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Inadimplência cresce 5,9% no País
Verônica Lima
Do Diário do Grande ABC
06/07/2008 | 07:14
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Aumentou o calote nos cinco primeiros meses deste ano. A inadimplência cresceu 5,9% na comparação com o mesmo período de 2007.

É o que revela o Indicador Serasa de Inadimplência Pessoa Física, modelo estatístico de múltiplas variáveis que considera as variações registradas no número de cheques sem fundos, títulos protestados, dívidas vencidas com instituições financeiras e cartões de crédito e de financeiras.

As dívidas com os bancos seguem liderando o ranking que destaca o nível de inadimplência dos consumidores. De janeiro a maio deste ano, as pendências com as instituições financeiras tiveram participação de 43,2% no indicador. No mesmo período acumulado de 2007 esse percentual foi de 37,5%.

Em seguida estão as dívidas com cartões de crédito e financeiras, que nos cinco primeiros meses de 2008 representaram 31,7% da inadimplência das pessoas físicas, acima dos 31,2% de participação registrada em igual período de 2007.

Segundo o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida, os consumidores estão mais endividados por diversos motivos. O técnico destaca que a maior concessão de crédito aliada ao aumento da inflação impactou negativamente, principalmente no reajuste dos preços de produtos básicos e do aluguel.

Almeida projeta um cenário desfavorável, que vai pressionar o indicador da Serasa. Ele acredita que com o aumento dos juros e a aceleração da inflação. a inadimplência deve aumentar nos próximos meses.

Nesse caso, os consumidores precisam segurar as rédeas e controlar os gastos. Se já estiver devendo, o ideal é mapear os débitos e possíveis credores, para não cair numa espiral de dívidas.

Na seqüência deve procurar o quanto antes a empresa e tentar renegociar a dívida. Almeida explica que muitas instituições aceitam o primeiro pagamento para 30 ou 60 dias.

"Ao assinar o papel da renegociação, o consumidor não pode falhar. Conseguir um novo acordo será impossível", diz Almeida. Após o contrato firmado com a loja, em cinco dias úteis o nome sai do banco de restrição.

Se um cheque sem fundo foi protestado em cartório, o cliente tem de pagar o valor impresso na intimimação. Se o prazo fixado venceu, a dívida só pode ser quitada diretamente com o credor.

Empresa de cobrança não pode expor o nome

As redes varejistas, lojas e empresas de cobranças devem tomar alguns cuidados antes de partir para a cobrança do cliente inadimplente.

Segundo a supervisora de estudos e pesquisas do Procon-SP, Cristina Rafael Martinussi, as empresas não podem constranger e "expor os consumidores ao ridículo".

"Não pode colocar seu nome em um mural, por exemplo. Não pode exibir o endividamento no local de trabalho do inadimplente e muito menos usar palavras de baixo calão ao se dirigir a uma pessoa com dívidas", esclarece Cristina.

Caso o consumidor sofra alguns desses constrangimentos, ele deve procurar em primeiro lugar o Procon (por meio do telefone 151) para receber orientações.

"Se houver agressões verbais, nesse caso o consumidor terá de recorrer ao juizado de primeiras causas. Se for correspondência indevida, levar a carta a um posto do Procon", explica.

Endividamento na região é semelhante ao da Capital

O percentual de inadimplência constatado em algumas cidades do Grande ABC coincide com o verificado na Capital. A Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), por exemplo, explica que os dados do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) divulgados pela ACSP (Associação Comercial de São Paulo) são relativamente parecidos com os da cidade.

Ou seja, no primeiro trimestre deste ano, a inadimplência manteve-se praticamente estabilizada, com aumento de 14,1% nos registros recebidos pelo SCPC e de 14,2% nos registros cancelados.

Porém, no mês passado, ocorreu um crescimento moderado da inadimplência, com incremento de 9,9% nos registros lançados na base de dados e 7,8% cancelados.

Segundo o presidente da SOL (Sociedade Oliveira Lima), Hélio Farber, o maior endividamento dos consumidores da região está nos cartão de crédito.

Outra cidade que respondeu à reportagem do Diário foi Mauá. A pesquisa realizada pela Aciam (Associação Comercial e Empresarial de Mauá) constatou no primeiro semestre o aumento de 9,42% no número de inadimplentes no município.

A entidade comercial informa que está discutindo com a Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo) a implantação da campanha Limpe Seu Nome para tentar reverter o quadro de endividamento.




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