O Centro de Diadema passou a ser referência quando o assunto é arte marcial associada ao trabalho social voluntário. Isso porque o que começou com treinos de jiu-jitsu entre amigos na garagem da casa do bacharel em direito Lucas Batistela, 27 anos, ganhou dimensão maior e, há cerca de um ano, atende aproximadamente 90 crianças e jovens carentes da cidade.

“Há dois anos, comecei a treinar em casa com uns amigos e, aos poucos, atraímos mais gente até que tivemos de solicitar espaço público para continuar os atendimentos. Felizmente contamos com o apoio da Prefeitura e conseguimos expandir”, diz o idealizador do projeto, hoje denominado Jiu House.

Atualmente, as aulas gratuitas ocorrem às segundas, quartas e sextas-feiras, entre 20h e 22h, no Recad (Rede de Atenção à Criança e Adolescente de Diadema). Podem participar crianças a partir de 5 anos. “Recebemos a meninada de todas as regiões de Diadema e também das áreas de divisa com a Capital”, destaca Batistela.

O crescimento do trabalho, que já conta com três professores de Educação Física e conhecedores da arte do voluntariado, também agregou a parceria de fisioterapeuta, nutricionista e pedagogo. “Aqui eles cobram que a gente vá bem na escola e tenha disciplina”, garante a aluna Marina Amaral, 14. A moradora do Jardim Miriam, na Capital, enfrenta caminhada de meia hora até o local das aulas ao lado dos colegas. “A gente vai conversando e passa rápido.”

A paixão pelo jiu, como é carinhosamente chamada a arte marcial, faz com que a adolescente cogite carreira profissional. Talento ela mostra ter de sobra. Inclusive faturou medalha de ouro em um dos campeonatos disputados pelo grupo. “Tudo mudou na minha vida. Aprendo muito aqui”, considera Marina.

A oportunidade de que crianças e jovens possam aprender uma arte capaz de ensinar princípios como disciplina e respeito ao próximo mobiliza um dos professores voluntários de jiu-jitsu do projeto Cristiano Ferreira Claudino, 37. “Se eu tivesse recebido essa chance quando criança, talvez não teria feito tantas coisas erradas na vida”, revela. Segundo ele, o intuito não é formar campeões, mas sim ajudá-los a encontrar um caminho na vida.

O treino das crianças desenvolve aspectos como queda e mobilização do adversário. Já os mais velhos começam a aprender a aplicação de golpes como as famosas chaves de braço e de perna. No entanto, o que os alunos gostam mesmo é do ‘rola’, nome dado à luta, destaca o jovem Lucas Soares, 15. “A gente aprende a não brigar na rua, respeitar pai e mãe e ter a cabeça no lugar”, ressalta o morador do bairro Nova Conquista, na região periférica da cidade.

O jiu-jitsu ganhou destaque nos últimos anos com o avanço do MMA (Artes Marciais Mistas) por meio do UFC (Ultimate Fighting Championship), no entanto, ainda é um esporte de combate caro. “Um quimono custa em torno de R$ 300, por exemplo. Então, recebemos algumas doações e emprestamos para as crianças”, destaca Batistela.

Avó do bairro ensina lição de felicidade

Dona Izabel Ianes Américo, 90 anos, é do tipo de pessoa que exala felicidade. Moradora do Centro de Diadema há 50 anos, a simpática senhora é considerada a avó do bairro, querida e cuidada por todos. “Quando cheguei aqui, só tinha mato e barro. Aos poucos foram vindo os vizinhos e o bairro cresceu”, lembra a diarista aposentada.

Diadema foi a escolha para quem precisava de lugar com custo de vida mais barato para criar sete filhos sozinha, revela dona Izabel, que saiu de Avanhandava, no interior do Estado, passou por Jaú e Penápolis, antes de chegar ao Grande ABC. Apesar de não saber ler nem escrever, garante que nunca foi passada para trás quando o assunto é dinheiro.

A fama de vizinha prestativa começou porque dona Izabel tinha um poço artesiano em seu quintal. “O pessoal vinha buscar água aqui, fiquei conhecendo todo mundo”, comenta. Além disso, o hábito de estar sempre animada, frequentar as festas e até mesmo brincar na rua com a criançada contribuiu para a coleção de fãs aumentar ao longo dos anos.

E o fã-clube é grande, formado pelos seis filhos vivos, além de 15 netos, 14 bisnetos e três tataranetos. “Até já perdi a conta”, brinca a torcedora apaixonada pelo Corinthians e que não perde nenhum jogo do Mundial de Clubes, com direito a palavrões, confessa.

O segredo da longevidade, segundo dona Izabel, é manter a alegria. “Não gosto de briga, mas também não levo desaforo para casa”, ressalta. Religiosa, ela já não consegue mais frequentar missas devido às dores na coluna, por isso, assiste pela televisão.

Na alimentação, uma curiosidade. Além do tradicional arroz e feijão, não pode faltar verdura e legumes no cardápio de dona Izabel. O preparo dos alimentos leva sempre banha, essencial para realçar o sabor. E até bem pouco tempo atrás, as duas principais refeições do dia eram antecedidas por um copinho de cachaça.

Entre os arrependimentos da vida, ela destaca o fato de não ter comprado uma moto para “sair por aí”. Já no patamar dos sonhos, dona Izabel acredita que ainda dá tempo de pular de paraquedas qualquer dia desses.

Bar exalta tradição de reunir amigos

Um projeto para reunir amigos e exaltar a cultura familiar em torno do rock and roll. Foi assim que nasceu o bar Old Friends, há dois anos, localizado na Avenida Nossa Senhora das Vitórias, 359.

A proposta deu tão certo que o ambiente descontraído e decorado com o tema característico dos motoclubes atrai clientes de toda a região e também da Capital. “Essa paixão pelo motociclismo começou com meu avô, passou para o meu pai, que faz parte de motoclube há mais de 20 anos, e para meu irmão e eu”, destaca a administradora do estabelecimento, Carolina Groba, 35 anos.

No início, o local funcionava como lava motos e ponto de encontro dos amigos do seu João Luiz, 60.

Com o tempo, houve necessidade de ampliar o espaço e os serviços oferecidos. Hoje, há lava carros, música ao vivo aos fins de semana e noites temáticas.

FESTA

Pelo segundo ano será realizada no bar festa beneficente em prol de duas casas-abrigo para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade do município: Raio de Luz e Mãos Pequenas.

João Luiz é o organizador do evento, marcado para o dia 19 de outubro na própria Avenida Nossa Senhora das Vitórias e denominado Festa dos Amigos. “Meu pai compra espetinhos para o churrasco e as bebidas e doa para as entidades revenderem”, explica Carolina.

Toda a arrecadação é dividida por igual e doada às duas casas-abrigo.