Setecidades Titulo Violência
Aumentam os casos de
latrocínio no Grande ABC

Roubos seguidos de morte no primeiro bimestre de 2013 já
representam metade das ocorrências de todo o ano passado

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
08/04/2013 | 07:00
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Modalidade criminal que preocupa a Capital há tempos, o latrocínio ressurgiu com força no Grande ABC no primeiro bimestre deste ano. Em janeiro e fevereiro foram 12 casos, mais do que a metade dos 22 ocorridos durante todo o ano passado. Nos dois primeiros meses de 2012, não houve registros. Os dados foram retirados das estatísticas criminais da SSP (Secretaria de Segurança Pública).

Somente no início do mês, ocorreram mais três casos de latrocínio que deverão aumentar ainda mais os índices. A região responde por 75% dos casos de roubo seguido de morte da Grande São Paulo.

A explicação para o aumento das estatísticas é difícil para a polícia. O latrocínio não tem uma causa definida. O objetivo do criminoso é o patrimônio, e o assassinato seria consequência. Depende, na avaliação das autoridades, da postura das vítimas durante a ação. Por esse motivo, a orientação é para que não haja reação.

"Não existe mais aquele ladrão de antigamente", comenta Waldomiro Bueno Filho, delegado seccional de São Bernardo. "O que temos hoje é uma molecada drogada, que perde todas as suas referências de Justiça e pudor e não se contém em ir para o crime mais grave."

"É maldade de ladrão. Somente isso", avalia José Vicente da Silva Filho, ex-coronel da Polícia Militar e especialista em segurança pública. "Entre os criminosos há aqueles que não medem as consequências e não têm dó das vítimas", acrescenta.

Segundo ele, diferentemente de outras práticas criminais, nas quais os bandidos deixam pistas e repetem o modo de atuação, no latrocínio a investigação é individual.

Nos 12 episódios registrados no primeiro bimestre, segundo levantamento do Diário, 11 vítimas foram homens, entre 30 e 45 anos, mortos nas regiões centrais das cidades.

"Não há lógica. A melhor forma de prevenir é fazer rapidamente, pelo menos, o reconhecimento do autor e, assim, centrar esforços para capturá-lo o quanto antes", completa Silva Filho.

Comandante da Polícia Militar no Grande ABC, o coronel Mauro Cezar Ricciarelli garante que o reforço ostensivo vem sendo feito. "Mapeamos todos os casos e reforçamos o policiamento onde há grande incidência."

Especialista cobra revisão da legislação e penas mais severas

A feirante Valdete Maria dos Santos, 38 anos, ainda se lembra do telefone tocando na noite do dia 13 de fevereiro, quando recebeu a notícia da morte do marido, Adeilson de Menezes Cordeiro, 57, baleado em assalto depois de se recusar a entregar aos bandidos o carro que dirigia em São Bernardo. "O que falta? Deus. Só isso. Não tem mais o que falar. Falta Deus a quem faz isso", disse, emocionada.

Assim como ela, as autoridades defendem que os autores de latrocínio tenham penas mais severas. "Hoje o criminoso pouco se importa se pegará três (anos) pelo roubo ou dez pelo assassinato", diz José Vicente da Silva Filho, especialista em segurança pública. "Nossas leis precisam ser revistas, não houve atualização, apesar de a criminalidade ser mais atuante e perigosa", reivindica.




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