Economia Titulo Previdência
INSS beneficia 13,5% da população do Grande ABC

Cerca de 190 mil moradores recebem pagamento; indústria local explica número acima da média nacional

Por Michele Loureiro
Do Diário do Grande ABC
05/10/2008 | 07:05
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Dados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) revelam que no Grande ABC 13,5% da PEA (População Economicamente Ativa) recebem algum tipo de benefício da Previdência Social.

Seja da licença-maternidade, auxílio-doença, ou de programas assistenciais, cerca de 190 mil moradores da região recebem R$ 134.113.887,13 por mês.

No País, o número de benefícios concedidos passa os 11 milhões e soma 11,7% da PEA nacional.

"O número de auxílios concedidos no Grande ABC ultrapassa a média nacional. Isto porque a região tem uma PEA proporcionalmente maior. Além disso, a incidência de indústrias faz com que o trabalho seja mais pesado e a necessidade de auxílio-doença acaba aumentando", diz o técnico previdenciário do INSS André Hernandez.

O técnico destaca a força dos sindicatos da região. "Apesar da presença forte e atuante dos sindicatos do Grande ABC, o trabalho é pesado e pode prejudicar a saúde do trabalhador, que conseqüentemente necessita de afastamento e acaba recorrendo ao INSS", completa.

O sociólogo do Observatório Econômico de Santo André, Paulo Henrique da Silva, destaca que para se ter direito ao auxílio do INSS, o trabalhador deve contribuir, e para isso, deve ter uma situação de emprego regular. Por isso, Paulo acredita no aumento de concessão de benefícios.

"No caso do auxílio-doença, por exemplo, a tendência no curto prazo é de crescimento, porque a formalidade está aumentando e mais pessoas podem solicitar esse tipo de recurso. Por outro lado, a segurança em certas atividades críticas como por exemplo a construção civil, está melhorando. Mas a maior formalização da mão-de-obra ainda é fator dominante", explica.

APOSENTADOS - Os aposentados não fazem parte da PEA, portanto as estatísticas são diferentes. Na região, há 235.011 pessoas nesta situação, o que contabiliza um gasto mensal de R$ 239.010.357,45 para a Previdência. No País, são 14.240.978 aposentados e o gasto é de R$ 10 milhões.

A média da região também ultrapassa o Brasil, em 2,7%.

"É certo que a população está vivendo mais e portanto se beneficiando por mais tempo da aposentadoria. Para os próximos anos, os analistas prevêem um aumento importante do número de aposentados, resultante das altas taxas de natalidade de meados do século 20, aliada a maior longevidade da população. Tendência que deve diminuir em um prazo bem mais longo, quando a geração do início do século 21 começar a aposentar", explica Paulo.

Número de contribuintes ultrapassa 40 milhões em 2007

O número de contribuintes da Previdência Social chegou a 40,1 milhões em 2007, contra os 37,4 milhões de 2006.

Os dados são do Anuário Estatístico da Previdência Social de 2007, divulgado pelo ministro da Previdência Social, José Pimentel.

O aumento do número de contribuintes foi de 11,7% se comparado ao de 2005, que era de
35,9 milhões.

O estudo revelou que a maioria dos empregados que pagam INSS, 67,6%, está na faixa de renda entre um e dois salários mínimos.

O ministro destacou que apesar de a participação das mulheres ter aumentado nos últimos anos, elas ainda são minoria entre os contribuintes. Em 2007, as mulheres representavam 36% do total e os homens cerca de 60%. O alto índice de informalidade entre os trabalhadores domésticos, cuja maioria é formada por mulheres, tem contribuído para esse quadro. O ministro citou números da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), que revelam que dos 7 milhões de empregados domésticos, 5,3 milhões não têm direito à Previdência.

Pimentel destacou ainda o aumento do número de trabalhadores que pagam as 12 parcelas anuais do INSS. Esse crescimento foi de 19,4% em 2007, chegando a 17,35 milhões de pessoas. "Isso mostra uma maior regularidade na contribuição", afirmou o secretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer.

Outro dado relevante é o aumento de 20% do grupo mais jovem, até 19 anos, e de cerca de 10% do segmento entre 50 e 59 anos no total de contribuintes empregados. "Quando a economia está crescendo, o primeiro emprego vem junto", disse o ministro.

Segundo Pimentel, as micro e pequenas empresas são as que mais contratam jovens, enquanto as maiores companhias precisam de mão-de-obra especializada. Apesar do avanço desses dois segmentos, o grupo de 20 a 40 anos ainda é o mais numeroso, com 30 milhões de contribuintes. (da AE)

Pensionistas têm benefício como única fonte de renda

O INSS concede benefícios que podem oscilar entre R$ 415 e R$ 3.038.
Algumas vezes, o auxílio da Previdência Social é a única fonte de renda para os trabalhadores.

O metalúrgico Edimar Santos, 45, está afastado do trabalho há três meses. Com duas hérnias de disco, a recomendação médica é de cirurgia. "Provavelmente vou ficar mais uns seis meses afastado. Como sou a única pessoa que trabalha, nossa renda vem toda do INSS", explica.

Com os R$ 900, o metalúrgico mantém a casa com a mulher e duas filhas. "Nós teremos que fazer alguma coisa para complementar a renda, mas sem o INSS não sei como ficaríamos", desabafa.

DEPENDÊNCIA - A auxiliar de cozinha Lídia Gouveia, 49, está afastada do trabalho há cerca de um ano. "Eu tenho tendinite e bursite, não consigo retornar ao trabalho", explica.
Como mora sozinha no bairro Serraria, em Diadema, ela depende exclusivamente da renda de R$ 600, que ganha do INSS.

"No começo deste ano suspenderam meu benefício, fiquei quase dois meses sem receber. Meus vizinhos me ajudaram em tudo, mas é horrível saber que dependo do INSS, que nem sempre atende minhas necessidades. Eu queria muito conseguir voltar ao trabalho", comenta.

APOSENTADOS - O casal de Santo André, George Gomes e Maria Lúcia Gomes, vive exclusivamente com o dinheiro das aposentadorias. "Felizmente não passamos dificuldade, mas também fazemos contas para tudo", conta George.

O casal recebe cerca de R$ 3.000 por mês. "Só com remédios, gastamos R$ 400, mais convênio médico R$ 600. É tudo contado, mas vamos levando", diz Maria.




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