Economia Titulo BNDES
Grande ABC consegue neste ano R$ 304 milhões do BNDES

Banco não desampara empresários durante a crise;
volume gera aumento no faturamento das empresas

Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
18/10/2009 | 08:03
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Empresários do Grande ABC não ficaram desamparados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) durante a crise econômica. Se por um lado os repasses não cresceram, por outro também não tiveram grandes cortes. Pelo menos é o que apontam os dados de empréstimos da entidade pública à região.

Embora a base de comparação não seja equivalente - os números disponíveis referem-se de janeiro a dezembro de 2008 e de janeiro a agosto de 2009 - é possível verificar que o montante liberado neste ano, R$ 304,1 milhões, soma pouco menos da metade que o emprestado em todo o ano passado, R$ 626,6 milhões.

Ainda assim, alguns municípios apresentam valores superiores até agosto aos repassados durante 2008, levando-se em conta a localização das empresas. É o caso de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

Em Rio Grande ocorreu situação à parte para que, de R$ 148,9 mil em 2008, saltasse a R$ 1,03 milhão até agosto. "Houve a transferência de uma indústria de médio porte de massas alimentícias de São Bernardo para a cidade", revela Roberto Anacleto dos Santos, coordenador de projetos da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC.

Mas não foi só isso. Assim como em Ribeirão Pires, houve aumento de repasses a micro, pequenas e médias empresas. Considerando os empréstimos concedidos por meio do cartão BNDES - ferramenta voltada a empreendimentos de menor porte que funciona como cartão de crédito com limite de R$ 500 mil e juros a 0,98% ao mês -, em Rio Grande eles passaram de R$ 8.300 em 2008 para R$ 33 mil até agosto. Em Ribeirão, de R$ 300 mil foram para R$ 600 mil.

Santo André e São Bernardo também já ultrapassaram, com R$ 5,5 milhões frente a R$ 4,1 milhões em 2008 e R$ 7,2 milhões ante R$ 5,5 milhões no ano passado, respectivamente.

Em outra modalidade, chamada BNDES Automático, voltada ao desenvolvimento de projetos com juros de 1% ao mês, considerando o mesmo porte de empresas, São Bernardo alcançou R$ 9,8 milhões ante R$ 9,5 milhões em todo o ano passado e, São Caetano, dos R$ 515 mil em 2008 já chegou aos R$ 500 mil.

Se no consolidado do ano os repasses forem menores do que em 2008, Santos afirma que isso se deverá às grandes corporações. "Diversas empresas de grande porte na região, como as montadoras, deixaram de tomar empréstimos por terem sofrido muito com a queda das exportações e, consequentemente, retraíram seus investimentos."

Segundo ele, com base nos repasses do cartão BNDES e considerando que 2009 ainda não acabou e a economia segue se recuperando, as cifras deste ano devem ser maiores do que as de 2008. "O BNDES está sempre disponível. Os entraves para concessão de crédito estão, geralmente, em empresas que têm dívidas com bancos, problemas com o Fisco ou não pagam os impostos de seus funcionários, como INSS e FGTS. Além disso, embora o Banco do Brasil e o Bradesco estejam entre os principais repassadores, costumam negar àqueles que já comprometeram 30% do faturamento bruto anual."

 

Empresas do Grande ABC obtêm recursos do BNDES

A partir do pedido de um cliente, a Press-Hold, fabricante de máquinas de crimpagem de cabos e fios de Diadema, se credenciou no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para aceitar, como forma de pagamento, o cartão da entidade. Quem possui o Cartão BNDES só pode utiliza-lo com fornecedores cadastrados.

Segundo Luiz Nascimento, sócio da empresa de 12 funcionários, essa foi a saída encontrada para financiar seus produtos. "Muitos dos compradores não dispõem dos recursos para comprar em seis vezes, parcelamento máximo que eu posso oferecer. Com o cartão, eles podem dividir em até 36 meses", explica Nascimento, que tem como preço médio máquinas de R$ 13 mil e, entre seus clientes, estão fabricantes de utilidades domésticas e motores.

Ao abrir seu leque de oportunidades, o empresário espera crescimento em torno de 20% sobre o faturamento mensal de R$ 60 mil, chegando a R$ 72 mil.

Carlos Bernardi, proprietário da CTI provedora de soluções de internet da mesma cidade, possui o cartão há quatro anos. "Solicitei quando quase nenhum fornecedor era credenciado no BNDES. Comecei com limite de R$ 50 mil e, hoje, tenho mais de R$ 500 mil e mais de um banco", relata Bernardi.

Para ele, a principal vantagem é poder financiar o investimento em infraestrutura, deixando para pagar a vista ou em menor número de parcelas o que diz respeito à geração de faturamento ou que for de uso imediato. "Antes, pagava por mês R$ 7.500 no aluguel de um transmissor de sinal de internet, chamado enlace de radiofrequência. Com o cartão, pude financiar um (equipamento) pagando R$ 2.500 por mês. Hoje, já tenho três deste."

Bernardi conta que, com as facilidades que a ferramenta lhe proporcionou, a empresa, de 26 funcionários, triplicou de tamanho. Seu faturamento, que em 2005 era de R$ 80 mil, hoje supera os R$ 500 mil.

CAPITAL DE GIRO
A Renifer Sistemas de Automação, fornecedora de soluções de automação penitenciária de Santo André, está pleiteando empréstimo para capital de giro da ordem de R$ 2,5 milhões.

Segundo seu proprietário, Antonio Jacomini, ele só não conseguiu antes o crédito porque estava com dívidas em diversos bancos. "Todo o caminho das pedras foi dado pela Agência de Desenvolvimento Econômico. Tive problema com a patente do meu produto e eles me encaminharam para a Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos), onde obtive o atestado de exclusividade nacional. Ainda não recebi o montante do calote que levei, mas ao menos cheguei ao BNDES", diz Jacomini.

A Renifer ganhou licitação para instalar seu programa de automação na penitenciária de Bangu, no Rio de Janeiro, e está concorrendo em outra para bloqueador de celular.

Jacomini espera quadruplicar no ano que vem o faturamento, que hoje é de R$ 1,5 milhão por ano.

 




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