Obra do cantor e compositor, um passeio de 40 minutos,
chega aos ouvidos com dez canções e despida de rótulos
Roqueiro, bluseiro, músico incansável, paulistano, brasileiro, Nasi, dono daquela voz rouca e tão conhecida de tantos e tantos discos, segue na estrada da arte e tira da cartola mais um título para sua já recheada discografia. Perigoso (Coqueiro Verde, R$ 20,90 em média) também está disponível para audição no site www.albumvirtual.trama.uol.com.br/lancamentos.
A nova obra do cantor e compositor, um passeio de 40 minutos, chega aos ouvidos composta por dez canções e despida de rótulos, diversificada. O músico traz blues, rock e, sim, boas pitadas de country que, segundo ele, fazem parte do mesmo DNA.
"Chega de rótulos. Muddy Waters (músico norte-americano de blues) disse numa música que o blues teve um filho e o chamaram de rock'n'roll. Rock para mim é mais que um gênero musical, é uma forma de interpretar. Rótulo serve para as estantes", diz Nasi.
Cinco faixas são autorais, inéditas. "Nada estava guardado. São todas composições bem recentes, que pintaram em parceria com Johnny Boy e o Nivaldo Campopiano neste ano", afirma o compositor.
A outra metade não. Ele as escolheu a dedo para preparar sua própria versão. "De um modo geral escolhi músicas cujas letras tinham algo de confessional para mim, ou seja, diziam algo sobre o que eu estava vivendo ou querendo dizer. Da parte musical são autores e gêneros que me agradam e fazem minha cabeça."
Das que Nasi assina, Feitiço Na Rua 23tem clima cafajeste. Amuleto, com piano, violão e bateria tocada com vassourinha, volta no tempo e traz chiados do bom e velho vinil na abertura. A música que leva o nome do disco traz clima country, dançante e com belo trabalho vocal e boas pitadas da receita de Johnny Cash.
Entre as descobertas recentes de Nasi, está a música do cantor carioca Demétrius, hoje morador de São Bernardo.
"Como É Que Vou Poder Viver Tão Triste, que é do Demétrius, gravada pelo Paulo Sergio, foi algo recente . Eu queria gravar e homenagear esse grande cantor da Jovem Guarda", diz.
Quem abre o disco é Dois Animais Na Selva Suja da Rua, de Taiguara - gravada por Erasmo Carlos em 1971. As Minas do Rei Salomão, de Raul Seixas e Paulo Coelho, também ganha nova roupagem.
"Desde o início do ano comecei a ouvir e pré-selecionar muita coisa. O que determinou a escolha foram os resultados dos ensaios e das ideias de arranjo. Muitas que pensei em gravar acabaram ficando para trás neste momento", afirma.
Como exemplos ele cita Ama Teu Vizinho, de Sá , Rodrix e Guarabyra, e São Tantas Coisas Na Vida, da pernambucana Eddie. "Até algumas composições próprias acabaram ficando de fora porque ainda estavam inconclusas", revela Nasi.
Gravado em um mês, Perigoso tem jeito de disco à moda antiga. Além do tempo de duração, 40 minutos, a média que tem um LP, e que, segundo Nasi, foi pensado propositadamente. "Eu me propus a fazer como nos tempos do vinil - lado A e lado B. Essa coisa de fazer discos longos por causa da capacidade de tempo que a mídia do CD tem, eu acho uma bobagem", diz. Além disso, Perigoso tem sonoridade orgânica, com os músicos tocando juntos no estúdio, no formato de banda ao vivo.
Buscar reinvenção, se renovar não é tarefa fácil. Se essa era a sugestão, pode-se dizer que Nasi saiu vitorioso.
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