Sob regência do titular Flavio Florence, a Orquestra Sinfônica de Santo André abre neste sábado a temporada 2008. É um ano especial para o conjunto, que completa 20 anos de existência.

Nada mais adequado, portanto, do que iniciar o ano artístico com um grande desafio. No programa que a Sinfônica leva neste sábado e neste domingo ao Teatro Municipal de Santo André está o Concerto para Orquestra de Béla Bartók, o qual Florence sonha em reger há 20 anos.

Para o maestro, a peça tem um sentido especial. É que Bartók recebeu a encomenda da Orquestra de Boston para compô-la quando adoecia de leucemia, em 1943. “Dizem que ele melhorou em todos os sentidos”, afirma.

O resultado foi um concerto vibrante, em que os naipes da orquestra fazem as vezes de solistas, exibindo todo o seu virtuosismo. “Ele fez isso para homenagear a orquestra, então considerada a melhor do mundo”, diz. “Para nós, de Santo André, executá-la é um grande desafio”.

Esse concerto tem ainda outro significado para Florence, que luta bravamente há mais de um ano contra o câncer. “Me sinto revitalizado demais. Muito. A música tem, para mim, o mesmo efeito que teve para Bártok, sem querer me comparar a ele”, diz. Regê-la é, além de tudo, a realização de um sonho. “É como se eu tivesse passado 20 anos estudando tudo sobre um país onde nunca tivesse ido. Agora, eu comprei a passagem para visitar esse lugar”, diz.

Florence conta, ainda, que a orquestra apresentará duas obras do século 20: a impressionista Prelúdio à Tarde de Um Fauno, de Claude Debusssy, e trechos de West Side Story, de Leonard Bernstein. Se estivesse vivo, o autor faria 90 anos em 2008.