A Livraria e Editora Alpharrabio, em Santo André, recebeu a ilustre visita do premiado escritor Frei Betto. O humanista nascido em Belo Horizonte veio para a cidade a fim de lançar o seu livro "Minas do Ouro" (Rocco, 272 páginas, R$ 29 em média). Na região, ele aproveitou para expor seus diversos títulos - são mais de 50 - e discutir o novo com o público.

A obra atravessa cinco séculos da história mineira e mergulha na saga das gerações da família Arienim - um anagrama - que, por conta da busca por metais precisos em território brasileiro, é marcada por aventuras e desgraças. A história corre em volta de misterioso mapa repassado por gerações.

O romance é enriquecido por episódios como a Guerra dos Emoabas e o Triunfo Eucarístico, personagens como Aleijadinho e Tiradentes, e lugares como a mina do Morro Velho. "Quando eu era criança, mulheres de mineiros trabalhavam em casa e contavam histórias da mina", descreve o escritor. Segundo Frei Betto, a mina foi no século 19 a mais profunda e produtiva de ouro do mundo. 

A ideia de escrever o romance surgiu ainda em meados de 1980. Fruto de pesquisa minuciosa, "Minas do Ouro" levou 13 anos para ver a luz do dia. "Eu li cerca de 120 livros, entre história do Brasil e de Minas Gerais. Não tive pressa. Tinha certeza de que o livro sairia. Esse foi o trabalho literário mais requintado que já fiz", afirma o autor. 

O maior desafio da empreitada, segundo o escritor, foi deixar a história - literalmente falando - como pano de fundo e contar a saga de uma família. Frei Betto enaltece ainda a linguagem usada na obra. "Dei a cada capítulo uma linguagem. No início é mais barroca e no fim, mais jornalística", conta.

Para Dalila Teles Veras, organizadora do evento, é uma honra receber o escritor. "Completaremos 20 anos de livraria em fevereiro. Trouxemos grandes nomes das artes e do pensamento brasileiro. Ele é um grande escritor e humanista, e isso só engrandece a história da Alpharrabio", afirma a proprietária do espaço. De acordo com a também escritora, é importante que a região se reconheça em pessoas como Frei Betto.