Automóveis Titulo Convocação
Recall é um mal necessário
Por Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
17/02/2010 | 07:00
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A convocação da Volkswagen para recall do Gol e do Voyage na semana passada foi o episódio mais recente de uma onda de problemas que sacode a indústria automobilística no mundo. Globalização, descentralização e pressa são alguns dos motivos apontados por especialistas para o crescente número de defeitos de fabricação, inclusive, no Brasil. Mas com investimento em autocontrole e ações rápidas, montadoras tentam reverter prejuízos na imagem e salvar a reputação.

O caso mais emblemático envolve a líder mundial Toyota. Menos de um ano depois de desbancar a General Motors do topo, a companhia - cuja filosofia de melhoria contínua é admirada e copiada em todo o mundo - se viu numa das piores crises em seis décadas de existência ao enfrentar recall de grandes proporções.

Desde o ano passado até este mês, a Toyota chamou de volta a suas concessionárias proprietários de mais de 10 milhões de veículos, principalmente nos Estados Unidos. Foram identificadas falhas em pedal de aceleração de vários modelos - com suspeita de ter causado cinco acidentes fatais. O híbrido Prius chegou a ter a produção suspensa.

Diante do abalo, o presidente da Toyota, Akio Toyoda, apareceu em público para dizer que iria chefiar pessoalmente um departamento de controle de qualidade, justamente o conceito mais perseguido pela companhia.

"Ao se ver prestes a alcançar a liderança mundial, a Toyota, em algum momento, pode ter sido traída pela pressa", avalia o engenheiro Francisco Satkunas, conselheiro do SAE (Socidade dos Engenheiros da Mobilidade). "Isso prova que chegar no topo é uma coisa. Manter-se lá é outra."

No passado, diz Satkunas, a produção era mais verticalizada. "Ao repassar parte de suas atividades a fornecedores, montadoras passaram a assumir os riscos."

Mas os processos de autofiscalização estão bem mais rigorosos. O consultor Paulo Roberto Garbossa, especialista na indústria automobilística, afirma que é salutar o reconhecimento dos próprios erros. "Esta série de convocações pode dar a impressão de crescimento dos recalls, mas demonstra transparência jamais vista."

Além da VW, que convocou 193.620 unidades de Gol e Voyage, Honda e Peugeot já acionaram neste ano donos de Fit e 307 para reparos. Em 2009, ano de recorde de vendas, a indústria convocou 41 recalls no Brasil - representando cerca de 700 mil veículos. Foi o maior número de casos da história no País, superando 2008, com 33 convocações.

Os revendedores avaliam positivamente o recall. "Ao se antecipar a um possível problema de projeto, engenharia ou material, o fabricante joga limpo", diz Sérgio Reze, integrante do conselho da Fenabrave (Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores).




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