Queda na distribuição de hortifrúti compromete a alimentação
de necessitados; Prefeitura tenta ajuda para evitar escassez
Famílias carentes de Santo André, que dependem dos mantimentos doados pelo Banco de Alimentos da cidade, começam a sentir os efeitos da queda na distribuição, ocorrida na semana passada. Cerca de 180 entidades são beneficiadas pelos produtos.
As doações de hortifrúti, como frutas, legumes e verduras, foram suspensas depois que a Prefeitura optou por não renovar convênio com o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), vinculado ao MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome). Enquanto isso, o município tenta ajuda de parceiros e empresas colaboradoras para evitar a escassez desses produtos. Desde 2009, os cofres municipais receberam R$ 1,6 milhão da União para compras.
Na casa de Andreia Prado, 35 anos, que mora no Parque Miami, as gavetas de armários e a geladeira não são mais ocupadas por mexericas, bananas e batatas em fartura. Algumas cebolas e pimentões são as sobras das últimas doações. Ela trabalha desde novembro na Casa do Jardim, entidade assistencial do bairro Campestre que atende 80 crianças entre 4 e 16 anos. As filhas gêmeas de 9 anos frequentam a instituição três vezes por semana e traziam, em média, cinco quilos de hortifrúti por dia. "O problema é que as crianças se acostumaram e agora pedem. Do que veio na semana passada não sobrou nada."
Na casa ao lado, a dona de casa Silvana Vicente de Lima, 30, vive a mesma situação. As doações mantinham cheia a despensa da família composta pelo marido e as duas filhas, de 3 e 9 anos. As duas mães não sabem como irão repor os donativos.
Com o estoque esvaziado, em vez de sacolas de alimentos, a entidade decidiu distribuir às crianças kits com material escolar, como lápis de cor e cadernos. "A molecada está cobrando, mas se contarmos a realidade ficarão muito preocupados. É uma forma de entreter", conta Katia Carvalho, fundadora da Casa do Jardim.
A presidente da Feasa (Federação das Entidades Assistenciais de Santo André) endossa o pedido das instituições para reativação do convênio o quanto antes. "O que nos preocupa é a súbita suspensão. Foi uma parceria muito boa. Melhorou substancialmente a alimentação dos beneficiados. Queremos informações seguras para direcionarmos as entidades no que terão de fazer", explica Regina Caldas, que coordena a Casa de Lucas, situada no Jardim do Sol. As últimas doações devem durar até a semana que vem. Outras entidades que passam pela mesma situação preferiram não se identificar por temer o fim do benefício.
Na segunda-feira, segundo Regina, haverá reunião entre representantes do Fundo Social de Solidariedade e as entidades cadastradas na Feasa. O encontro servirá para esclarecer dúvidas sobre a regularização do abastecimento.
Embora as entidades relatem preocupação com a queda nas doações, a Prefeitura voltou a afirmar que nenhuma das entidades sofrerá com desabastecimento. Quarta-feira, segundo a administração, 3,3 toneladas de gêneros de hortifrúti foram recebidas pelo Banco de Alimentos, sendo que uma tonelada e meia já teria sido distribuída.
INVESTIMENTO
Ontem o governo federal assinou acordo para transferência de R$ 2,6 bilhões do MDS à Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para operacionalização, até 2015, do Programa de Aquisição de Alimentos. Com o investimento, a União vai adquirir 1,3 milhão de toneladas de alimentos de 130 mil famílias de pequenos agricultores, que serão distribuídos às pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional de todo País. A Prefeitura não explicou por que não renovou o convênio.
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