Economia Titulo Crescimento
Vendas de caminhões atingem recorde
Por Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
26/10/2009 | 07:00
Compartilhar notícia


Impulsionado pela redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e programa de financiamento do governo federal, o mercado nacional de caminhões já faz movimento de gangorra se comparados os dois semestres de 2009. Enquanto o primeiro desabou em média 30% em razão da crise mundial, o segundo segue viés de alta.

Para garantir a continuidade das vendas, as montadoras vão pedir hoje ao ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, a prorrogação dos empréstimos e redução do IPI, que tem prazo para acabar em 31 de dezembro. Miguel Jorge faz, às 14h, a abertura oficial da Fenatran (17º Salão Internacional do Transporte) no Anhembi, em São Paulo, que ontem apresentou lançamentos à imprensa especializada.

Com desconto de até 5% no IPI e juros fixos do Finame PSI (Programa de Sustentação do Investimento), que caíram de 13% para 7% ao ano, frotistas e autônomos passaram a ter vantagem de quase 14% no preço final do veículo. Com isso e a retomada da atividade econômica, as empresas passaram a fazer compras e cotações, principalmente, no segmento de pesados e extrapesados, que chegou a cair até 50% desde o fim do ano passado com a crise mundial.

"O governo federal tem de ter a sensibilidade para esticar este programa, que apresenta ótimos resultados", afirmou Antonio Dadalti, diretor comercial da Iveco. "Caso contrário, o mercado pode não se sustentar a partir de janeiro de 2010."

GRANDE ABC - Concentrando cerca de 50% da produção de caminhões e ônibus da América do Sul, a recuperação deste mercado tem impactos imediatos sobre a economia do Grande ABC. "A questão principal seria a retomada do nível do emprego, que gera muita renda na região", afirmou o diretor-geral da Scania, Christopher Podgorsky, cuja produção está concentrada em São Bernardo do Campo.

A Scania, que abriu plano de PDV (Plano de Demissão Voluntária) e encerrou um turno de produção, já avalia a contratação de temporários. A Mercedes-Benz anunciou, recentemente, a contratação de 1.200 empregados - 850 novos e 350 temporários.

O que dificulta ainda a retomada do pleno emprego na região é a queda drástica nas exportações. "A venda externa simplesmente morreu em alguns mercados", afirmou Podgorsky, ao comentar queda de até 80% de exportações, principalmente, do Leste Europeu. Na Argentina, o mercado interno é 50% inferior ao de 2008. No ano passado, a Scania destinava ao Exterior 65% da sua produção.

Realizada a cada dois anos, a Fenatran reúne nesta edição 335 expositores do Brasil e do Exterior - dos quais 64 fazem sua estreia no evento. Direcionada a todo o setor de transporte e logística da América Latina, a feira mostra inovações em produtos e tecnologia.

Veículos pesados de última geração, implementos, peças e equipamentos ficam expostos de hoje até sexta-feira no Anhembi, que também dá espaço para empresas mostrarem a potencialidade do transporte de cargas e variedade das operações logística, segurança e redução de custos.

A feira é uma grande oportunidade para a indústria retomar força num instante em que o mercado nacional reage. O mercado interno consegue absorver parte da produção que era destinada ao Exterior. Os executivos avaliam que o mercado, que reúne veículos entre 3,5 até 74 toneladas, feche este ano com 110 mil unidades contra 125 mil caminhões comercializados no ano passado. Para 2010, a previsão é que as vendas possam retormar os níveis do ano passado.

Apesar da queda, 2009 já pode ser considerado o segundo melhor ano da história do setor no País. "O resultado tem de ser plenamente comemorado, se levarmos em conta que o resto do mundo desabou", afirma Bernardo Fedalto, gerente da Volvo, que tem fábrica em Curitiba e atua nos segmentos de pesado e semipesados.

A empresa produziu 14,5 mil unidades no Brasil e espera fechar este ano com 10 mil unidades, com a maior parte voltada para venda no mercado externo. Os setores de mineração, cana-de-açúcar e madeira vêm se recuperando e já fazendo encomendas.

Ford vai investir R$ 370 milhões no América do Sul

O presidente da Ford no Brasil e América do Sul, Marcos Oliveira, anunciou ontem investimento de R$ 370 milhões em produtos, produção e estratégia de distribuição de caminhões. A maior parte dos recursos será aplicada entre 2010 e 2013 em São Bernardo do Campo, onde a montadora produz e desenvolve a engenharia de sua linha de caminhões vendidos no mercado brasileiro e sul-americano.

"Estamos anunciando estes investimentos porque confiamos, principalmente, na força da economia brasileira e na retomada dos mercados na América do Sul", afirmou Oliveira, que não quis detalhar o valor investido e quais produtos pretende lançar com os novos recursos.

Segundo ele, o montante será investido com capital gerado no Brasil e região, que há 22 trimestres consecutivos (cinco anos e meio) geram lucros para a montadora.

O presidente disse que a Ford não descarta a hipótese do segundo turno em São Bernardo do Campo. A medida, porém, só será tomada quando o mercado interno, que caiu 12% para a montadora neste ano, e as exportações que despencaram até 50% na América do Sul, se recuperarem. "Evitamos falar em prazo para não gerar uma falsa expectativa", disse Oliveira. O diretor de assuntos corporativos da Ford, Rogelio Golfarb, lembra que o planejamento para o início de mais um turno já está pronto. "Quando o mercado der o sinal, podemos implantar", disse.

MERCADO - Nos últimos dois anos, a Ford ampliou em 40% o número de revendedores no País. Está presente em 119 cidades e pretende fechar o ano com 125 concessionárias, abrangendo todo o território nacional. Na América do Sul, com 22% de share, a marca disputa a liderança nos segmentos de caminhões médios com a Volkswagen, que agora é de propriedade da MAN.

No mercado interno, a empresa deteve, até setembro, 18,8% das vendas, que representam 21 mil caminhões. Oliveira afirmou que a Ford pretende, com os investimentos, se fortalecer e ampliar sua fatia de mercado onde tem mais força, nos caminhões leves e médios, apesar de também disputar o segmento de pesados.

No planejamento de longo prazo, a Ford prevê que a capilaridade do modal rodoviário será suprida por caminhões médios.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;