Economia Titulo Consumo
Televisão custa até 12 vezes
menos do que na década de 1970

IBGE aponta que aparelho registra deflação acumulada
em 2012 de 13% para as famílias da Grande São Paulo

Por Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
24/01/2013 | 07:00
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O preço dos aparelhos de televisão cai ano a ano. Atualmente uma TV de LCD, com 32 polegadas, é facilmente encontrada nas lojas por R$ 1.199. Mas na década de 1970, quando o eletrônico deu os primeiros passos no País, o preço chegava a custar até 12 vezes mais.

Em 2012, o mercado confirmou a tendência de queda no valor da televisão. Ela foi dona da segunda maior deflação acumulada no ano, de 13,88% para as famílias da Grande São Paulo com renda mensal entre um e seis salários-mínimos. Apenas o açúcar cristal teve variação negativa superior, de 18,69%. As informações são do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Esse resultado tem grande proximidade com a realidade das famílias do Grande ABC. Segundo a última Pesquisa Socioeconômica do Inpes/USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano), de fevereiro de 2012, a renda média dos domicílios era de R$ 3.348.

A pesquisa mostra ainda que a cada ano, também estimulados pelos menores preços, os consumidores aumentam o número de TVs em casa ou compram aquelas que apresentam as tecnologias mais modernas. Em agosto de 2009, primeira publicação sobre posse agregando as sete cidades, 99,2% da população tinha uma TV a cores. Mas apenas 14,9% assistiam aos programas, jogos e novelas em aparelhos de plasma e LCD. Em fevereiro do ano passado, 44,6% das famílias tinham o eletroeletrônico. Cerca de 757 mil moradores passaram a utilizar a nova tecnologia.

"Levando como base o consumo de televisão, a qualidade de vida da população melhorou", pontuou o professor de Macroeconomia e História do Pensamento Econômico Vladimir Sipriano Camilo, que ministra aulas na FSA (Fundação Santo André).

Os aparelhos de televisão estão em plena evolução. E cada vez que uma TV é lançada, outra que está no mercado já é considerada velha. Esse processo é comum entre os eletroeletrônicos. E, por isso, o preço médio cai. As fábricas aumentam a escala de produção das novas tecnologias, os consumidores compram cada vez mais, as lojas ficam com os estoques antigos e para vendê-los, a solução é reduzir os preços.

Exemplo disso é o fim da fabricação de TVs de tubo. Desde o meio de 2012 que os produtores não entregam mais esse aparelho, disse o coordenador dos cursos de Engenharia da Computação e Engenharia de Produção 2.0. da Fiap, Almir Meira Alves.

O professor de Engenharia de Computação João Carlos Lopes Fernandes, do Instituto Mauá de Tecnologia, exemplifica a esteira dos preços com uma das tecnologias atuais, a LED. "Ela é bem mais fina e chegou a custar, quando entrou no País (há aproximadamente três anos), cerca de R$ 20 mil. Hoje você encontra preços bem menores", lembrou. Ele acrescentou que o mesmo ocorria em décadas passadas. As TVs eram artigos de luxo e alguns anos depois barateavam. Isso ocorreu na transição das tecnologias de válvulas, que o aparelho tinha que esquentar para ligar, para a de transistor, de troca de elétrons que acelerava o processo.

OFERTA DE CRÉDITO - A década de 1970 foi um marco para a TV no Brasil. A Copa do Mundo de Futebol do México foi a primeira transmissão a cores no País, em caráter experimental, realizada pela Embratel. Serviu como estímulo para aguçar o desejo da população. De lá para cá, esse evento foi muito usado pelas fabricantes como marketing.

Em 1972, apenas, a Festa da Uva, em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, foi filmada para a primeira transmissão a cores pública do País. Daí para frente, a TV colorida começou a dar os primeiros passos em território nacional, mas só deslanchou mesmo na década de 1980, junto com o surgimento dos controles remotos.

Até esse momento chegar, quem viveu na década de 1970 ainda desejava o televisor preto e branco, caro, grande e pesado. "Usado como um móvel à parte", relatou Alves. Conforme anúncio publicado em 1970 no Diário, uma TV Telefunken de 23 polegadas custava, a preços de janeiro de 2013, R$ 3.751 à vista.

Em 1977, por exemplo, os preços foram tão longe que para comprar uma TV Colorado COC Três Cores de 56 centímetros, o consumidor gastava, a preços de hoje, R$ 9.709. Se a opção era parcelar, pagava 12 prestações de R$ 1.378.Foi a partir de 1990 que as televisões quebraram o limite de 20 polegadas. "Era comum aparelhos de 29 polegadas", destaca Alves. E dessa época para cá a corrida tecnológica acelerou, o consumidor viu suas TV de tubo, com controle, tela plana e de plasma ficarem velhas em duas décadas. Os preços caíram e a oferta de crédito aumentou.

Atualmente, varejistas vendem aparelhos de LCD, LED e LED 3D em dez, 15 e até 20 vezes. "Aumentou a facilidade para ter uma televisão", avaliou Camilo, da FSA. Com isso, a demanda está mais forte, as empresas não perdem tempo e desenvolvem novos produtos. Para Alves, da Fiap, em alguns anos, talvez na Copa de 2018, teremos o auge da tecnologia Oled, que na teoria terá qualidade até oito vezes superior à LED, que deverá ficar muito barata, dando continuidade à tendência.

 




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