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Central de doação de órgãos não sai do papel
Vanessa Fajardo
Do Diário do Grande ABC
05/06/2009 | 07:52
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Um ano depois de anunciar interesse em instalar uma OPO (Organização de Procura de Órgãos) no Grande ABC, a Secretaria Estadual de Saúde ainda não tem prazos de quando haverá o investimento.

A Pasta informou que até o momento as dez OPOs do Estado (quatro na Grande São Paulo e seis no Interior) são suficientes para atender à atual demanda. A principal vantagem da organização é agilidade no processo de captação dos órgãos, o que facilita os transplantes.

Atualmente, os sete municípios estão ligados a duas OPOs da Capital, que enviam equipes aos hospitais quando um potencial doador é notificado.

Há um ano, a secretaria informou que o governo tinha interesse em aumentar o número de OPOs, mas não havia cronograma estabelecido nem lista de regiões ou cidades a serem contempladas.

Para o superintendente do hospital estadual Mário Covas, em Santo André, Geraldo Reple Sobrinho, a OPO é necessária à medida que cria-se a demanda. "Fazemos a captação de até três órgãos por mês, mas somos um hospital-escola e poderíamos aumentar o número do Grande ABC. Não sei se as pessoas estão sensibilizadas em todos os hospitais."

Na ausência das OPOs, os hospitais estaduais da região (Mário Covas, em Santo André, e Serraria, em Diadema) possuem equipes internas treinadas para atuar na doação e transplantes de órgãos. "Grande parte dos médicos não sabe quais são os passos para identificar um possível doador. Só um diagnóstico clínico não é suficiente. Esta equipe é preparada até para abordar a família", explica Reple.

Aumento - O número de transplantes de órgãos no Estado de São Paulo cresceu 53% nos cinco primeiros meses deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. O resultado foi favorecido pelo pico de doações registradas em maio, 68 no total, contra uma média mensal de 54 doadores de janeiro a abril. De janeiro a maio houve 793 transplantes de órgãos, contra 518 no mesmo período de 2008.

 

Mulher furou fila de transplantes e mudou diretriz ministerial

Uma moradora de São Bernardo mudou a história do transplante de fígado no Brasil. Em novembro de 2006, a farmacêutica Eliane Lopes Jimenes, hoje com 43 anos, furou a fila do transplante após ser autorizada pela Justiça por meio de uma liminar.

Havia 635 pessoas na sua frente. E se tivesse de esperar a ordem cronológica para ser transplantada, provavelmente não sobreviveria. A farmacêutica desenvolveu uma doença autoimune chamada cirrose biliar iniciada na gravidez, há 18 anos. Foi o terceiro transplante pelo qual passou. Antes da última operação, perdeu 100% do fígado, rins e pulmões chegaram a parar de funcionar, sofreu vários edemas cerebrais e entrou em coma.

Além de retomar a rotina, não descuidar da medicação diária e investir nas aulas de hidroginástica para fortalecimento, atualmente Eliane encabeça uma nova batalha: está criando uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que atenda crianças vítimas de violência sexual e suas famílias. Ela diz que o episódio mudou seu olhar sobre a vida. "Dou muito mais valor às pequenas coisas que no cotidiano não nos parecem importantes."

A permissão dada pela Justiça para que Eliane furasse a fila permitiu que o Ministério da Saúde revisse as regras para o transplante de fígado. Hoje a prioridade passou a ser dos pacientes com maior risco de morte e as cirurgias deixaram de acontecer de acordo com a cronologia. "A lei era errônea e cerca de 60% das pessoas morriam na fila."




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