O escritor Luiz Ruffato e a psicanalista, escritora e dramaturga Betty Milan encerram nesta terça-feira, às 19h30, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), em São Paulo, a programação deste ano do projeto Psicanálise & Literatura. Intitulado Joyce e o Fim da Narrativa Linear, o encontro tem entrada franca.
Realizado desde maio último, o ciclo de debates reúne grandes nomes da cultura brasileira para analisar as afinidades entre as teorias psicanalíticas e literárias. Cerca de 1.000 pessoas já assistiram às discussões.
Autor de livros elogiados como Eles eram Muitos Cavalos (também editado na Itália, França e Portugal), Ruffato atualmente desenvolve o projeto Inferno Provisório, composto de cinco volumes, dos quais quatro foram lançados: Mamma, Son Tanto Felice, O Mundo Inimigo, Vista Parcial da Noite e O Livro das Impossibilidades.
Betty é autora de romances, ensaios, crônicas e peças de teatro e teve trabalhos publicados na França, Argentina e na China.
Sobre o encontro no CCBB, Ruffato afirma que, embora nunca tenha feito psicanálise, foi influenciado pelos questionamentos propostos por Freud e outros pensadores que marcaram o século 20. "Não tenho dúvida de que depois que Freud começou a pensar o homem e seu lado mais íntimo, houve uma mudança absurda na forma de ver o mundo. O século 20 foi marcado por três judeus geniais: Eistein, Marx e Freud."
Criação - Ao comentar o processo de criação de seus livros, o autor destaca a diferença entre os que contam e os que escrevem histórias. Ele se inclui entre os representantes da segunda categoria. "Quando digo isso, faço questão de deixar claro que não há nenhum julgamento de valor. Existem grandes contadores. O que eu escrevo tem uma outra perspectiva, onde não há necessariamente uma estrutura com começo, meio e fim. Por isso, tem ainda mais diálogo com a psicanálise."
Joyce - Ruffato cita o escritor irlandês James Joyce, autor das obras-primas Ulisses e Finnegans Wake, como um mestre na abordagem de questões psicanalíticas para a composição de maneiras inovadoras de narrativa. "Para quem escreve histórias, a passagem pelo Joyce é absolutamente necessária. Mesmo que seja para depois rejeitá-lo. Não foi o primeiro a trabalhar com psicanálise, mas foi o primeiro grande autor que tentou aprofundar-se nesse assunto", afirmou Ruffato.
O escritor não considera que a obra do irlandês seja hermética. "Não existem obras de arte difíceis ou fáceis. Todas lidam com suas expectativas em relação a elas."
Jornalismo - Antes de se dedicar às atividades literárias, Ruffato teve de tomar a decisão de abandonar a carreira de repórter. "Tenho saudades. A redação é um ambiente extremamente problemático e enriquecedor. Mas saí do jornalismo para preservar a literatura. Teria de me dedicar a uma coisa ou outra. A literatura começa exatamente onde termina no jornalismo."
Psicanálise & Literatura - Debate com Luiz Ruffato e Betty Milan. Hoje, às 19h30. No Centro Cultural Banco do Brasil - Rua Álvares Penteado, 112, São Paulo. Tel.: 3113-3651. Entrada franca (mediante retirada de senha, distribuída hoje, a partir das 10h).
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