Aos 25 anos, Alice já tem todo o resto de sua vida definida. Vai se casar com o namorado, Henrique, morar em um apartamento a ser pago em prestações a perder de vista e continuar trabalhando como guia turística para o governo de Palmas (TO). Sem esperar muito mais do que isso, seu mundo vira de cabeça para baixo quando recebe a notícia da morte de seu pai, que mora em São Paulo, e decide viajar para o enterro.

É a partir desse prólogo que começa a série "Alice", que estréia neste domingo, às 22h, na HBO. Com 13 episódios, a terceira produção da emissora no Brasil, depois de "Mandrake" e "Filhos do Carnaval", tem direção de Karim Aïnouz ("O Céu de Suely" e "Madame Satã") e de Sergio Machado, que também assina o roteiro.
Ao chegar em São Paulo, Alice (Andréia Horta) descobre o seu próprio país das maravilhas. Até então relutante em relação à grande cidade, vai conhecendo os seus prédios, as pessoas e a beleza de concreto que só a capital paulista sabe oferecer. Em seu caminho, personagens como a tia, a meia-irmã que mal conhecia, novos amigos e possíveis amores.

Com uma história que homenageia São Paulo, "Alice" encanta por vários aspectos. Para começar, por seus personagens, pessoas "em que corre sangue nas veias", como definiu o próprio Aïnouz durante a coletiva de lançamento da série. Andréia Horta consegue transmitir tudo o que a jovem está sentindo, e é difícil não simpatizar com a protagonista. "A Alice cumpre o seu rito de passagem. Começa a série e menina e termina mulher", diz o diretor.

Além disso, coadjuvantes de peso a acompanham, como a veterana atriz Regina Braga (a tia Luli) e a menina Daniela Piepszyk, que interpreta a meia-irmã Regina Célia e continua tão adorável como quando chamou a atenção pela primeira vez, no filme "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias". Também se destacam personagens como a avó de Alice, vivida por Walderez de Barros, e o motorista latino-americano Angel (Daneri Gudiel), que deixam no espectador um gostinho de "quero mais" sobre suas vidas.

Sampa - O segundo aspecto positivo de "Alice" é como Aïnouz e Machado conseguiram tornar a capital paulista bela, mesmo quando mostram seus lados mais desagradáveis, como a Boca do Lixo. "Queríamos fazer uma série sobre São Paulo, trazendo a cidade para dentro da história, e não apenas como plano de paisagem", diz Aïnouz.

Assim, todos os episódios mostram um lado novo de São Paulo, como a avenida Paulista, o centro ou mesmo seus eventos mais tradicionais, como a Mostra Internacional de Cinema. "Em cada episódio, a Alice vai descobrir alguma coisa da cidade", afirma Machado. "Tentamos investigar como alguém consegue ser alegre morando aqui", completa Aïnouz.

Otimismo - Por último, a série mostra uma história simples e moderna ao mesmo tempo, permeada de muito otimismo. "Procuramos falar de alegria. Eu sinto falta disso no cenário audiovisual", diz Aïnouz. "Todo mundo já sabe da violência. Existem histórias de amor e paixão em todos os lugares", finaliza Machado.