Desperdício e prejuízo. Depois da crise que quase compromete seu futuro, estes são alguns dos erros que a Ford certamente não pretende mais cometer. Por isso, toda e qualquer decisão que tomar daqui para diante tem de estar sempre baseada na razão.
Sob este ponto de vista, faz sentido melhorar o visual e alguns aspectos técnicos para extrair mais ainda do EcoSport - até aqui um dos maiores cases mundiais da companhia em termos industriais e de lucratividade.
Tanto que a cúpula da Ford deixou escapar, em jantar com jornalistas brasileiros em Detroit (Estados Unidos), em janeiro, que o utilitário esportivo genuinamente brasileiro será mundial - de plataforma única. Com novo formato, que já está em desenvolvimento, o EcoSport deixará de ser regional para se transformar numa das apostas da Ford, que busca sua reestruturação ao investir em carros de concepção global, mas adaptado a diferentes realidades de países ou regiões.
Criado pelo engenheiro francês Luc de Ferran - que chegou ao Brasil com 4 anos -, o EcoSport já não empolga tanto depois de sete anos de mercado. Mas o veículo que deu a possibilidade ao consumidor local de ter um utilitário esportivo - ainda que sem todo o aparato tecnológico de similiares importados - continua sendo a joia da coroa.
Os novos apelos estéticos apresentados na semana passada, com redução de até R$ 2 mil no preço, têm um só objetivo: fazer o modelo não perder o pique de venda de 4.000 unidades mensais até a chegada do seu sucessor. "Todo nosso esforço de manter o EcoSport atualizado vai nessa direção", disse Antonio Baltar, gerente nacional de marketing da Ford, durante apresentação do modelo 2011 em Maceió (AL).
Feito em Camaçari, o EcoSport divide com o Fiesta a linha na fábrica baiana, que produz cerca de 240 mil veículos por ano. O utilitário é exportado para toda a América Latina e, só no Brasil, vende cerca de 50 mil unidades anuais. É fundamental para o lucro há 24 trimestres consecutivos da montadora, que ganhou em 2009 US$ 765 milhões na América do Sul, onde o Brasil representa até 80% da operação.
Então, até que o novo EcoSport chegue na plataforma mundial, provavelmente no final de 2012 já equipado com novo motor Sigma, tem uma missão a cumprir. Até lá, fica assim, inclusive com o antigo motor Rocam.
A estratégia não deixa de ser arriscada, já que o Hyundai Tucson está no encalço do EcoSport e ameaça lhe tomar a liderança, ainda mais agora que está sendo produzido em Anápolis (GO). Pela confiança, a Ford parece saber do risco que corre, e segue em frente.
TEST DRIVE - Que ninguém se engane. A sensação de dirigir o modelo 2011 é igual ao do 2006, 2007, 2008... É certo que foram feitas mudanças estéticas internas e externas, ruídos foram diminuídos, mas fica a velha impressão.
Na orla das belas praias de Maceió (AL), dirigimos o EcoSport 1.6 Flex na versão FreeStyle - existe ainda a XL nesta motorização. Para quem não exige muita potência, o propulsor até que cumpre seu papel - rende 106,6 cavalos (álcool) e 101,2 (gasolina) a 5.500 rpm.
A XL é oferecida ao por R$ 49,9 mil, a FreeStyle a R$ 57,2 mil. O preço sugerido é uma peça de ficção, pois em tempos de competição acirrada, o mercado acaba ajustando o valor do veículo.
Fiesta terá 2 gerações no País
Com o Fiesta, a Ford vai experimentar uma tática já bem explorada por montadoras concorrentes. O hatch terá duas versões convivendo no mercado: o modelo produzido em Camaçari e o novo Fiesta, que será importado do México.
O carro feito na Bahia passará por reestilização neste ano e deve ficar semelhante ao Figo, que é vendido no mercado indiano. Ao não descontinuar o atual Fiesta, a Ford passa a adotar os mesmos artifícios da Fiat, que tem gerações distintas do Palio convivendo, da Volkswagen, com o Gol, e da General Motors, com Corsa e Classic.
Este tipo de tática leva em conta o poder de compra de uma parcela dos consumidores, que prioriza o custo-benefício de um carro novo em detrimento da atualização.
Com dois modelos convivendo no mercado, a Ford também quer aproveitar para aumentar seu market share - a exemplo de seus concorrentes. Ao importar o novo Fiesta do México - que também poderá vir a ser produzido no Brasil - a empresa aproveita ainda para cobrir uma lacuna em seu portfólio, numa faixa de preço que vai de R$ 35 mil a R$ 50 mil.
A geração feita no Brasil fica com o atual motor Rocam, enquanto a nova chega com a nova família Sigma.
A Ford tem por hábito não fazer projeção sobre crescimento e aumento de participação nas vendas no mercado brasileiro, mas com dois modelos convivendo juntos é provável que a montadora suba sua vendagem.
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