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Dilma e Marina polarizam debate

Pauta econômica marca discussão; Aécio Neves fica em segundo plano e demonstra irritação

Por Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
02/09/2014 | 07:00
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Montagem/Denis Maciel


Candidatas à Presidência da República, a presidente Dilma Rousseff (PT) e a ex-senadora Marina Silva (PSB) polarizaram o segundo debate presidencial pautando a discussão no campo econômico, sobre controle da inflação, investimentos e resultados do PIB (Produto Interno Bruto). A centralização do debate refletiu a última pesquisa eleitoral, em que ambas aparecem empatadas, seguidas de longe pelo senador Aécio Neves (PSDB), que ficou excluído da discussão.

Marina cobrou resultados ao dizer que Dilma se elegeu com propostas de baixar a inflação, reduzir juros e manter crescimento. O cenário, no entanto, é adverso. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), o PIB recuou 0,6% no segundo trimestre e teve resultado revisado de janeiro a março com baixa de 0,2%, o que configura recessão técnica. “A presidente não consegue reconhecer os erros. Se não reconhece, não tem como reparar.”

Dilma rebateu dizendo que o cenário negativo é “momentâneo”, que não há recessão e utilizou meses em que houve PIB negativo em nações como Alemanha, Japão e Estados Unidos. “Não estamos em recessão porque o mercado consumidor aumenta demanda por emprego e salários. Inflação está próxima de zero. Bolsa se valoriza a sete meses consecutivos. O Brasil está entre os cinco países que mais recebem investimento externo. A crise (mundial) não acabou.”

A presidente também fez cobranças sobre o programa de governo de Marina Silva, que propõe autonomia ao Banco Central. Para a petista a fórmula é contraditória, já que a socialista também quer manutenção e ampliação de políticas sociais. “Há contradição entre querer uma política macroeconômica atrelada a interesses de arrochar, aumentar impostos e ao mesmo tempo defender políticas sociais. Não cabe, o cobertor é curto. O maior risco que pode correr é não se comprometer com nada. Ter só frases de efeito e genéricas”. A ex-senadora sintetizou dizendo ser preciso resgatar a autonomia do BC, que foi depreciada pelas três gestões consecutivas do PT.

Candidata do Psol, Luciana Genro aproveitou o tema e expôs contradição de Marina ao propor política economia similar ao PSDB e extensão de benefícios sociais. “Tem de escolher lado, do povo ou dos bancos. Não dá para fazer política nova cedendo aos setores mais reacionários da sociedade.”

Recursos provenientes da exploração de petróleo nos campos do pré-sal para investimentos em Educação foram temas divergentes. “Como a senhora quer desprezar mais de R$ 1 trilhão, candidata?”, questionou Dilma a Marina, sobre programa de governo socialista que prevê exploração de recursos energéticos sustentáveis e renováveis. “Não estamos preocupado em ficar onde bola está, mas onde a bola vai estar. O Brasil tem porção de opções, como energia eólica e solar, que foram ignoradas pelo seu governo”, rebateu a ex-senadora.

Encaixotado, Aécio tentou enquadrar temas incômodos à presidente como políticas econômicas “fracassadas” e falta de investimentos em infraestrutura, Mobilidade Urbana e logística. Entretanto, ficou incomodado com a situação de ter de debater temas com candidatos nanicos.
O debate foi realizado no SBT, organizado em parceria com a Folha de S.Paulo, Uol e rádio Jovem Pan.

PSB pede apoio de Aécio no 2º turno


Presidente nacional do PSB, Roberto Amaral pediu apoio do presidenciável do PSDB, o senador Aécio Neves, a Marina Silva (PSB) em eventual segundo turno da eleição contra a presidente Dilma Rousseff (PT), que busca a reeleição.

Com vistas em pesquisa Datafolha, divulgada na semana passada, que mostra Dilma e Marina empatadas com 34% e Aécio com 15%, o socialista já considera segunda etapa do pleito entre Dilma e Marina. “Aceito apoio de quem quiser (nos apoiar). Quero apoio do Aécio. Eleitor do Aécio, vote na Marina”, declarou Roberto Amaral.

O cacique socialista disse que a mudança de postura sobre o casamento gay, que foi defendido no programa de governo do PSB e depois contestado por Marina, foi um “erro” de revisão. Ele afirmou que não houve pressão de setores evangélicos, mas sim convicção pessoal da presidenciável. “Não gostaria que confundisse política com religião nem que tivesse candidatura evangélica”, discorreu o socialista.

Mandatário paulista do PSDB, o deputado federal Duarte Nogueira classificou a frase de Amaral como “deselegante”. “Ninguém está no segundo turno ainda. Nem a Dilma nem a Marina nem o Aécio. Assumir postura de salto alto à essa altura da eleição é deselegante”, rebateu.

O tucano ressaltou ainda que a campanha de Aécio vai explorar a experiência do candidato que foi deputado, governador de Minas Gerais e hoje é senador. “Nosso candidato tem experiência e conhecimento para administrar, mas não é conhecido e concorre com duas candidatas ultraconhecidas.”

Sobre a queda do segundo para o terceiro lugar nas pesquisas, Duarte Nogueira afirmou que, mesmo assim, Aécio segue motivado. “Em 2002, o Ciro Gomes estava em primeiro e terminou em quarto”, comparou, o mandatário que foi ao debate com uma ferradura estampada na gravata. “É uma ferradura de sete pontas para dar sorte”, contou.


Fidelix e Eduardo levam público ao riso

Com pouca atenção dos três principais presidenciáveis, os candidatos nanicos – Luciana Genro (Psol), Eduardo Jorge (PV), Levi Fidelix (PRTB) e Pastor Everaldo (PSC) – aproveitaram o espaço para questionar políticas petistas e tucanas, além de protagonizar passagens cômicas.

Ponto alto da participação de nanicos ocorreu em questionamento sobre Levi Fidelix disputar seguidas eleições, nunca ganhar e viver apoiado no repasse do Fundo Partidário e na negociação de alianças de candidaturas de linha auxiliar com comentário de Eduardo Jorge.

“Sei que não tenho chances de ganhar, mas tenho chance de fazer o debate de colocar propostas em discussões”, esbravejou Levi, ao afirmar que os monotrilhos da Capital e o Rodoanel foram executados por conta de suas ideias. Na réplica, Eduardo Jorge ficou alguns segundos em silêncio e disse: “Não tenho nada a ver com isso”. A plateia caiu na gargalhada.

Luciana Genro cobrou respostas do presidenciável tucano, Aécio Neves, sobre o fator previdenciário, modelo contestado para cálculo de aposentadoria por tempo de contribuição e idade. “O (ex-presidente) Fernando Henrique (Cardoso) chamou aposentado de vagabundo e o PT também manteve esse fator previdenciário. O PSDB tem política de migalhas para o povo e os aposentados”, afirmou.

A discussão entre Luciana e Aécio se estendeu para o campo econômico. O tucano chamou a socialista de populista por defender políticas sociais em detrimento do “mercado”. “Quando me chamam de populista, respondo que para defender o interesse do capital, banqueiros, tem o PT, o PSDB e a Marina. As famílias de milionários têm renda de R$ 9 milhões mensais enquanto o povo não consegue chegar a R$ 1.500”, completou.

“Vejo com restrição aqueles que se intitulam defensores dos bons valores e do povo. Tenho um projeto para o Brasil, novo ciclo para esse governo que fracassou. Espero que o povo me permita melhorar os indicadores, assim como fiz em Minas Gerais. Assumo compromissos factíveis”, rebateu Aécio. 




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