A ata da reunião de outubro do Comitê de Política Monetária (Copom) ajudou a eliminar os excessos presentes no mercado financeiro sobre as previsões relacionadas ao ciclo de afrouxamento da taxa básica de juros. Na opinião do economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal, este foi o principal destaque do documento divulgado pelo Banco Central ontem, a despeito de não haver diferenças relevantes em relação à ata da reunião anterior do Copom.
Desde o início do ciclo de cortes da Selic, na reunião de agosto do Copom, alguns economistas do mercado financeiro avaliaram que diferenças mínimas contidas nos comunicados da decisão do BC e na ata da reunião poderiam sugerir cortes de juros por períodos mais longos ou menores. Tudo porque o Banco Central usou o termo "ajuste moderado" no comunicado da decisão de agosto, escreveu "ajustes moderados" na ata referente àquela reunião e voltou a usar o termo no singular no comunicado da decisão de outubro. Agora, na ata divulgada ontem, a autoridade monetária voltou a usar o termo no plural, mas, segundo Souza Leal, trouxe um detalhe que pode ajustar os excessos do mercado na avaliação sobre o ciclo de juros.
"Uma coisa importante da ata é que ela tira os extremos do mercado, pois muita gente ficou naquela discussão sobre o plural e o singular do termo ajuste moderado. Na ata, o BC volta ao termo no plural, dando a indicação que é um processo que não acabou agora", disse o economista-chefe do Banco ABC Brasil. "Ao mesmo tempo, quando ele disse que o ajuste na Selic é compatível com a inflação ao redor da meta em 2012, tira um pouco aquele exagero de avaliação de que os juros não teriam um piso. A parte mais importante desta ata foi realmente calibrar estes excessos", comentou.
O próprio Souza Leal passou a trabalhar com um ciclo de afrouxamento monetário menos longo que o definido antes da divulgação da ata da reunião de outubro. Segundo ele, a expectativa do Banco ABC Brasil até quarta-feira era de que o BC continuaria promovendo cortes na Selic no decorrer do ano que vem e que os juros encerrariam 2012 no nível de 9% ao ano ante o nível atual de 11,50% ao ano.
"Tirando esses excessos, as expectativas do mercado devem convergir para mais duas ou três quedas de 0,50 ponto porcentual, que seria mais ou menos o desejável", afirmou o economista. "Eu estava com um cenário mais radical, com a Selic podendo chegar a 9%, mas estou revendo isso exatamente por causa desta ata. A princípio, dado o que ele (o BC) está escrevendo, acredito que faz mais sentido mais três ajustes de 0,50 ponto porcentual", avaliou.
Além deste detalhe observado, Souza Leal destacou que, na ata de outubro, o Banco Central passou a tratar como cenário básico o que em agosto era tratado como cenário alternativo para o comportamento da inflação. Por meio desse cenário, o Copom reiterou sua hipótese de que a atual deterioração do quadro internacional tem impacto sobre o Brasil equivalente a um quarto do observado na crise de 2008/2009 e avaliou que a taxa de inflação se posiciona em torno da meta em 2012. "O BC foi um pouco mais realista ao considerar que seu cenário alternativo anterior dele é o básico", afirmou. "Agora, ficou mais coerente", opinou.
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