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Pela 2ª vez, candidatos esquecem as propostas

Debate é marcado por ataques à gestão Alckmin, que não fica na defensiva e rebate adversários

Por Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
26/08/2014 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


O governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi o grande alvo de ataques no segundo debate televiso, realizado ontem, por SBT, Folha de S.Paulo, portal Uol e Rádio Jovem Pan, entres os candidatos ao Palácio dos Bandeirantes. E, assim como no evento organizado no sábado pela Rede Bandeirantes, faltaram propostas aos postulantes ao comando da gestão.

Esta foi à primeira aparição de Alckmin perante seus adversários. No sábado, o tucano não compareceu devido a um quadro de infecção intestinal, que o levou a internação hospitalar por dois dias (veja mais abaixo).

Novamente a toada do confronto entre os postulantes foi concentrada em críticas à atual administração do que propriamente às propostas de plano de governo.

O tom mais incisivo ficou com o postulante Paulo Skaf (PMDB), principalmente em assuntos relacionados à Segurança pública. Atual segundo colocado nas pesquisas de intenções de voto, mas ainda longe de evitar vitória de Alckmin no primeiro turno, ele citou índices de criminalidade em praticamente todas suas inserções. Padilha também direcionou ataques ao tucano, porém adotou discurso mais na linha comparativa entre o governo federal e Estado. O petista buscou de maneira incisiva associar sua imagem à da presidente da República, Dilma Rousseff (PT), e à do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Com fala voltada mais à prestação de contas de sua gestão, Alckmin não ficou na defensiva. No confronto direto com Skaf, o tema Segurança foi trazido à tona e o tucano não hesitou em lembrar que o PSDB herdou o governo do Estado de Luiz Antônio Fleury Filho (PMDB), atualmente coordenador do plano de combate à violência na campanha de Skaf.

“Nossa gestão trabalha investindo muito em Segurança e nós herdamos um governo do seu partido (ao falar diretamente com Skaf), comandado pelo Fleury (ex-governador de São Paulo, entre 1991 a 1994), que hoje coordena sua campanha. Na aquela época, os policiais não tinham nem gasolina nos carros”, retrucou.

Em segundo debate consecutivo, Skaf não escondeu constrangimento ao ser questionado quem é seu candidato à Presidência da República. O peemedebista tem evitado falar que apoiará Dilma e, no evento na Rede Bandeirantes, disse que depositará confiança em Michel Temer (PMDB), vice na chapa. A estratégia foi adotada ontem, de novo, mas Skaf foi alfinetado por outros adversários. “Não escondo minhas escolhas e minha bandeira”, afirmou Padilha, ao ser contestado por Skaf sobre efetividade da estadualização do Programa Mais Médicos.

O questionamento ao posicionamento de Skaf foi, novamente, levantado por Laércio Benko (PHS). “Acho que a população está mais preocupada com propostas do que em escolha”, esquivou-se Skaf. Na réplica, Benko alfinetou o rival. “A população precisa conhecer quem vamos escolher como nossos líderes. Não há problema em falar sobre isso. A minha escolha é a Marina Silva (do PSB).”

Alckmin exalta investimento de 30% na área da Educação

Júnior Carvalho<br>Especial para o Diário

Governador e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin (PSDB) rebateu as críticas do petista Alexandre Padilha sobre Educação. Ao responder ao petista sobre problemas no setor, o tucano ressaltou o fato de, segundo ele, São Paulo ser o único Estado a dispor anualmente de 30% do Orçamento na área. “Nosso compromisso com Educação é bem diferente do PT. A prefeitura de São Paulo, sob comando do PT (com Fernando Haddad como prefeito), reduziu os gastos (na área) para 25%, enquanto nós somos o único Estado a investir 30%”, frisou.

Alckmin evitou ataques mais explícitos aos adversários. O tucano optou por defender as ações do seu governo e corrigir quaisquer números negativos apresentados pelos opositores. Ao questionar o candidato do PHS, Laércio Benko, sobre propostas para o Transporte e Mobilidade Urbana e ouvir críticas sobre demora para conclusões de obras no Metrô como resposta, o governador aproveitou para destacar a construção de 101 quilômetros em linhas metroviárias neste ano.

Ao comentar pergunta feita por jornalistas a Padilha sobre a crise hídrica, Alckmin voltou a citar a falta de chuvas e cravar que o Estado passa pela “maior seca da história”. O tucano ressaltou os investimentos que a atual administração faz para solucionar o problema, como a construção do reservatório de São Lourenço, além de oferecer descontos nas contas de água como forma de incentivar a economia.

Na defesa de críticas sobre falta de investimento na Habitação, o governador salientou destinar 1% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para subsidiar a construção de moradias populares.

Paulo Skaf defende proibição de mascarados em protestos

Postulante do PMDB ao Palácio dos Bandeirantes, Paulo Skaf defendeu veementemente a proibição de mascarados em protestos. A declaração foi dada quando o peemedebista comentava a pergunta feita por jornalistas ao governador e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin (PSDB), sobre os motivos de ele ainda não ter sancionado a lei que veda a participação de manifestantes cujos rostos não possam ser identificados.

Skaf criticou a demora de Alckmin em promulgar a nova medida e afirmou que, “se fosse governador, já teria sancionado”. “Quem usa máscara é porque quer fazer coisa errada”, avaliou o peemedebista. Apesar de também contestar uso de máscaras em protestos, Alckmin não respondeu de prontidão os motivos de a lei ainda não estar em vigência, abrindo brecha para que Skaf voltasse a atacar o tucano.“Acho que o senhor não entendeu a pergunta. Por que o senhor ainda não sancionou a lei?”, questionou o peemedebista. Na tréplica, Alckmin então garantiu ser óbvio que sancionará a lei e alegou que está no prazo legal para publicar as novas normas.

