Setecidades Titulo Transportes
Ir de trem do ABC até
a Luz vira tormento

Obras de modernização na estação e aumento de usuários
na Luz forçam CPTM a manter o trajeto até concluir estudo

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
10/12/2011 | 07:00
Compartilhar notícia


A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos estuda manter de vez o Brás como estação inicial da Linha 10-Turquesa (Brás-Rio Grande da Serra), que serve o Grande ABC. As obras de modernização da Estação da Luz, que motivaram a mudança, estão concluídas. Mas agora ela recebe média de 147 mil passageiros por dia com a integração à Linha 4-Amarela do Metrô (Luz-Butantã). O número é alto, e outras obras de modernização podem impedir mudanças estruturais.

A CPTM diz que faz pesquisa com parte dos cerca de 403 mil pessoas que usam a linha nos dias úteis desde o início das obras na Luz e a mudança do ponto inicial da linha para o Brás, em outubro. Mas parte dos usuários não aprova o novo itinerário, principalmente os que moram na Capital e trabalham na região.

"Agora minha viagem demora mais. Antes, era mais cômodo pegar o trem na Luz. Se a ideia era facilitar, eles complicaram", disse o vendedor Rodrigo Candiotto, 37 anos, que trabalha em Santo André.

"Trabalho no Bom Retiro e muitas vezes a baldeação do Brás à Luz fica lotada. Só consigo embarcar no terceiro trem", disse a assistente de qualidade Janaína Vilas Boas, 30, moradora do Jardim Santo André.

A Estação Brás é a mais movimentada do transporte sobre trilhos, com média de 150 mil passageiros diários, a maioria usuários da Linha 11-Coral (Expresso Leste), que é necessária para ir do Grande ABC à Luz.

Para alguns moradores da região, no entanto, o serviço ficou melhor. "Para quê ir até a Luz? Temos acesso rápido à Avenida Paulista e ao Metrô. Melhorou", disse o manobrista Rodrigo Neiva, 27, morador do Jardim Bela Vista, em Santo André.

Desde que passou a oferecer a baldeação com a CPTM, a Linha 2-Verde (Vila Prudente-Vila Madalena) saltou para cerca de 214 mil usuários diários. Desses, 45 mil vêm dos trens que servem a região, encurtando a interligação do Grande ABC com o Metrô em cerca de 30 minutos. Mais movimentada do sistema, com cerca de 967 mil passageiros, a Linha 3 (Barra Funda-Itaquera) tem acesso pelo Brás.

"Tenho que ir à Luz e realmente o trem vem cheio. Mas uso o Metrô e gasto só uns dez minutos a mais", disse a vendedora Sabrina Souza, 23, que sai de São Caetano para trabalhar na região do Bom Retiro.

Estações da região vão receber melhorias

Prefeito Saladino e Utinga serão as duas primeiras estações da região a serem reconstruídas no processo de modernização do sistema de trens em São Paulo. A CPTM abriu o edital para a elaboração dos projetos na segunda-feira, e o orçamento é de R$ 4,3 milhões. A abertura dos envelopes está marcada para janeiro e as obras devem ser iniciadas em oito meses. Guapituba e Ribeirão Pires também tiveram edital aberto, com custo do projeto avaliado em R$ 2,8 milhões.

O processo faz parte do plano do governo estadual em adequar a rede ferroviária ao padrão do Metrô. A companhia diz que já foram investidos R$ 244,4 milhões em obras nas estações da Linha 10 e no trajeto, o que vem causando lentidão em alguns trechos.

Atualmente, demora cerca de 40 minutos da Estação Santo André, a principal da região, ao Brás. A CPTM quer reduzir esse tempo em 25 minutos com o Expresso ABC, que ligará a Luz a Mauá e terá menos paradas.
O investimento no projeto é de cerca de R$ 1,5 bilhão, em modelo de parceria público-privada. O primeiro trecho, entre a Capital e Santo André, está programado para ser entregue em 2014. RR

Expresso Tiradentes reduz tempo da viagem

Os usuários que vêm em direção ao Grande ABC por meio da Linha 3-Vermelha do Metrô têm feito elogios ao sistema de baldeação atual. Ao descer na Estação Pedro II, a pessoa tem de pegar o Expresso Tirantes até a Estação Sacomã, onde é necessário utilizar ônibus intermunicipal para ir até a cidade de destino, pagando mais uma tarifa. Antes da inauguração do Expresso Tiradentes, em 2007, a única forma de fazer esse trajeto era de ônibus. Os passageiros afirmam que o novo trajeto tem trazido diminuição no tempo de percurso.

"Era muito pior. Vou até o Sacomã e faço uma baldeação só. Quando tinha que fazer isso de ônibus era bem mais complicado, porque ia parando direto e em dias de trânsito demorava muito para chegar em casa", afirmou Vanessa Caetano, 26 anos.

Willians Porfiro, que é deficiente visual, ainda não conhecia o sistema, mas ontem aprovou quando utilizou pela primeira vez. "É a primeira vez que estou fazendo a baldeação, mas não tive problemas e achei um trajeto fácil", relatou. (Cadu Proieti)




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;