Os trabalhadores da Mangels, que estavam em greve desde sexta-feira, aprovaram ontem, em assembleia na frente da fábrica em São Bernardo, o retorno ao trabalho. Isso após a companhia ter assumido o compromisso, em reunião com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC na segunda-feira, de negociar com a entidade condições financeiras e sociais adicionais (como auxílio para a recolocação no mercado e a oferta de cursos de qualificação) para todos os 380 empregados da unidade fabril, que será fechada até o fim de janeiro.
Além disso, a empresa também se comprometeu a não demitir ninguém até dia 18 de janeiro, para que, nesse meio tempo, possa-se chegar a um acordo para a definição das condições da demissão desses empregados.
Segundo o diretor executivo do sindicato, Nelsi Rodrigues, o Morcegão, diante do anúncio da impossibilidade de se encontrar outra saída que não fosse o fechamento da planta industrial, o objetivo agora é negociar com a metalúrgica valores para o pagamento do pessoal que será demitido e também outros tipos de ajuda. "Tem pessoas que estão há 25 anos na empresa e não sabem preparar um currículo, é preciso prepará-las para encontrarem outro emprego", disse.
O presidente da Mangels, Robert Max Mangels, informou, por meio de comunicado, que o motivo do encerramento das atividades na cidade - onde a empresa faz aço relaminado e serviços de decapagem (retirada de impurezas e da oxidação desse metal) - foi a necessidade de reduzir custos e permitir a venda dos ativos (imóvel e maquinários) visando melhoria da rentabilidade e garantia de foco em negócios considerados estratégicos, nos quais a Mangels é líder. A empresa tem fábrica de rodas de liga leve e de cilindros em Três Corações (MG).
Segundo dirigentes sindicais que participaram da reunião na segunda-feira, o executivo da metalúrgica, expôs que a concorrência com grandes empresas do segmento e a desvalorização de 20% do aço relaminado nos últimos dois anos dificultaram a continuidade das operações na região. Conforme balanço da fabricante, de janeiro a setembro, a Mangels acumula prejuízo líquido de R$ 24,8 milhões, bem mais que as perdas de R$ 4 milhões no mesmo período de 2011.
OUTRA FÁBRICA - Morcegão acrescentou que, mesmo com o fim das atividades da Mangels, o sindicato também vai procurar conversar com os governos municipal e estadual, para garantir que outra fabricante ocupe as instalações no local. "Temos poucas áreas industriais e essa tem 100 mil m² de terreno e 49 mil m² de área construída; achamos que é possível trazer outra indústria para cá", afirmou.
TRISTEZA - Apesar de aprovarem o retorno ao batente, os trabalhadores da Mangels na região viram com desânimo a notícia de que vão voltar ao trabalho e perderão o emprego dentro de um mês. "Agora é esperar as negociações", diz Luís Passarinho, 46 anos, que está há cinco na fábrica.
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