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Crise é vantagem para turismo interno
Por Juliana de Sordi Gattone
Diário do Grande ABC
14/12/2008 | 07:01
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Mesmo diante da crise econômica, o ministro do Turismo, Luiz Barretto, tem visão otimista em relação ao desempenho do mercado interno no setor para este verão e réveillon.

Segundo ele, com a desvalorização cambial e a alta do dólar tornou mais caro investir em viagens internacionais, o que deve fazer o consumidor do turismo migrar para os pacotes nacionais. "Viajar para os Estados Unidos a R$ 1,50 o dólar é bem diferente do que a R$ 2,50. O trade turístico tem de fidelizar esse cliente e aproveitar a chance de comparar a evolução."

Outro fator apontado por Barreto como forma de atrair adeptos ao turismo brasileiro é a necessidade de adaptar produtos à nova classe média.

O ministro também fala do início da classificação dos hotéis, com projeto-piloto no Rio de Janeiro, e da adoção de cruzeiros para dar sustentabilidade à hospedagem durante a Copa de 2014.

DIÁRIO - O sr. continua acreditando que a crise mundial criará oportunidades para o turismo interno, já que o Banco Central apontou queda de 32% nos gastos de brasileiros no exterior?
LUIZ BARRETTO - Acredito. Os dados vão nessa direção. Temos expectativa que no verão e réveillon teremos crescimento no mercado doméstico. Com a desvalorização cambial tornou-se mais caro viajar para fora e, assim, o estrangeiro também virá. Por isso, teremos um verão mais positivo do que no ano passado. Há procura maior por pacotes. Adotamos conjunto de medidas para diminuir efeitos da crise e, agora, o Brasil enfrentará esse momento melhor do que no passado. Temos R$ 25 milhões adentrando no mercado de consumo, mas voltados para carros, eletrodomésticos e celulares. O brasileiro não tem como hábito por o turismo na prateleira de consumo.

DIÁRIO - O sr. cita que o turismo não está na prateleira do consumidor brasileiro. No entanto, na alta temporada, os destinos brasileiros são um dos mais caros do mundo.
LUIZ BARRETTO - Posso dizer que o turismo brasileiro não é o mais caro do mundo. O que temos de fazer é diversificar o produto, para que todos se adaptem à nova classe média. Um exemplo é a CVC, que já faz tentativa de política mais ampla.

DIÁRIO - Recentemente foi lançada a campanha ‘Se você é brasileiro, está na hora de conhecer o Brasil' como forma de incentivar o turismo doméstico. No entanto, haverá o desafio de enfrentar a concorrência de destinos internacionais, com promoções tentadoras. Como o Ministério agirá?
BARRETTO - Pegando essa onda de valorizar. Enfrentaremos as promoções em melhores condições. Viajar para os Estados Unidos a R$ 1,50 o dólar é bem diferente do que a R$ 2,50. O trade turístico tem de fidelizar esse cliente e aproveitar a chance de comparar a evolução.

DIÁRIO - Apesar de todo o investimento e empenho do governo, o Brasil só consegue atrair cinco milhões de estrangeiros por ano.
BARRETTO - O número está correto, mas alcançou esse índice no governo Lula. Dobramos o número. Deus foi muito camarada em proporcionar destinos maravilhosos no Brasil, que tem um povo hospitaleiro. O problema é que estamos no Hemisfério Sul, a 12 horas da Europa e dos EUA, de onde vem o turista de longa distância. No mundo, a média de viagem é de cinco horas. Então, o Brasil não disputa 100% do mercado mundial, só 30%. Fizemos trabalho com a Embratur e alcançamos esse crescimento. Também mudamos a qualidade do gasto do turista aqui. Em 2003, deixavam US$ 2,3 bilhões no País em 2003. Neste ano, deixarão US$ 5.5 bilhões no Brasil. Aumentou número e qualidade. Por isso, temos de fixar a imagem do Brasil no turismo. Nós somos o oitavo do mundo em captação e eventos de negocio. São Paulo é a cidade das Américas que mais capta neste setor.

DIÁRIO - E o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)? Qual é o montante que visa fomentar o turismo nos próximos anos?
BARRETTO - Nos firmamos um grande financiamento com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) de US$ 1 bilhão para a Copa do Mundo. Vinte e um estados se credenciaram para receber. Essa verba não é para metrô, mas para urbanização, saneamento e qualificação. O ministério assume integralmente a contrapartida. O PAC já trata de saneamento, intervenções em aeroportos e urbanização. No próximo ano, Lula lançará um ramo específico de investimento em mobilidade urbana. Só estamos aguardando a quantidade de cidades que participarão da Copa para definir o plano.

DIÁRIO - Como o sr. avalia o salto no orçamento para o ministério, já que saiu dos R$ 300 milhões no início do governo Lula e saltou para R$ 2,6 bilhões neste ano?
BARRETTO - É a sensibilidade de Lula ao criar o ministério, que gera desenvolvimento. Algumas regiões dependem 100% do turismo, que hoje tem seis milhões de empregados e representa 2,6% do PIB, quase R$ 50 bilhões por ano. O turismo envolve artesanato, feiras, eventos e restaurantes. Houve crédito grande. A parceria com governadores é importante. O parlamento brasileiro também foi generoso ao fazer emendas. Dois terços da verba para a Pasta são oriundos de emendas de bancada e individuais. Sou grato aos legislativos.

DIÁRIO - Quase três meses depois da Lei Geral do Turismo ser sancionada, como está sua eficácia? Surgiram programas e projetos turísticos?
BARRETTO - Poucos setores têm um marco regulatório. Nós conseguimos. Após longo trabalho de cinco anos, dá segurança para investir, avaliar tributação, reconhecer conjunto de setores, valorizar papel institucional e criar mecanismos de defesa do consumidor. Há saltos, sempre é possível avançar. Trabalhamos com mecanismos que podem avançar. Meu balanço é muito positivo. Tem de haver calma nas avaliações, mas o plano nacional do turismo é um marco regulatório.

DIÁRIO - Dentre as propostas do sr, estão a classificação dos hotéis e a adoção de cruzeiros para a Copa. Como estão esses projetos?
BARRETTO - Vamos fazer nova classificação e certificação. A Copa é um estimulo. Haverá padronização com critérios internacionais. O projeto-piloto é no Rio de Janeiro e, depois, estendermos para o País. O cruzeiro durante a Copa é um mecanismo a mais de hospedagem. Tem de ajudar a dar sustentabilidade. Buscamos experiências nas Olimpíadas de Sidney, Grécia, Canadá e estamos aproveitando as idéias.




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