Paulo Eugenio não responde questionamentos da reportagem sobre crise que se arrasta há 10 meses
Vice-prefeito e secretário de Saúde de Mauá, Paulo Eugenio Pereira, se recusou ontem a falar com a reportagem do Diário sobre a crise da Saúde do município, que se arrasta há dez meses e atinge o paroxismo na precariedade de infraestrutura e atendimento de sua principal unidade, o Hospital Doutor Radamés Nardini.
Interpelado quando saía da reunião com os demais secretários de Saúde da região em encontro sediado durante a manhã no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, em Santo André, o titular da Pasta nada declarou sobre os problemas do setor na cidade.
Perguntado sobre como a administração pretende construir um pronto-socorro, uma das saídas apontadas na última reunião dos prefeitos no Consórcio, ou sobre a situação do hospital e dos motivos pelos quais o município não elaborou o relatório técnico solicitado pelo Ministério da Saúde, que viabilizará possível socorro do governo federal, Paulo Eugenio preferiu o silêncio.
A tentativa de entrevista para ouvir explicações da maior autoridade de Saúde do município começou no saguão da entidade e terminou, sem sucesso, à frente de um estacionamento em rua contígua.
A atitude do secretário demonstra a apatia com que o governo Oswaldo Dias (PT) vem tratando o tema. Até o momento, a "reforma funcional" anunciada pelo prefeito no início de seu mandato, em janeiro, não foi realizada e também não houve qualquer atitude concreta de pedido de auxílio aos governos estadual ou federal.
A crise na Saúde de Mauá se agravou no segundo semestre no ano passado. Seu ápice foi marcado pelo desabastecimento de remédios e materiais médico-hospitalares, falta de profissionais e muita demora para atendimento da população.
De concreto, por ora, nenhuma ação tomada pelo Executivo foi capaz de trazer determinante melhora no serviço. Algumas falhas ainda podem ser percebidas, como a longa espera por uma consulta, o baixo estoque de produtos e o quadro reduzido de pessoal.
Atendendo a recomendação do secretário, o Diário enviou as perguntas sobre o atendimento, mas a administração não se pronunciou.
Reunião - O coordenador do grupo de trabalho e secretário de São Bernardo, Arthur Chioro, afirmou que no encontro entre os administradores de Saúde da região, não foram discutidos problemas específicos de cada cidade, apenas a formatação e planejamento da equipe.
Pacientes apontam falta de materiais em hospital
Juliana Ravelli
O risco de contaminação no Hospital Doutor Radamés Nardini, em Mauá, está longe do fim. O motivo é simples: faltam materiais básicos de higiene pessoal e limpeza, como sabonete e álcool. A denúncia foi feita por familiares de pacientes revoltados com a situação.
Ao que tudo indica, as últimas vistorias realizadas pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) em novembro não foram suficientes para que o problema fosse solucionado. Na ocasião, os relatórios encaminhados ao Ministério Público mostravam falhas na infraestrutura, sujeira e risco de contaminação entre profissionais e pacientes.
A ajudante geral Ana da Silva, 28 anos, afirmou que assustou-se quando soube que não havia álcool para limpar o colchão em que a filha de sete meses dorme há cinco dias. Além disso, explica que teve de levar sabonete para dar banho na criança e complemento alimentar para engrossar o leite dado no hospital.
"Não tem álcool nem sabão para lavar as mãos para entrar na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Só lavamos com água", afirmou a dona de casa Elaine Ferreira Monteiro, 26, que tem o pai de 51 anos internado no local.
Sem solução - A falta de materiais médico-hospitalares e remédios, que afeta os equipamentos de Saúde de Mauá, se arrasta há pelo menos nove meses. A situação se agravou quando a Home Care - empresa responsável pelo gerenciamento e distribuição - rompeu contrato com a administração por falta de pagamento.
Em janeiro, o Diário publicou reportagem em que profissionais reclamavam sobre a estrutura precária do local. No início do ano também faltavam esparadrapos, linhas para suturas e fraldas geriátricas, entre outros produtos.
A Prefeitura de Mauá informou que não há registro de falta de materiais de limpeza no Nardini. Anteontem, "temporariamente, houve falta de sabonete líquido e vaselina, mas a administração providenciou reabastecimento".
O fato teria ocorrido devido à compra dos produtos ser realizada em caráter emergencial, o que depende da regularidade na entrega por parte dos fornecedores.
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