Os spreads bancários devem seguir em queda, mesmo com o aumento da inadimplência. Dados do Banco Central apontam crescimento nas taxas de atraso nos empréstimos em prazos superiores há 90 dias, que ficou em 8,6% em junho para pessoas físicas e em 3,4% para pessoas jurídicas. No primeiro caso, é a maior taxa desde 2004; já no caso das empresas, trata-se do maior resultado desde 2000.

Para Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, esse crescimento do índice de inadimplência ainda reflete os efeitos da crise financeira internaciona.O executivo, no entanto, aposta em uma melhora a partir do segundo semestre deste ano. "Acredito que em 2010 voltaremos aos patamares anteriores à crise", afirmou Setubal.

A prova disso, segundo ele, está no fato de o Itaú Unibanco ampliar sua participação no mercado de crédito para micro e pequenas empresas - um dos grupos mais afetados pela dificuldade em quitar suas dívidas. "Sabemos que teremos dificuldade no curto prazo, mas também temos certeza que a economia brasileira voltará a crescer em breve e que as micro e pequenas empresas terão papel fundamental nesse crescimento", explicou Setubal. "Este será um investimento de longo prazo."

Setubal explicou que não há razão para que o Brasil pratique spreads em patamares diferentes dos praticados internacionalmente. "Para isso, precisamos apenas adequar as questões dos depósitos compulsórios e dos impostos sobre as intermediações financeiras", afirmou.

Para ele, algumas taxas de juros praticadas por bancos públicos não são sustentáveis. "É preciso remunerar o capital, o lucro é necessário para aumentar a oferta de crédito. Com as taxas praticadas atualmente por alguns bancos, não é possível manter o aumento da carteira de crédito de forma saudável", explicou.