Número de uniões desfeitas aumentou 46% entre 2010
e 2011, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE
Dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que os cartórios do Grande ABC registraram, em média, 17 divórcios por dia em 2011. No ano anterior, a média era de 12.
Ao todo, foram 6.264 divórcios contra 4.295 consumados em 2010. O aumento, de cerca de 46%, acompanha a alta nacional. No Brasil, o número de divórcios bateu recorde no ano passado e chegou a 351.153, crescimento de 45,6% em relação a 2010, quando foram registrados 243.224.
De acordo com o instituto, um dos fatores da alta em todo Brasil foi a mudança na Constituição Federal realizada em 2010, que diminuiu o prazo para se divorciar, tornando esta a forma efetiva de dissolução dos casamentos, sem a etapa prévia da separação. Muitos casais que estavam há anos separados oficializaram a ruptura da união com métodos menos burocráticos. Os divórcios entre casais com idade entre 30 a 34 anos foram os que mais aumentaram no período, 54%.
Para a coordenadora do curso de Ciências Sociais da Umesp (Universidade Metodista de São Paulo), Luci Praun, o aumento tem relação com a situação econômica vivida pelo País. "O crescimento da oferta de emprego auxilia as pessoas a tomarem decisões desse tipo. Separar e constituir a vida sozinho deixou de ser algo tão inalcançável. Vivemos em uma sociedade cujo modelo social de crescimento econômico é centrado no indivíduo e no consumo. Isso tem total interferência nas relações afetivas."
A longo prazo, segundo a professora, as mudanças também podem ser justificadas pela maior inserção das mulheres no mercado de trabalho e pelo crescimento da independência. "Hoje há sustento compartilhado de despesas. A mulher não mantém mais o casamento que não é do seu interesse."
Ao contrário do aumento na taxa de divórcio, o número de casamentos na região manteve-se praticamente o mesmo entre os dois anos. Foram 18.290 em 2010 contra 18.139 registrados no ano seguinte.
EXPERIÊNCIA
O divórcio da bancária Fernanda Palma Oliveira, 33 anos, foi assinado neste ano. Portanto não entra nas estatísticas divulgadas pelo IBGE, referentes ao ano passado. Mas reforça a tendência mostrada pelas estatísticas. O relacionamento com o antigo amigo foi assumido em fevereiro de 2009, no mesmo ano que oficializou o noivado e o casamento no regime civil. A união durou dois anos e sete meses. Os problemas com a família do ex-marido e algumas brigas causadas por ciúmes abreviaram a união. "Não tínhamos os mesmos sonhos. Achei que não iria superar, tamanha foi a dificuldade. Amei muito, mas virou amizade e carinho. Não me arrependo de nada. Vivi o que precisava viver", conta Fernanda, que mora com os pais no Jardim do Estádio, em Santo André, e está em outro relacionamento.
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