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Professores encaram
o desafio de educar

Avanço da tecnologia e mudança de perfil dos alunos exige
adaptação do educador; Dia do Professor é comemorado hoje

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
15/10/2012 | 07:00
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Comemorado há 49 anos, o Dia do Professor é oportunidade tanto de a sociedade se voltar à figura dos cerca de 13 mil educadores da região para prestar-lhes homenagem, quanto discutir as mudanças da profissão ao longo dos anos. Antes respeitada como mestre e autoridade dentro do ambiente escolar, a figura do pedagogo precisou se adaptar à nova realidade do aluno e, por vezes, encarar desafios na tentativa de garantir o aprendizado de qualidade.

O espírito educador sempre esteve presente na vida do professor primário aposentado Demóstenes Gil da Silva, 98 anos. Para ele, o estudante deve vivenciar a comunidade escolar. "Minha escola é levar a criança a pensar com sabedoria, sentir com amor, fazer com arte, dizer com ternura e contemplar com a alma", revela o apaixonado por filosofia.

Nascido na Bahia, Demóstenes veio para São Paulo aos 14 anos para trabalhar na construção da estrada de ferro em Bauru. "É o destino de todo nordestino", explica. Conseguiu emprego na Editora Nacional e, graças ao escritor Monteiro Lobato, seu chefe na época, formou-se na Escola Normal Paulista Caetano de Campos em 1932.

"No tempo em que eu lecionava, os alunos entendiam que ir para a escola era um privilégio", diz o educador. Na sua visão, é preciso mudar a filosofia da família, que hoje está falida. "As crianças vão à escola como se estivessem indo ao shopping", compara. Segundo Demóstenes, se antes existia a época da palmatória e do medo, atualmente vivenciamos o período da liberdade sem responsabilidade.

O professor é casado há 57 anos com uma de suas alunas, a também baiana Iraci Ramos de Oliveira, 82. Foi ela, inclusive, quem revelou que o personagem, morador de Ribeirão Pires desde 1972, gosta de aumentar a idade para 101 anos. Tanto amor pela educação inspirou os cinco filhos a seguirem a mesma profissão.

CRISE

A educadora de História da Escola Municipal Alcina Dantas Feijão, em São Caetano, Adriana Martins Cristianini, 36, também considera que a sociedade está em crise. "As pessoas valorizam demais o dinheiro e é função da escola romper com esse individualismo". E foi esse desejo de contribuir para uma educação mais humana que fez com que ela tivesse coragem de abandonar a profissão de estilista, ramo em que trabalhava há 10 anos, para descobrir o novo.

Ao optar pela educação pública e por lecionar para jovens com idade entre 14 e 18 anos, Adriana percebeu que tinha tarefa difícil pela frente. "Os próprios alunos me questionam se sou louca por ter abandonado a moda, mas não tem um dia em que me arrependa", garante.

Em seu dia a dia, a educadora aposta na tentativa de despertar a vontade de aprender no aluno. Para isso, mescla conteúdos teóricos e, segundo ela, necessários, com atividades mais dinâmicas e atuais, como confecção de blogs.

Para docentes, é preciso gostar do que se faz

Enquanto uns acreditam que o espírito educador está no sangue e, por isso, afeta gerações, outros optam pela atividade no decorrer da trajetória profissional. Em ambos os casos está presente a certeza de que a tarefa exige dedicação e amor pelo que se faz.

A professora de Matemática da Escola Municipal Mario Santalucia, em Diadema, Vânia Maria Ferreira Maia, só seguiu seu destino e ingressou na faculdade de Pedagogia aos 38 anos, depois de ter se casado e ser mãe de dois filhos. A moradora de Santo André garante que o dom de lecionar está no sangue, tendo em vista a existência de vários professores em sua família.

Na tentativa de buscar o novo, Vânia é uma das que faz parte do projeto Rali Matemático, coordenado pela professora Ana Paula Jahn, da Unesp, na rede de Diadema.

O projeto tem objetivo de implementar a resolução de problemas matemáticos nas séries iniciais de ensino. A também professora de Matemática da Escola Municipal Mario Santalucia, Alessandra Januário da Silva, 30, acredita que essa é nova maneira de abordar problemas e suas diversas formas de resolução.

Alessandra é a típica educadora que sempre quis ensinar. Para alcançar seu objetivo foi preciso superar a vontade do pai de que ela cursasse Arquitetura. "Minha irmã fez Engenharia, mas não pude ceder. Sou completamente apaixonada pelo que faço."

Apesar da satisfação com o trabalho, a falta de respeito de parte dos alunos faz com que a docente não tenha pretensão de trabalhar com segundo ciclo do Ensino Fundamental e com o Ensino Médio.




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