Economia Titulo Sem desânimo
População ignora a
chuva e faz compras

Apesar de movimento intenso, lojistas fazem balanço prévio
e esperam Natal fraco; alta foi de 1% em comparação a 2011

Erica Martin
Do Diário do Grande ABC
23/12/2012 | 07:03
Compartilhar notícia


 

A chuva de ontem não desanimou os consumidores que deixaram para fazer as compras de Natal na última hora. No comércio da Rua Marechal Deodoro, em São Bernardo, o movimento era intenso, por volta das 17h. “Quando saí de casa já estava chovendo, mas como não tive tempo para comprar os presentes em outro dia, tive de vir hoje (ontem) mesmo”, explicou a babá Lira Paula de Moraes, 25 anos.

No Grand Plaza Shopping, em Santo André, os clientes que não fizeram a compra antecipada tiveram de exercer a paciência. “Eu estava quase desistindo. Fiquei 40 minutos para conseguir estacionar o carro”, disse o administrador Vlamir Carvalho, 48 anos.

No mesmo centro de compras, as clientes da loja Martinez, de calçados femininos, formavam fila do lado de fora para comprar pares de sapato por R$ 49,99. As atendentes tiveram de organizar o fluxo de entrada das consumidoras para evitar tumulto no recinto. “Estamos atendendo cerca de 600 pessoas por dia. Em um dia normal são, em média, 300”, explica a gerente geral da loja, Silvia Silveira.

No ParkShopping São Caetano, a circulação nos corredores também era intensa, por volta das 15h30 de ontem. Porém, em relação aos demais centros comerciais, o movimento foi um pouco menor. “Chegamos mais cedo com receio de estar lotado, mas está tranquilo, nem pegamos fila para pagar”, comentou a assistente de marketing, 35 anos, moradora de São Caetano, Camila Bottechi.

VENDAS FRACAS - Apesar do movimento nos comércios ontem e que deve se repetir hoje, os lojistas não estão animados quanto ao balanço prévio das vendas natalinas. “O crescimento das vendas em dezembro, até agora, foi de apenas 1% em relação a 2011, a expectativa era que houvesse avanço de pelo menos 10%”, salientou Leandro Shoshima, proprietário da loja de cosméticos Mahogany, do Grand Plaza e do Shopping Metrópole.

Mércia Soeda, gerente da joalheria Goldstein, em São Bernardo, já espera queda de 25% no faturamento, na comparação com o Natal de 2011. “Vendemos apenas metade na comparação com o ano passado. As pessoas se endividaram e agora a prioridade é pagar essas contas”, explica.

O presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Evenson Dotto, explica que o pouco otimismo em relação às compras de fim de ano é sentido em todo o comércio do Grande ABC. “Parece que o Natal ainda não começou, o pessoal não está muito animado. A disputa pelo dinheiro do consumidor está mais acirrada porque ele está comprando outros produtos, como casa própria e carro. Portanto, a parte disponível para despesas é cada vez menor.”

O presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura, acrescenta que o fraco desempenho da economia também brecou as compras. A previsão do Banco Central é que o PIB (Produto Interno Bruto) cresça apenas 1% neste ano.

Mais cautelosos, consumidores diminuem gastos

A pouca animação dos lojistas com as vendas deste Natal não é em vão. O consumidor está realmente mais cauteloso na hora de gastar. É o caso da relações públicas Gabriela Antunes Cano, 23 anos, que gastou cerca de R$ 1.000 com os presentes neste Natal. “No ano passado o valor desembolsado foi bem maior, mas como em janeiro me apertei para pagar as contas, decidi economizar”, disse.

A assistente financeira de Santo André Cláudia Gomes, 44 anos, também preferiu colocar o pé no freio. “Gastei R$ 500 com os presentes neste ano. Em 2011 foi pelo menos R$ 1.000. Meu marido está desempregado e tivemos de economizar. Decidimos até cancelar o amigo-secreto”, explicou.

As pesquisas já apontavam a cautela do consumidor. O estudo Natal de 2012, do Observatório Econômico da Faculdade de Administração e Economia da Universidade Metodista de São Paulo, indicou que as compras de Natal injetariam cerca de R$ 307 milhões na região – apenas 2,3% a mais do que no mesmo período de 2011. O motivo foi o pouco crescimento da atividade econômica em 2012.

Mesmo com o pagamento do 13º salário, que ajudaria a alavancar o consumo, levantamento da Anefac Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) mostrou que a maioria dos brasileiros, 61%, pretendia utilizar a renda extra para liquidar dívidas.

 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;