Economia Titulo Grande ABC
Crise internacional trava comércio exterior da região em novembro
Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
22/12/2008 | 07:05
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A escassez de crédito, a instabilidade do dólar em relação ao real e o desaquecimento do consumo no País e no Exterior, que vieram com a crise financeira internacional, afetaram negativamente os números do comércio exterior do Grande ABC em novembro.

Enquanto as vendas ao Exterior dos sete municípios somaram US$ 557,8 milhões, número 22,9% menor do que no mês anterior, as aquisições de itens de outros países totalizaram cerca de US$ 400 milhões, retração de 21%.

Embora no acumulado do ano (de janeiro a novembro), as exportações (US$ 6,49 bilhões) ainda estejam 10% acima do alcançado no mesmo período de 2007, a retração no mês é considerada exagerada. O mesmo vale para as importações, que somaram US$ 4,69 bilhões nos primeiros onze meses de 2008, alta de 36%.

O dado mensal reflete, entre outros fatores, o cenário de volatilidade (oscilação das cotações) do câmbio e o pânico que tomou conta dos mercados, segundo o diretor do Departamento de Economia do escritório do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo, Roberto Giannini.

O dirigente, que é empresário do ramo químico, explica que a dificuldade de fixar preços paralisou o movimento de ‘internalização', congestionando os terminais dos Portos. "Num dia o dólar estava a R$ 2,50 e no dia seguinte caia para R$ 2,30, se eu tirasse a mercadoria com o valor no pico, corria o risco de o mercado não pagar", explicou.

Outro empresário e diretor do Conselho da regional do Ciesp de Diadema, Walter Bottura Júnior, acrescenta que a insegurança em relação ao futuro também leva a adiamento de planos de investimento. Com isso, há redução nos negócios de importação de máquinas e equipamentos.

Houve ainda dificuldade de obtenção de créditos no Brasil e no Exterior, tanto para exportar quanto para adquirir insumos de outros países.

Para Júlio Gomes de Almeida, professor de Economia da Unicamp e ex-secretário de Política Economia do Ministério da Fazenda, o obstáculo da falta de linhas para exportação, que restringiu a oferta foi relativamente superado. "O problema que persiste é pelo lado da demanda", avalia.

Almeida destaca que a região, um pólo industrial que tem como forte a produção de veículos, teve as exportações afetadas por motivo diferente do que prejudicou a balança comercial do País. "No caso brasileiro, perdemos valor de exportações porque os preços das commodities (como minério de ferro e petróleo) caíram", disse.

No caso do Grande ABC, que praticamente não tem commodities na pauta de produtos exportados, mas sim manufaturados (carros, por exemplo), o que aconteceu foi que a economia não cresceu, segundo o economista.

S.Bernardo é 4º maior exportador do País

A queda no valor das exportações em novembro frente a outubro não impediu que, de janeiro a novembro, o Grande ABC se mantivesse como um dos principais pólos brasileiros de vendas de produtos ao Exterior - principalmente em função do segmento automotivo.

Mesmo com o dólar desfavorável no início do ano, São Bernardo - que representa quase 70% das receitas obtidas na região com encomendas a outros Países - ampliou em 10,27% o valor exportado (somou US$ 4,3 bilhões), e segue na quarta colocação no ranking nacional dos maiores municípios exportadores.

Grande parte desse montante se deve à montadoras de veículos. Como exemplo, o principal item exportado pela cidade foram caminhões, que totalizaram US$ 802,5 milhões em vendas ao mercado internacional. Foi 17% mais do que o negociado nos mesmos 11 meses de 2007.

E o segundo produto mais exportado foram chassis de ônibus, que tiveram receita de US$ 593 milhões, número 23% superior ao de igual período do ano passado.

Em outras cidades da região, o segmento automotivo também dominou a pauta. Santo André, que está em 57º no ranking do País, tem pneus novos para caminhões e ônibus como produto mais vendido a outros países. Somaram US$ 225 milhões em faturamento, o que significou aumento de 11%.

São Caetano, que registra maior incremento das exportações no ano entre as sete cidades (com alta de 34% frente aos nove meses iniciais de 2007), tem como destaque os veículos médios (de 1.500 a 3.000 cilindradas). O item representa 48% (US$ 329 milhões) do que a cidade vendeu a outros países.




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