A proximidade de reintegração de posse do terreno invadido no Jardim Olinda, em Mauá, provocou na tarde de ontem um ato desesperado do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). Em busca de uma solução negociada com o poder público, cinco manifestantes se acorrentaram às grades do Fórum Municipal, ao lado do Paço Municipal, na esquina das avenidas Vitorino Dell Antonia e João Ramalho.
O prazo dado pela Justiça para que se cumpra a reintegração acabou ontem, mas a ação ainda dependia de planejamento estratégico da Polícia Militar.
Temendo um desfecho sem solução concreta, pouco mais de 100 integrantes se aglomeraram embaixo de lonas, ao lado dos cinco acorrentados, à espera de uma resposta ao pedido de abrigo para as famílias que não têm para onde ir e manutenção das negociações. Não há previsão de quando os manifestantes deixarão o Fórum.
"É uma posição extrema, que ocorre em situação crítica. Eles preferiram se acorrentar ao possível confronto com a polícia e a falta de perspectiva em conseguir moradia", disse Daniela Rodrigues Damaceno, líder do MTST.
Segundo Daniela, a possibilidade de reintegração já provoca baixas no terreno invadido. "Algumas poucas pessoas decidiram preservar o que têm e já retiraram algumas coisas", afirmou.
Em caso de ação da Polícia Militar, as pessoas que não têm um local para ficar foram orientadas pela liderança a se juntar aos que já estão em frente ao prédio do Fórum. "Se ocorrer a reintegração enquanto estivermos aqui, essas famílias virão para cá", explicou.
Colaborador do MTST em Mauá, o pároco Osvy Guilarte acredita que dificilmente o grupo conseguirá resposta. "Falar, todos falam. Mas falta compromisso para resolver o problema de fato", apontou.
A movimentação dos sem-teto na região central do município era acompanhada de perto por policiais militares e guardas civis municipais.
SAÍDA
Ontem, o secretário municipal de Habitação, José Roberto Correa, ainda buscava uma solução para as famílias, por meio de reuniões com outros membros do poder público municipal.
Na última semana, uma lista com 432 famílias cadastradas foi passada a representantes da Caixa Econômica Federal e da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), para inclusão em programas habitacionais.
PM informa não ter definido data para ação no Jardim Olinda
Até ontem à noite, a Polícia Militar ainda mantinha em planejamento a ação de reintegração de posse do terreno invadido pelo MTST, em Mauá. A área está ocupada há dois meses - os primeiros barracos de lona foram levantados em 31 de março.
Segundo o CPA/M-6 (Comando de Policiamento Metropolitano-6) da Polícia Militar, somente haveria um pronunciamento sobre o caso assim que todo o planejamento fosse concluído.
A mesma posição sustentava o tenente-coronel Carlos Benedito Carvalho Martins, do 30º Batalhão de Polícia Militar, para quem uma solução mediada, sem confronto, seria a melhor opção.
Informalmente, policiais militares alegam que a divulgação da data da reintegração de posse poderia colocar em risco a segurança de todos os envolvidos na operação.
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