Economia Titulo Pirataria
População culpa governo e empresas por produto pirata
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30/08/2008 | 07:12
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Uma fatia de 75% da população brasileira admite consumir algum tipo de produto falsificado. Espalhada por todas as classes sociais, essa grande maioria reconhece o mal que isso causa ao País, mas não se sente responsável porque não vê o seu "pequeno" ato contribuindo para um crime.

Essas foram as principais conclusões de um estudo organizado pelo Instituto Akatu, em parceria com a empresa Microsoft, sobre o comportamento do consumidor brasileiro em relação à pirataria no País. O levantamento foi entregue ontem ao CNCP (Conselho Nacional de Combate à Pirataria), vinculado ao Ministério da Justiça, que o usará como subsídio às ações de combate à ilegalidade.

O Instituto Akatu organizou o levantamento aproveitando estatísticas de pesquisas anteriores realizadas, entre 2005 e 2007, na cidade de São Paulo e cruzou com percepções colhidas em grupos de consumidores convidados a debater qualitativamente o assunto. "O trabalho foi feito em São Paulo, mas pode retratar qualquer cidade do País", comentou a pesquisadora Marta Capacla, uma das coordenadoras do estudo.

Com base nas conclusões, o presidente do CNCP e secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, anunciou mudanças nas próximas ações de combate à comercialização de produtos piratas que serão patrocinadas pelo conselho.

O foco das campanhas publicitárias, por exemplo, deverá ser a primeira alteração, pois fará menos vinculação entre pirataria e crime organizado e será mais voltado à questão ética. Na parte qualitativa da pesquisa, as pessoas ouvidas responsabilizaram a instituição "governo" e os "fabricantes" pelos altos preços dos produtos originais desejados, o que as leva ao consumo das versões falsificadas que são mais baratas.

O estudo revelou ainda que evitar a compra de produtos falsificados não está na agenda dos brasileiros em geral, segundo Marta Capacla. As análises por faixa etária das pessoas que reconheceram consumir pirataria mostram crescimento dos porcentuais de pessoas com idades entre 15 e 40 anos, mas também uma "leve alta" entre as pessoas com idades superiores a 60 anos nos últimos anos. O produto mais falsificado, com 53% da preferência, é o DVD.

Segundo balanço apresentado ontem pelo conselho, os resultados das ações de fiscalização e combate à pirataria revelam aumento no número de operações de repressão, mas também sugerem um crescimento do consumo de mercadorias falsificadas.

Em 2007, por exemplo, somaram 8,7 mil os inquéritos instaurados pela Polícia Federal para investigação de comércio ilegal. Somente no primeiro semestre deste ano, o número de inquéritos já chega a 6,3 mil. Segundo dados da Receita Federal, os valores dos produtos apreendidos em operações em todo o ano passado totalizaram R$ 1,051 bilhão. Em 2006, o total apreendido foi de R$ 871,7 milhões.




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