Política Titulo Palácio da Cerâmica
Auricchio afirma que
entrega gestão aprovada

Prefeito de São Caetano calcula que deixará R$ 100 mi
de restos a pagar para o peemedebista Paulo Pinheiro

Por Gustavo Pinchiaro
do Diário do Grande ABC
03/12/2012 | 07:00
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Passados quase dois meses da acirrada disputa pelo Palácio da Cerâmica, o resquício das rusgas eleitorais entre apoiadores do prefeito eleito de São Caetano, Paulo Pinheiro (PMDB), e do atual chefe do Executivo, José Auricchio Júnior (PTB), permanece. A situação financeira do Paço e problemas de gerenciamento público têm ocupado o debate na cidade.

Auricchio quebrou o silêncio e falou com exclusividade ao Diário sobre o tema. O petebista prometeu entregar a Prefeitura que a população chegou a aprovar em 90%, teto alcançado em 2011. "Acho que no período eleitoral isso foi desconstruído (o percentual ficou abaixo dos 50%). Mas vamos entregar a administração funcionando e com indicadores positivos. Índice de desenvolvimento se mede com três fatores: alfabetização, renda e taxa de mortalidade infantil. E nisso não há o que se falar."

No entanto, o prefeito assumiu e esclareceu as suspeitas levantadas pelo grupo peemedebista. O caixa municipal encerrará o ano com restos a apagar em torno de R$ 100 milhões. Esse montante é referente ao atraso de pagamentos a fornecedores que podem alcançar três meses. "Isso é praxe. Eu recebi assim do (prefeito Luiz) Tortorello (morto em 2004) e se não tivesse ganhado a reeleição em 2008 eu passaria com restos a pagar."

O acumulo do débito, segundo o petebista, é resultado da crise financeira mundial e da queda de arrecadação. "Não é nenhum bicho-de-sete-cabeças. Não é dívida consolidada e não estamos interrompendo nenhum serviço essencial. Vai ser normalizado no próximo ano." Auricchio alegou que o recolhimento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) registrou negativas de 2009 a 2011. "Conseguimos reverter em 2012. Vamos deixar um superávit de quase R$ 50 milhões. Um presente que eu não tive."

Segundo o prefeito, a LOA (Lei Orçamentária Anual) 2013, prevista em R$ 1 bilhão, determina o pagamento do débito. "A Câmara aprovou o Orçamento e não ouvi nenhum questionamento em relação aos restos a pagar", alfinetou, em referência a Pinheiro, que votou favorável ao projeto.

A suposta crise no abastecimento básico da cidade, como papel higiênico, medicamentos e até lençóis, foi veemente negada por Auricchio. A informação foi taxada de picuinha. "O nível de boataria é tanto que eles caem no ridículo de falar que não vou pagar 13º salário, ou suspender férias." Entretanto, o petebista destacou que existe racionamento na distribuição dos produtos. A medida foi tomada por conta do incêndio no galpão de armazenamento, no bairro Olímpico.

A transição tem corrido normalmente. Porém, as suspeitas levantadas não foram bem digeridas por Auricchio. "Nós demos abertura para mudarem os uniformes escolares, que eles falaram que eram ruins, e o calendário escolar. Disseram ‘não, continuem fazendo'. Agora só falta ele (Pinheiro) definir os secretários para tratar com os atuais ."

 

TCE multa chefe do Executivo por repasse de R$ 78 mil a sindicato

O TCE (Tribunal de Contas do Estado) multou o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PTB), em 160 Ufesps (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo), equivalentes a R$ 2.950, por conta de repasse de R$ 78,5 mil ao Sindicato dos Metalúrgicos da cidade.

De acordo com a corte, a subvenção destinada para programa que forneceu cursos de informática para a terceira idade não teve contas prestadas. Por isso, o tribunal determinou que a quantia fosse devolvido aos caixas municipais e aplicou a multa. "O Sindicato tem uma estrutura grande e vai conseguir prestar contas quando recorrermos. É passivo de ser sanado", disse o prefeito.

O presidente da entidade é Aparecido Inácio da Silva, o Cidão (PDT), que foi eleito vereador na coligação encabeçada pelo PTB. "Não sei o que houve. O curso ocorreu em parceria com o Instituto GM. Vamos resolver", disse o pedetista.

A licitação e o contrato para construção do Centro de Capacitação de Professores, vencida pela empreiteira Augusto Velloso no valor de R$12 milhões em 2009, também foram julgados irregulares pelo TCE. A decisão foi encaminhada ao Ministério Público. Ex-secretária de Educação e vereadora eleita, Magali Selva Pinto (PSD) também foi responsabilizada pela contratação da empresa.

"Eles consideram restritivo colocarmos um engenheiro para fiscalizar a obra. O parecer até me absteve de multa. Vamos recorrer e sanar esse erro formal. Não há possibilidade do Ministério Público investigar porque vamos corrigir", explicou Auricchio.

 

Petebista ironiza preocupação do PMDB com o sistema de Saúde

José Auricchio Júnior ironizou a preocupação exposta pela equipe do prefeito eleito, Paulo Pinheiro (PMDB), que encara a Saúde como o setor mais problemático. "Ora é a Segurança, ora é a Saúde. Primeiro eles precisam definir qual é a prioridade."

No argumento peemedebista, a Pasta passa por descontrole administrativo que tem refletido em desabastecimentos de remédios e complicações em atendimentos. A resposta do prefeito foi dada com dados e estatísticas de sua gestão. Exaltou a construção de dois hospitais, o de Emergências, em 2008, e o da Mulher, neste ano. O segundo é o principal alvo do futuro governo, que classifica a obra como "oca".

"Podem vir 25 prefeitos que nenhum vai conseguir construir um hospital por administração, isso foi histórico. Não adianta vir com nhé, nhé, nhé (sic) porque Saúde se mede com indicadores. E o nosso sistema é extremamente capaz e funcional. Quantas vezes eles entraram no Hospital da Mulher? Nenhuma. O Hospital vai começar a funcionar agora, realizando os primeiros partos."

O segundo argumento do petebista é o índice de crianças mortas por cada mil nascidas. "Temos seis mortas para cada mil. Isso é um índice de países europeus nórdicos, não é nem de América do Norte, lá é entre oito e dez. Talvez a Saúde seja sim um grande desafio, o de melhorar. Eu fiz a minha parte."

Auricchio também lançou o desafio para que seus adversários apresentem pacientes com tratamento médico interrompido por falta de remédios. "Não tem nenhum. Se não tem remédio no posto A, tem no B. Se eu quiser eu também arrumo amigos para falar mal do governo, ficar na picuinha e politizar."




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