FAbbrica Italiana Automobili Torino (Fábrica Italiana de Automóveis de Turim). Este é o significado da sigla Fiat, uma das principais montadoras do mundo, fundada em 1899, na Itália - como o próprio nome denuncia. No Brasil, a montadora líder absoluta de vendas há sete anos - a caminho do oitavo - está localizada na cidade de Betim (MG) desde 1973 e é a única das quatro grandes - juntamente com General Motors, Ford e Volkswagen - que não ‘reside' no Grande ABC.
Atualmente, a montadora conhecida por trazer ao mercado brasileiro produtos inovadores, como a Strada cabine dupla - primeira picape pequena para quatro ocupantes - , é presidida por Cledorvino Belini, 60 anos. E o executivo, que traz na bagagem história que se mistura com a da Fiat no País, tem conquistado cada vez mais espaço junto ao Grupo Fiat e, atualmente, nesta comentada fusão com a combalida Chrysler.
Na semana passada, após anunciar investimento de R$ 1,8 bilhão em 20 novos produtos para 2010, Belini revelou que a Fiat assumirá a contabilidade da Chrysler no País, tarefa antes sob responsabilidade da Daimler, ex-sócia. No entanto, ele destacou que as duas marcas continuam com estratégias mercadológicas independentes.
Confira agora a entrevista exclusiva com Cledorvino Belini, realizada no Rio de Janeiro. Atencioso e bem-humorado, o palmeirense que está à frente da Fiat no segundo mercado mais importante para a marca - atrás apenas da Itália - falou sobre sua trajetória na Fiat e revelou o segredo de como manter-se líder de vendas durante ‘quase' oito anos.
AUTOMÓVEIS - Fale sobre sua trajetória antes de chegar à Fiat Automóveis, em 1987.
CLEDORVINO BELINI - Comecei na área de sistemas e métodos, desenvolvendo sistemas na área de Peças de Reposição. Depois passei a responsável pelo Departamento de Peças de Reposição da Fiat tratores. Naquela época, sequer existia a Fiat Automóveis. Em 1976, como Fiat Allis, fiz diversas atividades. Fui responsável por vendas de tratores no Brasil, responsável por suprimentos e planejamento de produção. Rodei todas as áreas. Até que, em 1987, recebi um convite para vir para a Fiat Automóveis como diretor de compras, onde fiquei até 1993.
AUTOMÓVEIS - E como foi a caminhada até a Presidência?
BELINI - Entre 1994 e 1997 fiquei como diretor comercial e, depois, passei um ano na Holding. Em seguida, assumi a presidência da Magneti Marelli do Brasil. A partir de 2004, tornei-me diretor-presidente da Fiat Automóveis. Depois, em 2005, diretor-presidente da Fiat do Brasil. E agora, mais recentemente, também estou ocupando uma cadeira no GEC (Conselho Executivo da Fiat Group), que toma as principais decisões no mundo.
AUTOMÓVEIS - O sr. atribui a que sua nomeação ao GEC?
BELINI - Considero que o Brasil ganhou muita importância, o que fez com que o País ganhasse uma cadeira, passasse a participar das principais decisões do Grupo Fiat.
AUTOMÓVEIS - Como será sua participação no GEC?
BELINI - Acredito que só o tempo dirá! É óbvio que eu represento a América Latina e, por isso, vou buscar atrair investimentos para a região.
AUTOMÓVEIS - O que o sr. tem a dizer sobre a parceria com a Chrysler?
BELINI - As questões profundas da Chrysler estão sendo tratadas em nível mundial. Pela Chrysler. Não sabemos efetivamente o que será. O que existe realmente são dois mercados com características diferentes de produtos; eles têm produtos de alta gama de veículos potentes e nós temos os veículos compactos e médios. Então há uma sinergia neste sentido.
AUTOMÓVEIS - O que faz a Fiat ser líder de mercado nos últimos sete anos?
BELINI - Não existe um segredo, mas alguns fatores importantes. O primeiro é antecipar-se ao mercado e entender a percepção dos consumidores. O segundo é desenvolver produtos que atendam às expectativas desses consumidores. Fazer produtos modernos, com tecnologia e alta qualidade, além, é claro, da competitividade.
AUTOMÓVEIS - Como o sr. enxerga o atual momento do mercado brasileiro?
BELINI - Vejo um mercado muito bom, que cresceu e evoluiu muito rápido, que duplicou nos últimos cinco anos. E o Brasil tem uma oportunidade imensa de crescer ainda mais, pois temos um automóvel para cada 7,5 habitantes. A Europa tem um automóvel para cada dois habitantes. E, à medida em que tivermos uma melhor distribuição de renda, o que está ocorrendo, naturalmente haverá uma tendência de o mercado evoluir.
AUTOMÓVEIS - Qual a visão da Fiat Itália sobre a Fiat Brasil?
BELINI - Enxerga com bons olhos, como não poderia ser diferente. Hoje somos uma empresa consolidada. Uma empresa com potencial para desenvolver novos produtos. Uma ótima rede de concessionários e um processo industrial que nos torna a maior fábrica da Fiat, onde fazemos cerca de 3.000 carros por dia.
AUTOMÓVEIS - Qual a autonomia da Fiat Brasil no que tange a desenvolvimento de novos projetos e tomada de decisões?
BELINI - As decisões sobre novos produtos são tomadas em nível mundial. É lógico que existem as características específicas do mercado brasileiro e, a partir daí, elas se juntam às características globais e é traçado um plano de produto.
AUTOMÓVEIS - Como a Fiat sobreviveu à crise econômica?
BELINI - Quando chegou a crise, a primeira coisa que todo mundo fez foi pisar no freio, cuidar do caixa, defender, digamos, a sustentabilidade da empresa. E nós conseguimos agir com extrema rapidez, o que gerou bons resultados. Baixamos os estoques rapidamente - chegou até a faltar carro nos meses de fevereiro e março -, mas conseguimos superar tudo isso.
AUTOMÓVEIS - Muitos lançamentos para 2010?
BELINI - Sem dúvida. Nós temos sempre muitas surpresas agradáveis. Temos um plano de produtos bastante ousado e vamos continuar neste caminho seja com lançamentos seja consolidando os investimentos que vão até 2010 - plano de R$ 5 bilhões em investimentos.
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