Política Titulo CPI
Imagem externa da Petrobras resiste
03/08/2009 | 07:08
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As investigações do Senado sobre a Petrobras são consideradas insuficientes para abalar a imagem da companhia no exterior, apesar do desconforto trazido pela instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a companhia, conforme avaliam analistas de instituições financeiras internacionais.

Com o agravamento das denúncias contra a estatal, o presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, chegou a demonstrar preocupação com a imagem da petrolífera no exterior. Contudo, os especialistas acreditam que, na prática, os efeitos das polêmicas envolvendo a Petrobras no campo político sobre a sua atividade e acesso a financiamentos, lá fora, são mínimos.

Hoje, as atenções dos investidores estrangeiros estão, na verdade, voltadas para outros temas, como o novo modelo regulatório, os custos e o índice de sucesso na exploração do cobiçado pré-sal. O sucesso da empresa na atividade, nos últimos anos, também contribuiu para que a Petrobras conquistasse uma boa reputação no exterior, circunstância que leva as denúncias de caráter

político para segundo plano.

"Curiosamente, a imagem da Petrobras fora do Brasil é melhor do que aqui. Ela é vista como líder na exploração de águas profundas e uma das contratantes mais duras do mercado. A maior parte dos prestadores de serviço diz que é muito difícil ganhar dinheiro trabalhando para a Petrobras. Isso é um grande elogio, na minha visão", observa o analista do Banco UBS Pactual Gustavo Gattass.

Analistas de Londres enxergam a CPI como uma disputa política interna entre governo e oposição, sem forças para estremecer a atual visão favorável do setor no Brasil. "As discussões da CPI ainda estão restritas ao plano doméstico e não tiveram a mesma repercussão aqui fora", afirma Alejandro Chacoff, analista da consultoria Control Risks. Segundo ele, a instalação da CPI, cujos trabalhos devem começar em 6 de agosto, não gerou preocupação entre os investidores estrangeiros e nem é vista como uma ameaça aos negócios da Petrobras no momento.

Para Carlos Caicedo, chefe para a América Latina da consultoria Exclusive Analysis, as investigações no Senado só afetariam os investidores estrangeiros se resultassem na exclusão da estatal como principal operadora do pré-sal, como forma de punição para eventuais irregularidades.

No entanto, ele diz que tal desdobramento é altamente improvável, pois esse não é o interesse do governo, que tem maioria na comissão.

Sediado no Brasil mas em contato direto com investidores de fora do País, Gattass, do UBS, também entende que as denúncias não foram suficientes para arranhar a imagem da Petrobras, mas ressalta que, dependendo do resultado dos trabalhos da CPI e de suas repercussões - como uma eventual saída de Gabrielli do comando da empresa -, a comissão ganharia importância aos olhos dos investidores estrangeiros.

Por enquanto, diz ele, "há muita confusão e dúvida sobre o que está acontecendo". "Mas infelizmente há também uma visão que o governo brasileiro é fonte de surpresa constante e que nem sempre as coisas são sérias", afirma.

A analista Anisa Redman, do HSBC em Londres, admite que as acusações não são positivas para a imagem da empresa. No entanto, não acredita que a CPI possa ter consequências graves ou abalar financeiramente a Petrobras. Para ela, o maior risco para a Petrobras são as eleições presidenciais de 2010, pelo potencial uso político da companhia durante a campanha.




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