Setecidades Titulo Tragédia
Menino insistiu para
jogar bola na chuva

Guilherme Ferraz Romanha foi atingido por raio e morreu em
Ribeirão Pires; amigo também foi ferido e continua internado

Por Cadu Proieti
Do Diário do Grande ABC
22/12/2012 | 07:00
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A vontade de jogar futebol acabou tirando a vida do pequeno Guilherme Ferraz Romanha, 11 anos, precocemente. Os garotos que brincavam com bola no Estádio Municipal Vereador Valentino Redivo, na  Vila Gomes, em Ribeirão Pires, pararam o jogo por conta da forte chuva que caía sobre a cidade na tarde de quinta-feira. Gui (como era chamado pelos amigos) insistiu para que a partida continuasse porque a chuva tinha diminuído. Instantes depois de entrar em campo, foi atingido por raio e morreu.

O relato foi feito pelos colegas ontem, durante o velório do estudante em Mauá. "Como estava chovendo muito, resolvemos parar. Só que a tempestade passou rápido e o tempo limpou. Então, o Gui pediu para a gente voltar porque ele ainda não tinha jogado. Decidimos ficar e acabou acontecendo essa tragédia", relatou Diego Moraes, 17, um dos amigos de futebol.

Os amigos contam que Guilherme não estava entre os reservas por que jogava mal. O menino só não era um dos principais jogadores por conta da pouca idade. Por ser bom de bola, era aceito entre os garotos mais velhos, que tinham entre 13 e 18 anos.

"O futebol era a vida dele. O Gui jogava muito. Seria camisa 10 de qualquer time grande. Adorava bola e estava sempre junto com a gente", disse Lucas Camargo, 13, que presenciou o acidente.

Os garotos do Jardim Esperança, em Mauá, onde Guilherme morava, já estavam acostumados a se reunir para jogar bola na rua. Por estarem de férias, resolveram usar pela primeira vez o campo do estádio da Vila Gomes, que fica a cerca de 2,5 quilômetros do bairro onde residem.

Ontem, durante o velório de Guilherme, no Cemitério do Jardim Santa Lídia, em Mauá, Bruno Ramalho, 17, que tentou socorrer Guilherme após o raio, relatou o momento do incidente. "Estava perto. Na hora, vi um clarão e saí correndo. Quando olhei para trás, vi dois no chão. Voltei e o Gui já estava sem reação. Não imaginávamos que pudesse acontecer uma coisa dessas. É muita tristeza, porque ele era como um irmãozinho para mim", disse.

Cerca de 100 amigos e parentes acompanharam emocionados o cortejo do corpo e o enterro do menino. Uma bandeira do Corinthians, time do coração de Guilherme, foi colocada sobre o caixão. Em seu perfil do Facebook, ele aparecia em várias fotos com a camisa do clube alvinegro. Após o fechamento da sepultura, os presentes homenagearam o garoto com uma longa salva de palmas.

O menino era filho único e morava com a mãe, Aline Jessica Romanha, na casa da avó. Amigos próximos contaram que o pai é falecido. Nenhum familiar quis dar declarações sobre o ocorrido.

Outra vítima

Além de Guilherme, o garoto Ederson Tomas da Costa, 14, também foi atingido pelo raio no campo. O jovem foi levado à Santa Casa de Mauá, onde foi internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Durante a tarde de ontem, foi liberado e encaminhado ao quarto, onde segue em observação. O menino sofreu apenas corte no lábio e passa bem. "Ele está consciente, mas muito abalado. Graças a Deus, meu irmão escapou", disse Emerson Tomás da Costa, 23 anos.

Até o fechamento desta edição, não havia previsão de alta.




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