A elevação da Selic (a taxa básica de juros), anunciada pelo Banco Central nesta quarta-feira, somada a possíveis novas altas dessa taxa nos próximos meses, traz a perspectiva de que o crescimento econômico do País será freado a partir do segundo semestre.
A previsão vem não apenas de especialistas de entidades empresariais brasileiras mas de instituições internacionais e do próprio governo federal.
“A decisão (de elevar a taxa) é lamentável. Afeta decisões de investimentos e vai criar um problema no médio prazo”, disse Salvador Werneck Vianna, coordenador do Grupo de Regimes Monetário e Cambial do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) – órgão ligado ao Ministério do Planejamento.
Segundo ele, a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC foi para evitar a contaminação das altas de preços dos itens alimentícios em outros setores, mas não se justifica. “A contaminação não ocorreria já que as indústrias estavam ampliando os investimentos”, disse.
O especialista avalia que a medida (a Selic passou de 11,25% para 11,75% ao ano) amplia a dívida pública e vai dificultar ainda mais as exportações, já que o câmbio continuará em queda. Para ele, a barreira do dólar a R$ 1,60 deve ser superada em breve.
Vianna acrescenta que será bastante difícil, diante da perspectiva de novas elevações da taxa, chegar a um crescimento econômico próximo a 5% no ano que vem.
Já o consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Júlio Gomes de Almeida, avalia que, embora seja difícil fazer prognósticos para a expansão da economia em 2009, há uma tendência de desaceleração gradual nos próximos meses. “Temos de avaliar que é o início de um processo (de aumentos dos juros). No final do ano já teremos um quadro bem menos dinâmico do emprego e da renda”, disse.
INTERNACIONAL
A medida do Banco Central contrariou até mesmo a Moody’s, instituição internacional de análise de risco de crédito.
Para o economista sênior para a América Latina, Alfredo Coutiño, o BC entrou “em pânico” sem motivo, já que não há um problema inflacionário no País. Para ele, o banco se precipitou já que não há demanda em excesso.
Ele avalia ainda que a elevação dos juros vai apreciar ainda mais o real e pode trazer o risco para as contas externas do País.
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