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Mortes no trânsito
caem 20% em 10 anos

Número de vítimas fatais teve queda mesmo
com aumento de 87,1% da frota no período

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
03/08/2014 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O número de mortos no trânsito do Grande ABC teve queda de 20,2% entre 2002 e 2012, segundo o DataSUS (banco de dados do Ministério da Saúde). As estatísticas de 2012 são as mais recentes divulgadas pela Pasta. A redução é considerada surpreendente por especialistas, principalmente se levado em conta que, no mesmo período, a frota total de veículos na região cresceu 87,1%, de acordo com o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).

De 2002 a 2012, 2.631 mortes foram registradas na região. No último ano avaliado, foram 189 óbitos, contra 237 em 2002. Das sete cidades do Grande ABC, cinco reduziram o total de vítimas fatais em dez anos: Santo André (-39,3%), Mauá (-37,5%), São Bernardo (-16%), Diadema (-13,3%) e Rio Grande da Serra, que não teve registros em 2012, ante um ocorrido em 2002. Ribeirão Pires manteve os mesmos 14 óbitos e São Caetano aumentou de duas para oito pessoas mortas.

O total de pedestres que perderam a vida também teve queda. Foram 66 vítimas em 2012, 18,5% menos que em 2002. Somados todos os anos, o número chega a 977. Por outro lado, os acidentes fatais envolvendo motociclistas chamam a atenção: houve aumento de 95,4%, passando de 22 para 43. O pico ocorreu em 2005, quando foram contabilizados 106 mortos (veja tabelas e gráfico ao lado).

Na comparação com os índices de todo o País, a região apresentou resultados satisfatórios. A média registrada em 2012 era de 7,32 vítimas fatais no trânsito a cada 100 mil habitantes. A proporção nacional é de 23,7 óbitos por 100 mil habitantes. Nenhum dos municípios do Grande ABC foi superior ao indicador brasileiro.

Para o presidente do Instituto Brasileiro de Ciências do Trânsito, José Almeida Sobrinho, a redução observada na região é positiva. “Houve um trabalho bom no sentido de melhorar a segurança da circulação, seja por meio de ações educativas ou de intervenções viárias.”

No entanto, o especialista considera que, mesmo com a diminuição, as estatísticas regionais ainda são alarmantes. “A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera como razoável um patamar de quatro mortes por 100 mil habitantes.”

Professor da Universidade Mackenzie e especialista em Mobilidade Urbana, Luiz Vicente Figueira de Mello Filho considera que houve forte trabalho de conscientização da população, mas que as ações não foram, necessariamente, feitas pelas prefeituras. “As campanhas promovidas pelos ministérios das Cidades e dos Transportes, veiculadas na televisão, atingiram ao público.”

A coordenadora do GT (Grupo de Trabalho) de Mobilidade do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Andrea Brisida, vê tendência de estagnação nos números de 2013 e 2014, já que as ações regionais de Educação no Trânsito perderam força. “Estamos em fase de contratação de empresa que irá fortalecer o Programa Travessia Segura”, comenta, referindo-se à campanha de proteção ao pedestre.

Em relação aos números de São Bernardo, onde, segundo o DataSUS, morreram 63 pessoas no trânsito em 2012, a Prefeitura faz ressalvas. O especialista em Planejamento da Secretaria de Transportes e Vias Públicas da cidade, Maurício Pereira, afirma que a estatística engloba as rodovias Anchieta, Imigrantes e Índio Tibiriçá e que, considerados apenas os casos que aconteceram nos corredores sob jurisdição municipal, os números são menores. “Independentemente disso, a imprudência ainda é a principal causa das ocorrências.”

A Prefeitura de Ribeirão Pires diz adotar, durante todo o ano, ações educativas e de fiscalização, além de reforçar a sinalização viária. Rio Grande da Serra atribui a responsabilidade pelas operações de redução de acidentes à Polícia Militar Rodoviária. As administrações dos demais municípios foram procuradas para comentar os dados, mas não se manifestaram.

Maioria dos envolvidos em acidentes tem entre 20 e 29 anos

Homem, entre 20 e 29 anos. Esse é o perfil da maioria das vítimas fatais de acidentes de trânsito no Grande ABC. Cerca de 29,9% dos mortos têm essa idade, enquanto 81,4% do total são homens. De acordo com o DataSUS, 56,5% dos envolvidos nas ocorrências morreram em hospitais, enquanto 34% perderam a vida em vias públicas.

Para o presidente do Instituto Brasileiro de Ciências do Trânsito, José Almeida Sobrinho, características de personalidade explicam esses perfis. “O pessoal de 20 a 29 anos é mais impulsivo, tem mais energia e menos preocupação. Em relação ao sexo, os homens têm comportamento mais agressivo, o que acaba gerando acidentes graves.”

A coordenadora do GT (Grupo de Trabalho) de Mobilidade do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Andrea Brisida, acrescenta outra preocupação em relação aos jovens: o celular. “Agora, além de falar, pedestres e motoristas teclam enquanto se locomovem.”




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