O então candidato do PSB, Eduardo Campos, com 9% das intenções de voto, que morreu num acidente aéreo no dia 13 de agosto, apostava em promessas como o passe livre estudantil, escolas em tempo integral para todos alunos da rede pública, fim do fator previdenciário e aumento dos gastos com saúde.
Ungida substituta do ex-governador na chapa pessebista, Marina inverteu o discurso. Deu uma pausa nas promessas dispendiosas e passou a refazer o movimento de aproximação com o mercado que seu antecessor já havia feito no primeiro semestre. Suas falas mais recentes enfatizam a defesa do tripé formado por superávit fiscal, meta de inflação e câmbio flutuante. No primeiro ato de campanha, no Recife, no sábado, 24, ela destacou a necessidade de combate à inflação.
Por outro lado, a campanha do PSB pôs em campo assessores econômicos da candidata para dar entrevistas procurando mostrar que ela vai tocar a economia de forma conservadora. Falaram recentemente Neca Setubal e o Eduardo Giannetti.
Outra questão importante no atual repertório de Marina é o "respeito às instituições". Em nota divulgada no domingo, 24, a candidata diz que a Coligação Unidos pelo Brasil vai respeitar as "instituições que sustentam o Estado de Direito".
O objetivo, segundo ela, é evitar "qualquer interpretação errônea sobre o compromisso com os marcos constitucionais que regem as relações da sociedade com o Estado brasileiro".
Outra característica importante de Campos era sua abertura para alianças com outros partidos, repetindo o que havia feito em seu governo em Pernambuco. Marina, nessa época, mantinha um discurso duro em relação a alianças partidárias. Com a saída de Campos de cena e o crescimento de Marina nas pesquisas, o discurso da campanha está mudando. Ela já faz acenos para setores do PT e do PSDB para indicar que conseguirá governar caso seja eleita.
Promessas
Após a morte de Campos e do luto que paralisou a campanha, Aécio voltou à cena com um figurino bem diferente do adotado no primeiro semestre, quando apresentava-se como o candidato da austeridade.
Enquanto o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que coordena o programa do tucano na área econômica, dava entrevistas dizendo que o gasto público deveria ser limitado por lei, Aécio citava uma máxima de seu avô, Tancredo Neves: "É proibido gastar". "Se precisar passar quatro anos devendo popularidade para fazer o que precisa ser feito, vou fazer. Que venha outro depois para colher os louros", disse em abril.
Em eventos com empresários, o candidato chegou a defender a flexibilização das leis trabalhistas em alguns setores da economia, como o turismo.
Na retomada da campanha, porém, o tucano passou a fazer promessas que elevariam o gasto público, mas sem explicar de onde viriam os recursos. Em visita a um abrigo de idosos no domingo, Aécio prometeu que, se eleito, ampliará os benefícios pagos aos aposentados, complementando a renda destes com valor adicional para a compra de medicamentos. A proposta faz parte de um programa chamado Digna Idade. Os detalhes do programa, segundo o presidenciável, ainda serão definidos por sua equipe econômica. Ao ser questionado de onde viriam os recursos, Aécio partiu para o ataque ao governo da presidente Dilma Rousseff.
Em passagem por Salvador no sábado, o tucano reuniu as grandes lideranças do partido na região e aliados de outras siglas para anunciar a grande "vitrine" de sua candidatura na região: o programa "Nordeste Forte". Entre outras promessas, o projeto prevê elevar a renda per capita, Ideb e IDH da região semiárida da região Nordeste em dez anos. E ainda "garantir", em quatro anos, que a renda per capita mínima das famílias nordestinas seja de US$ 1,25 por dia. Na prática, a promessa significa um complemento aos rendimentos dos nordestinos beneficiários do Bolsa Família.
Para agradar aos sindicalistas que o apoiam, o tucano mandou sua equipe produzir materiais específicos de campanha para os "trabalhadores" onde garante a "manutenção das leis trabalhistas". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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