etanol, gastava R$ 88 e ele era suficiente para cinco dias", conta. "Porém, se aumentar mais, eu volto para o álcool", diz Carvalho.

SEM OPÇÃO
A empresária Niura Infante, 54 anos, possui um automóvel movido a gasolina. "Se eu tivesse um carro flex, estaria mais nervosa ainda com esses preços, porque não teria alternativa. Nós estamos lascados", diz.

Para ela, o posto joga a culpa na distribuidora, que culpa o governo. "Daqui a pouco, o culpado vai ser do consumidor", analisa.

Na contramão da maior parte dos motoristas, a analista de produtos Fabiana Olivari, 29 anos, continua abastecendo com o álcool.

"É por uma questão de poluir menos", afirma. Questionada sobre os gastos maiores para rodar com o veículo, Fabiana diz que prefere pagar a mais, no caso R$ 160 por mês, do que usar a gasolina. "Gasto dois tanques por semana e, de dois meses para cá, sinto que pago em média R$ 20 a mais por tanque." 




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