Setecidades Titulo Preocupação
Sem contenção, moradores temem desmoronamento

Passagem da Biquinha, São Bernardo, teve escorregamento de terra há quase dois anos e nenhuma medida foi tomada

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
23/09/2014 | 07:00
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Andrea Iseki/DGABC


Apesar da necessidade urgente de chuva em quantidade significativa para abastecer os mananciais, a família de Marlene Gomes da Silva, 57 anos, está aliviada com a estiagem. Isso porque no dia 9 de janeiro do ano passado, a casa onde vivem, na Passagem da Biquinha, na Vila São José, em São Bernardo, foi atingida por um desmoronamento de terra após uma tempestade, assim como outras três casas.

Felizmente ninguém se feriu, mas, desde então, os moradores aguardam obras de contenção da encosta, prometidas pela Prefeitura a fim de evitar mais transtornos ou mesmo uma tragédia, como aconteceu em janeiro de 2010, quando uma casa foi soterrada, matando a menina Sara Regina de Oliveira Pateli, 10. A Passagem da Biquinha transcorre pelos assentamentos precários e/ou irregulares Vila da Biquinha/Associação, Golden Park, Biquinha e Parque São Rafael.

Marlene conta, com a voz embargada, o desespero daquele dia. “Tenho um filho com deficiência intelectual e o deixei no quarto para lavar a louça. De repente, meus vizinhos vieram me avisar para eu pegar meu filho e sair da casa, pois a terra estava descendo.”

Uma janela foi arremessada e a parede derrubada com o impacto de troncos de árvores. O primeiro pavimento da casa foi interditado e hoje a família vive no andar superior. Eles retiraram a terra e reconstruíram a parede. À Prefeitura, segundo Marlene, foi solicitada uma motosserra para a remoção dos troncos, o que só aconteceu cinco meses depois.

Qualquer ameaça de chuva apavora a dona de casa. “Quando ouço trovão, corro para proteger o meu filho.”

Medo também sente Leila Magalhães, 38, que mora na casa ao lado e teve a parte térrea de sua moradia interditada na ocasião. Uma residência instalada no topo da encosta, para onde a sua dá de fundo, aumenta ainda mais o receio.

“Se tivesse chovido o que choveu naquela época, essa casa já tinha descido em cima da minha e da Marlene”, falou.

“Pagamos IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e ficamos nessa insegurança”, lamentou o aposentado Rosalino Macedo de Lima, 60, que mora no entorno.

A vizinha, Zenaide Alves dos Santos, 54, disse que, vez ou outra, técnicos da Prefeitura visitam o local, mas nada além disso. “Vem engenheiro para fazer avaliação, tiram foto, mas só marcam presença, para dizer que não esqueceram.”

Procurado, o Executivo municipal informou que, após o escorregamento no início de 2013, a Defesa Civil interditou parcialmente duas casas de jusante, além de moradias situadas a meia encosta e, em paralelo, buscou meios de viabilizar a solução definitiva para o problema.

Ainda de acordo com a administração, em setembro do ano passado o município obteve recursos do governo federal, por meio do PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento), no qual está incluída a execução de obra de contenção da encosta e implantação de sistema de drenagem superficial na área. Segundo a Prefeitura, o projeto encontra-se em análise na Caixa Econômica Federal e a meta é que a licitação seja publicada ainda neste ano, com previsão de que os serviços tenham início no primeiro semestre de 2015. Ainda conforme a administração, enquanto a obra não for executada, a área mantém-se monitorada pela Defesa Civil. 




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