Cultura & Lazer Titulo Música
Livros reacendem polêmica sobre Simonal
03/08/2009 | 07:01
Compartilhar notícia


"O que se conhece do Simonal é a casca. Uma casca interessante, mas só." A afirmação do jornalista Ricardo Alexandre põe nova lenha na fogueira da discussão sobre a trajetória do ícone da música popular brasileira na década de 1960 e é alvo de dois livros que se propõem a ir mais fundo na vida do cantor.

Depois do documentário Ninguém Sabe o Duro que Eu Dei, de Cláudio Manuel, reabrir o baú de polêmicas em torno da fama, do apogeu e do ostracismo a que Simonal foi submetido, Alexandre, 34, mergulhou na biografia do músico para revelar as histórias antes da fama, além de revolver questões não resolvidas no filme. Já o historiador Gustavo Ferreira, 28, utiliza a história do cantor como janela para contextualizar o período da música popular brasileira em que Simonal viveu o seu auge.

"O espectador sai do filme com uma versão totalmente errada", provoca Alexandre. Em seu Nem Vem Que Não Tem - A Vida e o Veneno de Wilson Simonal (Editora Globo), que deve chegar às bancas em setembro, o jornalista usou como base mais de 100 depoimentos, além de uma extensa pesquisa. "Há erros históricos, como a relação de Simonal com a Shell (empresa de que foi garoto-propaganda e que teria rompido o contrato depois de atrasos e faltas do cantor a compromissos), pivô da polêmica. Ouvi todos os departamentos da empresa até esclarecer essa parte." O relato do contador Raphael Vivani, que no documentário afirma ter sido espancado a mando de Simonal, também é contestado. "História errada. Mais, ainda não posso contar."

Alexandre reconhece que o livro foi feito com o filme em perspectiva. "Muitos casos têm a participação dos envolvidos, mas eles não são verdadeiros, porque quem contou teve uma visão parcial, e não porque teria havido má-fé."

Segundo o pesquisador, "fãs de Roberto Carlos vão ter um redirecionamento da posição do cantor em relação ao Simonal e do envolvimento dele com a polícia política da época". O trabalho foi permeado pelo apoio dos dois filhos de Simonal, que hoje vivem no mesmo universo artístico, Max de Castro e Simoninha.

A ausência de referências sobre Simonal instigou o historiador carioca Gustavo Alonso, autor de Simonal - Quem não Tem Swing Morre com a Boca Cheia de Formiga. Ainda sem data de lançamento (pela Editora Record), o livro discute o período entre as décadas de 1960 e 1970 a partir da carreira e da exclusão do artista. "Simonal serviu como bode expiatório perfeito: negro, popular, massacrado pela mídia e com aquele jeito marrento."




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;