Luiz Felipe Scolari recomeça nesta quarta-feira a sua vida na seleção brasileira sob um frio intenso de Londres, média de 4 graus. Diante da Inglaterra, um time de tradição, o treinador pisam, às 17h30 (de Brasília), no magnífico estádio de Wembley para dar o primeiro passo rumo a 2014 sabendo dos riscos que vai correr até lá. Tudo o que ele mais quer, neste ensaio contra os ingleses, é projetar o que deve ser feito até a Copa do Mundo, sem medo das críticas e em perfeita sintonia com Carlos Alberto Parreira.
No futebol, Felipão tem consciência que nem sempre a história costuma ser generosa com campeões que procuram repetir uma grande façanha. Ele entende que essa sua segunda passagem pela seleção será tão difícil quanto a primeira quando chegou ao fim da estrada campeão do mundo em 2002.
Sua missão é não se iludir no meio do caminho. Exemplos Felipão tem de sobra. Bem ao seu lado, conta com um profissional de alto quilate que não conseguiu repetir a dose na seleção. Carlos Alberto Parreira, hoje coordenador técnico do time do Brasil, saiu dos Estados Unidos campeão do mundo em 1994 e voltou da Alemanha, em 2006, fracassado com um time de estrelas eliminado nas quartas de final.
Felipão não poderia ter um conselheiro mais qualificado do que Parreira. E até por isso os dois se tornaram aliados inconteste para não desperdiçar a chance de levantar a taça pela segunda vez, ainda mais em uma ocasião especial com a Copa no Brasil.
Afinados, treinador e coordenador montaram uma estratégia nos últimos dois meses, desde que assumiram o comando da seleção, para traçar o que denominaram de as "diretrizes de trabalho até 2014". De imediato concluíram que o Brasil não pode mais se dar o luxo de disputar um amistoso como se fosse um simples compromisso. A ordem é fazer de cada jogo uma decisão de campeonato, como se a Copa do Mundo fosse hoje.
"O Parreira foi feliz ao expor aos nossos jogadores a importância que os amistosos vão ter na formação do grupo para a Copa das Confederações e depois para o Mundial. Ele disse que daqui para frente os amistosos terão caráter de preparação à Copa. Não pode ser um simples amistoso ou mais um, tem de ser jogo para valer. É isso que todos nós queremos já contra a Inglaterra", disse Felipão.
Se o conceito de Parreira serve aos jogadores, para Felipão o peso é ainda maior. Calejado, sabe que a vida de um treinador não combina com resultados ruins. É por isso que manda avisar aos críticos, em especial à torcida brasileira, que está de peito aberto. "Não quero arrumar desculpas, nem justificativas para um eventual jogo ruim da seleção contra a Inglaterra por falta de tempo para treinar. A torcida pode ter alguma paciência, mas só alguma. Podem me criticar à vontade se o time não for bem".
Como se trata de uma reestreia, Felipão parece dono absoluto da situação. E não pensou duas vezes para armar a seleção com a maioria dos jogadores que atua no futebol europeu e muito da base deixada pelo seu antecessor, Mano Menezes.
Na defesa, com o resgate do experiente goleiro Julio Cesar, escalou os laterais do Barcelona (Daniel Alves e Adriano) e uma dupla de zaga de muita envergadura - com David Luiz, recuperado de lesão, e o novato Dante, um dos destaques do forte Bayern de Munique. No meio, vai apostar no entrosamento dos volantes Paulinho e Ramires. E dar a missão especial a Ronaldinho Gaúcho na criação tendo como parceiros Neymar e Oscar. Na frente, como um predador das zagas, vai de Luis Fabiano.
No segundo tempo, Felipão deve usar as seis alterações a que tem direito. Uma de suas apostas é adaptar o volante Jean, do Fluminense, à lateral direita. E ainda dar chance a Arouca, Miranda e Fred. O técnico tem em mãos um time encorpado, de nome e respeito. Muitos desses jogadores devem caminhar com o treinador até 2014, desde que respondam em campo a partir desta quarta. A seleção brasileira nem seu técnico têm tempo a perder.
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