Política Titulo Fraude
Cartel de Londrina atuou
em licitação de S.Bernardo

Três empresas que integram quadrilha participaram de pregão
encerrado em 2009 em São Bernardo; o G-8 venceu certame

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
26/02/2013 | 07:01
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Três empresas que fazem parte de cartel de fraude a licitações, peculato, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e falsidade documental, segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Paraná, participaram de pregão encerrado em dezembro de 2009 pelo prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), para aquisição de uniformes escolares para a rede pública.

Entre as concorrentes no certame de quatro anos atrás estavam a Byd Indústria e Comércio de Confecções, a Capricórnio S/A e a G8 Comércio de Equipamentos, Serviços e Representações - atual Fio Paraná, que mantém contrato milionário com a administração petista para fornecimento de kits escolares.

Proprietário da Fio Paraná, Marcos Divino Ramos foi preso no aeroporto de Curitiba por integrar a "quadrilha", segundo a Promotoria paranaense. A operação foi deflagrada em agosto do ano passado, revelando amplo esquema fraudulento na prefeitura de Londrina.

Em 2009, Marinho optou por dividir em três lotes o pregão para uniformes escolares. A G8 foi vencedora da concorrência pública para fornecimento de mochilas e bolsas para o sistema educacional, superando a segunda colocada por economia de somente R$ 400. Ela avaliou em R$ 3.611.500 o custo dos materiais, enquanto a Fibrasil Comércio, do Mato Grosso do Sul, ofertou R$ 3.611.900. O acordo com a G8 foi prorrogado em dezembro de 2010, por mais 12 meses, sob os mesmos valores praticados no ano anterior.

Segundo o Gaeco paranaense, G8, Capricórnio e Byd integravam cartel de empresas que burlava certames públicos. Pela denúncia da promotoria local, as companhias "uniam esforços entre si para a prática de fraudes a licitações e consequentes contratações ilícitas por parte de entes públicos diversos, cooptando agentes públicos mediante oferta de vantagens indevidas."

Ao todo, 19 pessoas foram indiciadas, entre elas Marcos Divino e sua mulher, Paulina Aparecida Duarte de Souza (proprietários da G8); Júlio Manfredini e Daniel Manfredini (donos da Capricórnio); e Wilson Makoto Yoshida, Cristina Inumaru Yoshida, José Lemes dos Santos, Pedro Bresciani e Claudiane Mandelli (representantes da Byd e de outras empresas).

Pelo relatório do Ministério Público do Paraná, Marcos Divino, Júlio Manfredini e Daniel Manfredini convenceram Wilson Makoto Yoshida para entrar como figurante em processos licitatórios para fornecimento de material escolar. Na prática, Yoshida oferecia um preço previamente combinado maior do que os apresentados pelo bando como forma de assegurar vitória no pregão público, simulando uma concorrência. O cartel, que também envolvia agentes públicos, inflacionava os produtos adquiridos por municípios.

 

OUTRO ESQUEMA

No domingo, o Diário revelou que três atas de registro de preços da Prefeitura de São Bernardo foram utilizadas pelo grupo para um amplo esquema em Londrina. Os documentos embasaram o então prefeito da cidade paranaense, Homero Barbosa Neto (PDT), a dispensar licitação para compra de material escolar. Chamada de ‘carona', a metodologia é condenada por órgãos de controle de administrações públicas.

O ex-prefeito confessou ter recebido propina dos empresários para garantir contrato com a G8 e a Capricórnio - juntas, elas receberam R$ 6,4 milhões num dos contratos. Auditoria do MP local apontou desvio de R$ 3,1 milhões, decorrentes de superfaturamento dos produtos.

Assim como na reportagem de domingo, o governo Marinho não comentou o assunto.




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