De autoria do deputado estadual Campos Machado (PTB), a proposta prevê proibir “o uso de máscara ou qualquer outro paramento que possa ocultar o rosto da pessoa, ou que dificulte ou impeça a sua identificação” durante manifestações. O projeto foi aprovado pela Assembleia Legislativa no mês passado e o texto também foi assinalado pelo deputado Alex Manente (PPS) mais outros 13 parlamentares.

Durante as manifestações de junho de 2012, a prática de cobrir o rosto durante protestos foi frequentemente adotada por alguns participantes dos atos. Desde então, a atitude é estratégia exclusiva de black blocs, que protagonizam ataques ao patrimônio público e privado durante atos.

Padilha desconversa sobre as derrotas do PT em São Paulo

O petista Alexandre Padilha evitou apontar os motivos de o PT nunca ter governado São Paulo – o partido jamais venceu as eleições para o governo paulista. A pergunta foi feita pelo candidato do PMDB, Paulo Skaf, durante o terceiro bloco do debate.

Na nítida intenção em atacar veladamente Padilha e, ao mesmo tempo, o governador e candidato à reeleição Geraldo Alckmin (PSDB), Skaf quis saber do pupilo do ex-presidente Lula o porquê “de o PT nunca ter ganhado em São Paulo e o PSDB, que venceu os últimos cinco pleitos, não ter conseguido resolver os problemas do Estado”. Padilha desconversou e disse ter “muito orgulho de ter sido ministro do Lula e da Dilma” e, sem mensurar gastos, frisou investimentos que o governo federal fez em unidades do Minha Casa, Minha Vida em São Paulo e no Metrô paulista.

Durante a maior parte do debate, Padilha enalteceu sua trajetória nos governos petistas – foi ministro das Relações Institucionais e de Saúde – e citou mais de uma vez o Programa Mais Médicos. O petista, inclusive, utilizou o programa para atacar Alckmin.

Perguntando por jornalistas se fará racionamento de água caso seja eleito, Padilha descartou a hipótese e prometeu criar o programa Água Dia e Noite, promovendo obras para solucionar a crise hídrica, além de incentivar a economia de água. O petista, no entanto, não detalhou quais seriam as intervenções.

Padilha critica frequentemente o fato de o atual governo não assumir, segundo ele, que há racionamento de água velado e sustenta que alguns bairros na Capital paulistana já têm ficado sem água em algumas ocasiões.

Alckmin, por sua vez, nega haver racionamento enrustido e afirma que tem feito obras na área, além de oferecer descontos na fatura para quem economizar água.

Benko propõe gestão com 4 secretarias

Representante do PHS ao governo de São Paulo, Laércio Benko afirmou que vai cortar drasticamente o número de secretarias do governo de São Paulo casso seja eleito: reduzir das atuais 25 Pastas para apenas quatro.

Ao ser questionado por jornalistas sobre como pretende administrar presídios e a Fundação Casa, por exemplo, com estrutura administrativa enxuta, Benko rechaçou possíveis empecilhos. “Se quantidade de secretarias significasse eficiência, os governos federal e estadual seriam perfeitos. Esses exemplos citados ficarão sob responsabilidade da Secretaria de Segurança Pública. Outras questões ficarão ligadas à (Pasta de) Gestão Pública. Criaremos também a Secretaria de Qualidade de Vida”, salientou. A quarta Pasta proposta por Benko é a de Desenvolvimento Sustentável.

Grande parte dos opositores tem defendido o corte de custos com cargos comissionados e prometendo utilizar recursos resultantes dessa economia em diversas áreas.

Postulante do PRTB, Walter Ciglioni ironizou a proposta do adversário. “Como que eu vou fixar uma Secretaria de Educação e manusear tudo com a Secretaria da Justiça?”, questionou. Benko, por sua vez, pediu que o eleitor “dê essa oportunidade” para a nova política. Candidato do PV, Gilberto Natalini prometeu “se preocupar muito com a corrupção” em seu eventual governo, enquanto o nome do Psol, Gilberto Maringoni, voltou a criticar o financiamento privado de campanhas.

Duda Mendonça maestra peemedebista

Conselho ao pé do ouvido do publicitário Duda Mendonça ao candidato do PMDB, Paulo Skaf, foi uma das curiosidades que marcaram os bastidores do debate entre os postulantes à sucessão Estadual, realizado ontem, pelo SBT, em parceria com a Folha de S.Paulo, UOL, e Rádio Jovem Pan.

O marqueteiro, que ganhou fama nacional após comandar a campanha vitoriosa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, há tempos fugia dos holofotes. Ontem, no entanto, Duda mostrou sua sinergia de outrora e se alçou como protagonista, invadindo o cenário nos intervalos para orientar seu cliente justamente em atividade em que o marketing tem de ser deixado de lado.

Antes, porém, o publicitário afirmou que pouco orienta Skaf. “Ele é muito ativo e avalia todos os materiais. Não preciso trabalho para transformá-lo em artista”, explicou.

O clima entre os postulantes foi de total cordialidade antes do embate. Houve atenção com a saúde do tucano Geraldo Alckmin, ausente no debate de sábado por conta de infecção intestinal, que o deixou internado por dois dias. “Já está recuperado governador?”, perguntou o candidato do PV, Gilberto Natalini. Alckmin respondeu a todos com gentileza.

Ao término do confronto, o clima foi de tranquilidade. Correligionário de Alexandre Padilha (PT), o prefeito da Capital Fernando Haddad classificou como positiva a participação do colega de sigla. “Acho que o Padilha foi muito bem. Se mostrou seguro e fez observações importantes”, avaliou.




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