Mau desempenho da indústria contribui com queda na receita,
que soma R$ 57,4 bilhões até outubro, segundo o INA-PSA
A economia do Grande ABC, de janeiro a outubro, movimentou R$ 57,4 bilhões, 3,6% a menos do que no mesmo período do ano passado, quando o faturamento atingiu R$ 59,6 bilhões. Os dados do INA-PSA (Indicador do Nível de Atividade da Prefeitura de Santo André) foram disponibilizados com exclusividade à equipe do Diário. A queda de R$ 2,2 bilhões na receita pode ser explicada pelo longo período de real supervalorizado - em maio, o câmbio atingiu a casa dos R$ 2, patamar não alcançado desde meados de 2009, porém, durante o ano passado inteiro, ficou entre R$ 1,55 e R$ 1,85. O cenário enfraqueceu fortemente a indústria, que ficou sem preço para competir no Exterior e, internamente, passou a sofrer com a concorrência desleal dos importados, que, favorecidos pelo baixo custo, acabaram se firmando no mercado.
"A indústria foi o ‘patinho feio' deste período. Os setores de metalurgia e bens de capital não estão bem", afirma Dalmir Ribeiro, responsável pelo estudo e diretor do Dise (Departamento de Indicadores Sociais e Econômicos) da Secretaria de Desenvolvimento Econômico andreense. "Para conseguir barrar a entrada de importados é preciso que o dólar chegue a R$ 2,30. Para retomar a competitividade, como era em 2006 e 2007, quando tínhamos diversos mercados garantidos, será necessário alcançar R$ 2,50."
O resultado impactou no faturamento das indústrias, que de janeiro a outubro chegou a R$ 28,1 bilhões e, no mesmo período de 2011, foram R$ 29,5 bilhões. Em 2008, para se ter ideia, ano em que a economia estava a todo vapor até ser atingida pela crise financeira a partir de setembro, foram R$ 29,6 bilhões.
Mesmo com perdas, o setor industrial ainda é o mais forte da economia da região, com peso de 49% - em 2008 chegou a 53%; em 2010, já havia reduzido a participação para 51%. Serviços respondem por 38% do faturamento das sete cidades e, comércio, 13%. Para efeito de comparação, no Estado de São Paulo o peso da indústria é de 34%, de serviços, 51% e, do comércio, 14%.
O faturamento da indústria no Grande ABC no acumulado do ano recuou 4,9%, enquanto no Estado a redução foi mais branda, de 0,9%. O resultado impactou no total das receitas produzidas; em São Paulo foi 0,6% maior do que em igual período de 2011 e, no Grande ABC, 3,6% menor.
MUDANÇA - Embora o faturamento da região tenha sido inferior ao acumulado do ano passado, o montante de R$ 57,4 bilhões supera os alcançados de janeiro a outubro de 2010 (R$ 56,8 bilhões), 2009 (R$ 50,3 bilhões e 2008 (R$ 55 bilhões). O aumento do volume movimentado, porém, proveio do setor de serviços, que de 2008 para cá elevou as vendas em 21%, saltando de R$ 17,9 bilhões para R$ 21,6 bilhões. Seu peso na economia também foi ampliado, de 33% para 38%. "Serviços cada vez mais vêm ganhando participação da economia. Atividades de logística, materiais de transporte e informática, antes realizadas dentro das firmas, cada vez mais são feitas fora, por empresas terceirizadas", explica Ribeiro. As vendas no comércio praticamente se mantiveram, com leve queda de 0,8%, passando de R$ 7,6 bilhões em 2008 para R$ 7,5 bilhões em 2012. A participação na economia segue em 13%.
Com R$ 26,1 bi, São Bernardo tem maior faturamento da região
São Bernardo gerou receitas de R$ 26,1 bilhões de janeiro a outubro, o maior volume por município da região. O montante supera em 1,7% o total movimentado no mesmo período de 2008, quando a economia estava fortemente aquecida - o estopim da crise financeira se deu em setembro daquele ano. Os dados integram o INA-PSA (Indicador do Nível de Atividade da Prefeitura de Santo André), elaborado pelo Dise (Departamento de Indicadores Sociais e Econômicos) da Secretaria de Desenvolvimento Econômico andreense.
Na sequência, Santo André figura como a segunda cidade com maior receita do Grande ABC, com R$ 10,8 bilhões - 8,3% a mais que nos dez primeiros meses de 2008, não à toa, o município é o que mais cresce na oferta de serviços.
São Caetano e Diadema empatam na terceira colocação, com R$ 7,2 bilhões em faturamento cada. Para a economia são-caetanense, o número representa avanço de 0,4% frente ao acumulado de 2008, enquanto para a diademense, reflete perdas de 1,9%. Mauá movimentou R$ 4,8 bilhões, crescimento de 13,5% ante o mesmo período quatro anos atrás. Ribeirão Pires faturou R$ 1,2 bilhão, incremento de 18,2%. Rio Grande da Serra, a menor das sete cidades, registrou receita de R$ 139 milhões, aumento de 45,4% em sua economia.
NO MÊS - Ao analisar o desempenho da atividade econômica do Grande ABC apenas em outubro, com faturamento de R$ 6,2 bilhões, houve alta de 10% ante setembro. O montante, de acordo com o INA, foi o quarto melhor resultado mensal dos últimos cinco anos.
A reação foi puxada, segundo o diretor do Dise, Dalmir Ribeiro, pela indústria automotiva, que cresceu 61,3% ante setembro e 57,7% frente a outubro de 2011. "O setor conta com o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido, o que ajuda nas vendas internas, e o dólar está em R$ 2,08, facilitando o comércio exterior. Com o câmbio evoluindo assim, a retomada da indústria pode ocorrer em 2013."
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