Economia Titulo Queda de 20,8%
Crise financeira abate setor de máquinas e equipamentos

Sem participação de instituições financeiras, feiras especializadas estavam com corredores 'abandonados'

24/05/2009 | 07:00
Compartilhar notícia


O desempenho do setor de bens de capital, formado por fabricantes de máquinas e equipamentos, é o retrato mais fiel da retração dos investimentos da indústria brasileira. Depois de 22 trimestres de altas consecutivas, o setor amargou uma queda de 20,8% no primeiro trimestre, sem perspectivas de melhora substancial. A carteira de pedidos, ainda com projetos antigos, está minguando cada vez mais, com nível baixíssimo de encomendas.

O clima de baixo-astral esteve presente numa das maiores feiras do setor de máquinas e ferramentas ocorrida em São Paulo, na semana passada. Nos corredores do evento, o que mais chamava a atenção, além das moderníssimas máquinas, era o grande número de estudantes diante da presença reduzida de compradores. Por isso, qualquer venda, por menor que fosse, era amplamente festejada e divulgada.

Embora contasse com 1.300 expositores, a feira não conseguiu atrair nenhum banco privado, ao contrário do que ocorreu em outras edições. "Acho que seria meio constrangedor para as instituições financeiras participarem da feira e negarem todos os pedidos de crédito", brincou um dos expositores. Apenas o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) esteve no evento.

A Indústrias Romi, uma das líderes do setor de máquinas, também participou da feira com 17 equipamentos em seu estande. Para afastar o pessimismo do mercado, a empresa não abriu mão de lançar nova geração de produtos, com tecnologia mais moderna.

A esperança é diminuir um pouco os prejuízos do primeiro trimestre. O número de novas encomendas está 60% menor que em igual período do ano passado, afirma o diretor de comercialização da empresa, Hermes Alberto Lago Filho.

Segundo ele, os segmentos de produção intensiva ligados aos setores automotivo e agrícola ainda estão bastante indefinidos, sem programação de médio e longo prazo. A única área que tem salvado o nível de atividade é a de energia, excluindo o setor sucroalcooleiro. No caso de petróleo, gás e energia elétrica, ainda existe alguma demanda, diz Lago Filho. Ele comenta que, embora a produção tenha caído de forma expressiva, a empresa vem tentando manter sua estrutura.

Para manter a mão de obra especializada, resultado de muito investimento em qualificação nos últimos anos, a Romi decidiu reduzir a jornada de trabalho. Em vez de três turnos, como antes da crise, os funcionários agora trabalham apenas quatro dias por semana. "Não podemos abrir mão desses trabalhadores, nos quais investimos tanto nos últimos anos."




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;