Os produtos mais consumidos pelo brasileiro sofreram as maiores altas durante 2008. Arroz, feijão, carne bovina e de frango, macarrão e óleo de soja, entre outros, ficaram mais caros por conta, em grande parte, da crise de alimentos que inflacionou os preços no primeiro semestre deste ano. Como conseqüência, a cesta básica no Grande ABC passou a custar 19,3% a mais em comparação a 2007.
"Esta é a maior variação observada nos últimos três anos. Após o boom dos preços do arroz e do feijão, quando a situação inflacionária foi estabilizada, os preços tinham de cair, mas não foi o que aconteceu. Eles não foram reduzidos o quanto deveriam", afirma Joel Guerra, técnico agrícola da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André).
De 2006 para 2007, a oscilação no custo dos alimentos foi de 7,55%. De 2005 para 2006, a variação foi negativa, ou seja, os produtos ficaram mais baratos.
Embora tenha havido alguns fatores, como estiagem, nenhum deles foi suficiente para interferir no custo dos alimentos, diz Guerra. No caso do feijão, que encareceu 97,07% (R$ 2,05) do ano passado para este, o especialista acredita que o preço do grão tenha embarcado na alta do valor da soja, quando passou a ser procurada para a produção de biocombustíveis. O óleo de soja, por conseqüência, apresentou a segunda maior alta dos componentes da cesta básica: 39,96% (R$ 0,83).
Comprar carne bovina, tanto de primeira quanto de segunda, também pesou mais no bolso. "Durante 2008, faltou gado para abater. O que para o produtor é interessante, pois produzindo menos, o frigorífico paga mais para ele. Isso vem acontecendo desde o ano passado, e o consumidor acaba pagando mais caro por isso", explica Guerra. A carne de primeira sofreu elevação de 21,04% em seu custo, ou seja, R$ 2,01. Já a de segunda aumentou 33,42%, ou R$ 2,09.
A carne de frango sofreu acréscimo de 23,17% em seu preço, custando R$ 0,65 a mais. "Com a carne bovina mais cara, o frango torna-se a segunda opção. Com o aumento pela procura, os produtores subiram os preços".
Já o arroz, cujo custo foi reajustado em 26,24% (R$ 1,67) neste ano, segundo o especialista não há motivo aparente para a alta, a não ser pelo fato de todos os insumos utilizados na plantação de hortifrutigranjeiros serem importados. "Com a alta do dólar, é possível que tenha influenciado no valor final do produto", acredita.
Em relação aos hortifrutigranjeiros, Guerra conta que a variação dos preços é muito grande durante o ano. "Cada dia os supermercados vendem os itens a algum valor diferente. Portanto, o peso que eles têm na composição da cesta básica é pequeno".
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.