Em debate de segundo turno, atual prefeito questiona a pouca
experiência do adversário, que critica continuísmo em Diadema
Candidatos à Prefeitura de Diadema, Mário Reali (PT) e Lauro Michels (PV) abusaram da troca de farpas no debate de segundo turno promovido pelo Diário ontem, na sede do jornal. O petista criticou a falta de experiência administrativa do verde, que, por sua vez, atacou a continuidade de 30 anos de governos do mesmo grupo político na cidade.
Logo no início, Reali demonstrou que queria discutir os currículos. Se apresentou como ex-deputado estadual por dois mandatos, ocupante de secretarias nas gestões de Diadema e presidente da Saned (Companhia de Saneamento Básico de Diadema) na década de 1990. A cada possibilidade de pergunta a Michels, questionava o verde sobre projetos relevantes feitos por ele como vereador de dois mandatos. O petista solicitou feitos do oposicionista nas áreas de Segurança e combate às drogas. "Só vi concessão de medalhas e datas comemorativas", ironizou o prefeito.
Michels disse que, como vereador, tinha atuação limitada junto ao Executivo. E contra-atacou com o discurso utilizado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para impulsionar Fernando Haddad (PT) como prefeito de São Paulo. "Engraçado que, para eles, em São Paulo vale o novo com o Haddad. E em Diadema, não", avaliou o oposicionista, que se comparou a Lula na falta de experiência administrativa. "Antes de ser presidente, o Lula também só tinha sido deputado constituinte. O candidato (Reali) desqualifica a Câmara Municipal quando faz esse tipo de relação."
O verde classificou a gestão de Reali como a pior da história da cidade e afirmou que o prefeito pouco anda pelo município e, por isso, não conhecia seus problemas. E, citando dívida total de R$ 1,1 bilhão da Prefeitura, criticou duramente os governos de Gilson Menezes (PSB), atual vice do candidato à reeleição.
"Infelizmente, há pessoas que precisam receber precatórios e, morrendo na fila, não estão sendo atendidas. Aqui está na plateia o senhor Gilson Menezes, o grande propulsor dos precatórios em Diadema, falindo a cidade com precatórios e deixando essa bomba para o próximo prefeito assumir", afirmou. Como espectador, Gilson chamou o verde de "mentiroso" e "sem vergonha".
Reali defendeu seu vice, dizendo que advogados que trabalham na campanha de Michels ou pessoas próximas ao rival compraram precatórios antigos de famílias que ajudaram a fundar o município. "Eram pessoas que tiveram sua desapropriação há 20 ou 30 anos e não sabiam o valor. Trocou por valor irrisório e hoje os precatórios são de R$ 10 milhões, R$ 15 milhões, R$ 20 milhões. Advogados que estão nesta sala, inclusive, ganharam muito dinheiro com isso."
Michels resgatou também o caso do contrato com a Transkomby, empresa admitida pelo Paço em 2006 e que, com gasolina paga pela administração diademense, atuava no Zoo Safári, em São Paulo. Lembrou que o petista firmou novo contrato com representantes ligados à Transkomby.
Já Reali voltou a acusar Michels de plágio em seu plano de governo e cobrou postura do rival em temas como a Lei Seca e a municipalização do Ensino Fundamental. "Cada hora fala uma coisa. Parece biruta de aeroporto."
Petista se escora em União e verde exalta Estado
Os candidatos ao Paço de Diadema usaram os governos estadual e federal para se atacarem. O petista defendeu os investimentos da União e utilizou a candidatura de Michels para criticar o Estado.
Reali questionou o verde sobre os investimentos do Palácio dos Bandeirantes a Habitação. "Cadê os empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida? Eu não vejo. Agora, (os prédios da) CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) vejo em todos os cantos da cidade", contra-atacou Michels.
O chefe do Executivo respondeu que há 15 anos o Estado não envia dinheiro destinado para Habitação - a última construção ocorreu na área conhecida como Sanko, no Parque Real. "Se você não vê projetos do Minha Casa, Minha Vida é porque não sai de casa. Vai até a Rua Jacuí (no bairro Campanário), no (bairro) Ana Maria e você verá empreendimentos. Temos 1.800 unidades, sendo 600 em obras", ressaltou Mário Reali.
O prefeiturável do PV, novamente, se utilizou do governo estadual para fomentar suas propostas e recordou da desapropriação das moradias na Vila Mulford, à beira da Rodovia dos Imigrantes. "Vamos concluir obras da Prestes Maia (local onde estão as casas), porque o prefeito não fala que quem intercedeu o contrato foi o vereador Lauro Michels."
Discurso pertinente durante toda campanha petista, a falta de investimentos na Segurança voltou a ser usada por Reali para atacar o adversário, que foi filiado ao PSDB, mesmo partido do governador Geraldo Alckmin até o ano passado. O prefeito cobrou aumento do efetivo da Polícia Militar e do número de viaturas na cidade. "Durante os oito anos como vereador só fez datas comemorativas e condecorações. Nunca conseguiu aumento do efetivo ou de viaturas. O vereador que era da chapa do governador", destacou o chefe do Executivo.
Michels destacou que o PV integra a base de sustentação da presidente Dilma Rousseff (PT) e do governador, apoio no qual a cidade "ganhará muito". O verde ressaltou que o diálogo com Alckmin se faz necessário e acusou a Prefeitura de perder empreendimentos do transporte. "O corredor Diadema-Brooklin foi feito pelo governo do Estado, mas perdemos o Metrô", recordou.
Reali defendeu articulação com outras cidades e condicionou o fato à eleição dos prefeituráveis do PT em São Paulo, Santo André e Mauá. "Vamos ter plano de mobilidade regional. O governador do Estado prometeu R$ 6 bilhões e até agora ficou na palavra."
Integração de ônibus volta a pautar prefeituráveis
A primeira pergunta de Reali para Michels no debate foi sobre o tema mais pautou o processo eleitoral em Diadema: a integração de transporte nos terminais Diadema e Piraporinha da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos). O governo do Estado decidiu não renovar o benefício de mais de 20 anos. O caso está em análise no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
O petista perguntou para adversário de quem era o terminal rodoviário diademense e criticou o governador Geraldo Alckmin (PSDB). "Ele, que apoia o Lauro, colocou catraca impedindo o povo de entrar no terminal e o vereador nada fez", disparou.
O prefeiturável do PV defendeu que a Prefeitura pague metade do valor adicional pela integração - proposta feita pelo governo do Estado ao prefeito, que não aceitou. "Temos de bancar a integração do povo de Diadema. O governo do Estado ofereceu R$ 1 de subsidio ao município, sendo que o município pagasse o outro R$1. Nós estamos aqui para arcar com isso."
Reali questionou de quais setores o adversário tiraria recurso para subsidiar a passagem. Estima-se que 40 mil pessoas usem o sistema diariamente. "Ou ele vai aumentar o imposto ou ele vai tirar o dinheiro da creche e da unidade de Saúde. Vai transferir nosso recurso para governo do Estado", avaliou.
Michels respondeu que a verba viria do "corte de 35% dos cargos em comissão no primeiro dia do nosso governo". "A Prefeitura está inchada, massificada em cargos que são cabide de emprego", considerou.
A gratuidade na integração era garantida desde 1991 por meio de convênio celebrado entre a EMTU e a Prefeitura. A passagem do trólebus custa R$ 3,10, enquanto a passagem de ônibus municipal é de R$ 2,80.
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